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A mentira tem patas curtas

Lc 17,5-10

Autoras: Cecília Pellegrini e Padre Magalhães


Logo cedo, dona Jaque arrumou a lancheira da filha: - Jaca, minha filha, anda logo.

A filha entra na sala bocejando: - Ara mãe, eu não quero ir para a escola hoje.

- Nada disso, faltar da escola só quando você estiver doente. Avisou dona Jaque.

Jaca começou a gemer: - Ai, ai, ai, minha barriga está doendo. Ai, ai, ai...

Cismada, a mãe perguntou: - Mas que coincidência, começou a doer assim, de repente?

- Veja, veja mamãe, to ficando verde de tanta dor.

- Mas você já é verde, Jaca.

- Ai, ai, mas é um verde escuro, de bolinhas vermelhas. Mãe, eu ouvi na TV que tá tendo um surto de jacapora. É jacapora, é jacapora.

A mãe pegou uma enorme seringa e falou: - Nesse caso filha, é melhor te dar uma vacina tríplice.

Num passe de mágica a filha revelou: - Num é que sumiu tudo! Até a dor de barriga.

- Filha, quantas vezes eu preciso lhe dizer que não se deve mentir.

- Mentir eu? Tá, tá, foi só um pouquinho.

- Filha, lembra da historinha do Jaquinóquio?

Nervosa a Jaca afirmou: - Lembro, lembro. Meu focinho cresceu mamãe?

- Não, mas nós, os jacarés, vivemos em média 50 anos. Se você viver a sua vida falando mentiras, logo, logo, ninguém mais vai acreditar em você.

- Mãe, mas você é tão exagerada! Ninguém mais vai acreditar em mim? Essa é boa!

- Acredite no que estou dizendo Jaca. Precisamos viver de tal modo que as pessoas acreditem em nós. Por isso, não se deve mentir. Deve-se falar sempre a verdade.

Depois começou a pentear a filha: - Agora você vai ficar bem arrumada, lancheira cheia de comida nutritiva e está prontinha para estudar muuuuuito.

Dona Jaque mostrou o delicioso peixe dentro da lancheira e beijou a filha - Tchau querida.

- Tchau mãe! Ela saiu de casa e foi andando bem devagar e olhava para a mãe e gritava: - Tchau mãe, pode entrar em casa.

Dona Jaque deu o último adeus e entrou dentro de sua casa: - Tchau filhinha.

A dana da filha, quando percebeu que a mãe não a estava vendo mais começou a diminuir o comprimento da saia, depois passou baton: - Mais quem disse que eu vou para a escola? Eu vou é me encontrar com uma galera maneira.

Ela se encontrou com o Jeca e a Jica: E aí Jaca!

- Jeca, Jica, fala sério, vocês demoraram, heim?

- Conseguiu enrolar a sua mãe? O Jeca perguntou zombando.

- Mas é claro né, mãe acredita em tudo. Ela até encheu a minha lancheira. Vejam só que peixão.

Jica lambeu os lábios: - Uau, um peixão. Podemos vender e comprar tudo em bala, pirulito, chiclete.

A Jaca lembrou: - Mas minha mãe diz que isso não tem vitamina. Que não podemos ficar comendo muito essas coisas e também estraga os dentes.

Jeca retrucou: - Mas como você é careta meu, sem essa de porcaria. Essas coisas agradam o estômago de qualquer filhote de jacaré.

- É Jaca, o Jeca tá certo. Todos gostam de pirulito, bala, chicletes, guloseimas. Então vamos nos esbaldar, quero me entupir de porcarias.

Eles caminharam um pouco e logo encontraram o senhor Juca gritando: - Olha o pirulito, enrolado no palito. Quem vai querer?

O Jeca se antecipou: - E aí seu Juca, quantas balas, pirulitos e chicletes dão pra trocar por esse peixão aqui, ó?

Jaca explicou: - A mamãe disse que é um salmão legítimo das águas profundas do oceano Atlântico.

O vendedor disse: - Ah, se a dona Jaque disse eu acredito. Ela sabe que você está fora da escola Jaca?

- Claro né! Afirmou a danadinha mentirosa.

O vendedor ainda orientou: - Mas, porque vocês não comem o peixe, ele tem vitaminas e essas coisas que eu vendo só tem açúcar.

Jica falou brava: - Ora, ora seu Juca, o senhor quer trocar ou não?

Ele respondeu: - Mas é claro que eu quero. Não sou bobo nem nada. Meu almoço está garantido.

Depois deu um saco enorme cheio de guloseimas, pegou o peixe e saiu gritando: - Olha o pirulito, enrolado no palito...

A galera ficou entusiasmada e a Jaca avisou: - Hum estou com uma fome. Vamos comer tudinho.

Os três comeram fartamente e Jaca falou de boca cheia: - Ta bom demais!

Jica pediu: - Calma, calma, eu também quero.

De repente a Jaca começou a ficar com dor de barriga: - Ai, ai, ai, minha barriga, minha barriga está doendo muuuuuito.

O Jeca nem ligou e disse: - Poxa, acabou todo o doce. Ei Jica vamos a casa daquela jacarezinha que conhecemos ontem?

A Jaca continuava a reclamar: - Eu estou com enjoo. Tá revirando tudo aqui dentro do meu estômago.

Jica gritou: - Vamos dar o fora Jeca, antes que a Jaca vomite na gente.

Jeca concordou: - Foi bom enquanto durou. Tchauzinho Jaca.

Chorando muito, a Jaca falou revoltada: - Ei, seus jacarezinhos da onça... Voltem aqui. Me ajudem... Ai, ai.

E foi andando e chamando: - Mãe, Mãezinha...

Dona Jaque de longe ouviu o chamado da filha e veio correndo: - O que foi filhinha? Você está branca!

- Ai, ai, ai, minha barriga está doendo muito.

- Ora, ora, será que o peixe que coloquei na lancheira estragou?

- Não mãezinha, eu é que estraguei todo o meu dia.

- Como assim?

A filha falou com vergonha, com dor e bem rápido: - Eu menti para a senhora, não fui à escola, troquei o peixe por um montão de porcarias, passei a tarde toda com aqueles dois jacarés, o Jeca e a Jica, que a senhora vive dizendo que eles são mentirosos, falsos, enganadores...

A mãe disse: - Primeiro tome esse remedinho que vai sarar logo.

- Obrigada mamãe.

- Mas Jaca, que tristeza minha filha. Quanta coisa errada você fez hoje. Se a mamãe fala, ensina é para o seu bem. O Jeca e a Jica pararam de estudar, ficam pelas ruas enganando as pessoas, mentem para todo mundo. Eles não são boas companhias porque não dão exemplos bons com as atitudes deles, entendeu?

- Sabe mamãe, você falava, falava e eu achava que você era careta e agora eu sei que você fala porque me ama.

- Lembre-se minha filha que a mentira tem pernas curtas.

- Mãe, a minha pata é curta, quer dizer que eu sou uma mentira?

- Não filha, mas se você escolher o caminho da enganação você irá afastar as pessoas que realmente te ama e vai conviver com pessoas enganadoras também, entendeu?

- Entendi mamãe e quero viver como você, o papai e a minha professora me ensinam. De agora em diante só vou confiar nas pessoas que merecem confiança.

- Tenha fé, minha filha. Se você agir certo, ficar no caminho do bem só encontrará pessoas boas e verdadeiras.

- Fé, o que quer dizer fé mãe?

- Fé é acreditar!

Jaca refletiu e disse: - Aprendi a lição: De agora em diante só vou acreditar em quem merece confiança.

- Assim é que se fala minha filhota!

- Mas agora mãezinha, você me dá um peixinho bem gostoso para eu comer?

- Essa minha filha... Vamos! Tchau crianças!

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