A alegria de ser uma família Cristã
- pelegrincecilia
- 22 de nov. de 2021
- 6 min de leitura
Autoras: Cecília Pellegrini, Andréa Ferraz, Vanessa Bianchi e Márcia Ferrucci
- Querido(a) leitor(a), eu tenho uma história pra contar pra vocês, só que não é cópia das páginas da vida não, tá. Bem, moro aqui nessa casa e ao lado esquerdo e ao direito da minha casa moram duas famílias também. É a família do Sr. Eduardo e do Sr. Jorge. São famílias muito, mas muito interessantes e aí vocês sabem né, você observa tanto que... gente não encarem como fofoca não, mas eu presenciava tanta coisa... Será que eu conto? Acho que não. Mas, se eu não contar a história não vai andar. Vocês prometem que não vão encarar como fofoca? Ainda bem porque na realidade eu acabei aprendendo muito com essas duas famílias que certamente eu não esquecerei jamais!
Vejam bem, uma era bem diferente da outra. E foi essa grande diferença que me fez enxergar a importância de vivermos conforme os ensinamentos de Deus. Viram por que eu estava preocupada com o fato de vocês me acharem fofoqueira? Deus com fofoca não combina nada.
Mas vamos continuar... Eu vou voltar um pouquinho no tempo pra contar pra vocês a história dessas duas famílias. Era um domingo muito chuvoso e eu estava aqui, na varanda da minha casa. Quando chove, eu adoro vir para a varanda: vejo as gotas nas árvores, o reflexo com a água e a luz. Aí vocês sabem, né, eu saio, olho a chuva e não posso fechar o olho quando passa alguém, né. Então, estava eu na varanda quando a Família do Sr. Eduardo chegou de carro. Estava ele, a esposa Marta e os filhos Cristina e Mateus. Eles logo passaram pela frente da minha casa antes de entrar. Aí eu confesso, vi e ouvi o maior barraco.
O Sr. Eduardo estava com uma cerveja de latinha na mão e falou: - Que, ir na missa o quê Marta! Sê tá doida é! Eu tenho mais o que fazer! E olha esse tempo. Se eu conheço esse povinho de Deus, não deve ter uma alma dentro daquela igreja com essa chuva toda! Não mesmo, eu vou é assistir meu joguinho do São Paulo [dá uma paradinha e olha para os espectadores com aquela cara de sabichão], tomar minha cervejinha e boa. E tem outra Marta, cerveja sem salgadinho, nem pensar. Você não jurou lá, dentro dessa mesma igreja que estaria comigo em tudo o que der e vier? Pois bem, agora veio o timão, o meu querido São Paulo, a cerveja e os salgadinhos que você precisa fritar para mim.
A esposa Marta falou brava: - Mas Eduardo, eu não vou trocar a missa por... fritar salgadinho. Me poupe Eduardo, me poupe. E tem mais, hoje é domingo, pelo menos um dia na semana é importante a gente ensinar as crianças a agradecer, a falar com Deus.Você pode não querer ir, mas eu irei com nossos filhos.
O Sr. Eduardo resmungou e de vez em quando gargalhava: - Olha só a petulância... Na hora de jurar que vai cuidar de mim, aí você jurou né. Agora me troca assim, na maior. Que falar com Deus o quê! Aliás, eu falo com Deus sim, ou melhor, eu falo direto com o Santo que guarda o céu: - aí São Paulo, é hoje que a gente manda vê no Inter... hahaha... E tem mais, eu não vou deixar de comer os salgadinhos deliciosos que você faz e ser obrigado a consumir essas porcarias compradas prontas.
Marta tentou argumentar: - Mas Eduardo...
E o marido gritou: - Marta, você não vai e tá acabado.
A filha Cristina entrou na conversa: - Tô contigo e não abro, paizão. Ai mãe, eu também não tô nem aí pra ir nessa missa. Não tem nenhum gato sarado lá... Além do mais, hum, eu não escuto sermão nem de você! Você acha que eu vou lá pra ficar escutando sermão de padre?! Tá me estranhando é?!
Enquanto falava nem olhava pra cara da mãe. Ficou passando batom e se olhando num espelhinho de mão.
A dona Marta olhou para os lados preocupada que alguém pudesse ter ouvido a filha falar daquele jeito. Falou com a filha preocupada, tentando abraçá-la: - Psiu, alguém pode ouvir. O que os vizinhos não vão pensar? Filha, olha como você fala! Não diga isso, menina. As mensagens que o padre sempre passa são muito importantes para nos ajudar a tomar o caminho certo na vida!
Mas a filha rebelde retrucou: - Você faz um drama, heim... Quanto bla,bla,bla. Me esquece.
Depois foi a vez do filho Mateus intervir: - Ah, que é isso mãe! Só você mesmo pra escutar aquelas bobagens. É o padre que fica com lero-lero: - Não beba, não fume, tenha uma vida saudável... quanta tolice. Se acha que beber um pouquinho faz mal é! Eu não dô pra ser santo não, viu. Bom, vamo nessa que eu tô atrasado pra baladinha que vai rolá na casa do Gustavão. Fui.
Os filhos e o pai foram andando na frente enquanto a mãe ficou pra trás e parou na frente da varanda da minha casa e descobriu que eu estava lá ainda com o guarda-chuva olhando pra ela.
A dona Marta me acenou e conversou comigo, toda sem graça: - O-olá! Bom dia, tudo bem?
E foi andando atrás da família dela.
Coitada e ainda me diz: - Bom dia! É, pois é. Família complicada, né! Não vou falar mais nada, senão já viu... pode parecer o quê? Fo-fo-ca. Mas nesse mesmo dia eu conheci a família do Seu Jorge.
Ele, a filha Amanda e a esposa Marina passaram aqui em frente da minha varanda. O pai estava abraçado a filha enquanto andava: - E aí filhona, você conseguiu um personagem no teatrinho na igreja hoje?
Amanda respondeu: - Ah, é uma pena pai, mas o pessoal não precisou. Mas eles falaram que na próxima semana vão precisar da minha ajuda. Vai ser super legal.
A dona Marina entrou na conversa: - Que ótimo Amanda. Ah, veja que dia vocês vão marcar o ensaio heim, porque não podemos perder o dia do Encontro das Famílias, não é bem?! Eles estão preparando um tema muito interessante e acho bom você também ouvir filha, afinal um dia você também vai ter a sua família e vai precisar dessas dicas.
A mãe falou em tom de brincadeira e abraçou a Amanda também.
O marido falou: - Então vamos logo que já estamos atrasados para o aniversário.
De repente dona Marina olhou para a minha varanda e me apontou: - Olha a nossa vizinha. Esperem aí! Oi, Clara, tudo bem?
- Oi, dona Marina, tudo bem. Tá toda chique, heim.
- É, estamos indo na casa dos meus pais. Acredita que eles estão fazendo aniversário de casamento? Bodas de ouro.
- Que bela união. Dê os parabéns a eles por mim.
- Darei sim, obrigada. Tchau.
A família se despediu de mim e foram embora, abraçados e felizes.
Eu fiquei ali olhando aquela bela união. Tá vendo! Isso é que é família unida! Repararam a grande diferença entre elas? Eu comecei a observar o comportamento destas duas famílias. Acompanhem comigo os acontecimentos!
Certo dia o Mateus passou pela frente da minha casa com uma garrafa de cachaça nas mãos e meio cambaleante. A mãe veio em sua direção e ele escondeu a garrafa de cachaça nas costas enquanto passou pela mãe.
Preocupada, a dona Marta perguntou: - Filho, onde você estava? Desde ontem a noite que você saiu e nem voltou pra casa. Você nem me avisou onde estava.
Dando risada, o filho respondeu: - Ah, mãe se liga vai... vai cuida da sua vida que eu cuido da minha.
Depois ele foi embora bebendo da garrafa e a mãe ficou ali, imóvel, sem saber o que fazer.
Num outro dia, a filha Cristina apareceu muito nervosa e foi andando pela calçada dizendo: - Você é que pensa que vai estragar a minha vida.
Eu fiquei preocupada e perguntei: - Nossa Cris o que aconteceu?
Ela pôs a mãe na barriga e olhou com raiva, amassou um papel e jogou no chão, Depois saiu correndo e foi embora.
Eu peguei o papel... era o resultado de exame de gravidez e deu positivo.
Teve um dia também em que o senhor Eduardo veio caminhando de um lado como se estivesse muito bravo e Marta veio atrás dele correndo. Ela puxa o braço dele e disse: - Eu vi você abraçado com aquela mulher de novo! O que você me diz disso? Heim? Vai falar que era amiga de novo?
Com o dedo em riste na cara da esposa, ele gritou: - Não, Marta. Eu vou falar a verdade! Quer saber? Tô pouco me lixando pra você. Eu tô te traindo sim! E daí, vai fazer o quê? Você tem coragem de me largar? Sou eu que pago as contas aqui. Me larga pra você ver!
Depois ele foi embora pelo lado oposto enquanto a esposa começou a chorar e saiu também.
Eu fiquei ali vendo a cena, com as mãos nos lábios chocada.
Agora, a família do Sr. Jorge passou e me cumprimentou: - Oi, Clara!
Eu perguntei: - Hoje tem outra festança?
O pai respondeu: - Melhor que isso, estamos indo para o encerramento da Semana da Família, vai ter até teatro.
Dona Marina, me convidou: - Quer ir?
– Hoje não dá porque o meu marido ainda não chegou. Expliquei educadamente.
Eles se despediram: - Então tá. Tchau!
- É isso aí caro(a) leitor(a), você acompanhou um pouco do que eu via da minha varanda. Dinâmica familiar tão diferente, muito para se pensar. Para encerrar, deixo a pergunta no ar: Como está o relacionamento na nossa família?
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