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A missão de Alegrina

Mc 2,13-17

Autora: Cecília Pellegrini


Cenário: floresta

Personagens: Monstrengo, Monstrinho, Pessoa 1, Pessoa 2, Alegrina e alguns figurantes.

[Música trágica para a entrada do monstro e o seu filho. Trazem uma enorme caixa, cheia de dinheiro.]

MONSTRENGO: - Eu sou um monstro. O terrível, o temível Monstrengo. Amigo do lobo Mau, do Barba Azul, da Bruxa, madrasta da Branca de Neve [risos]. Esse chão é meu e esse filho também é meu. Põe medo na garotada, filhão. Diga que você é mau.

MONSTRINHO: - Eu sou mau [fala com voz normal.]

MONSTRENGO: - O quê? Com esse ar de bonzinho? Endireite o corpo, emposte a voz, acredite: você é mau, muito mau. Vamos, diga: Eu sou mau!

MONSTRINHO: - Eu sou mau [fala com voz grossa.]

MONSTRENGO: - Muito bem, muito bem. Esse é o meu filhão. O terrível monstro, dono desse pedaço de chão. Aqui ninguém passa não, a não ser que me dê muito dinheirão.

PESSOA 1 [entra em cena]: - Senhor Monstro, dono desse pedaço de chão, preciso passar para minha mãe visitar.

MONSTRENGO: - Qual a senha?

PESSOA : - Veja, eu trouxe o dinheiro para a travessia, [entrega o dinheiro ao monstro] mas por favor, não me peça para dizer a senha.

MONSTRENGO: [dá uma gargalhada e depois fala em off com as crianças da plateia]: - Eu adoro provocar esse povo do Reino da Alegria [agora fala indo em direção da Pessoa 1] são tão bonzinhos, amiguinhos... Detesto gente assim [a Pessoa 1 fica com muito medo]. Diga logo a senha. Você sabia que a sua mãe está muito velhinha e já não aguenta fazer a própria comida ?

PESSOA 1: - Eu sei, eu sei. Por isso estou indo visitá-la, para ajudá-la.

MONSTRENGO .[fala com voz grossa]: - Diga a senha. Diga as 3 palavras mais bonitas do mundo. Vai filhão mete medo...

MONSTRINHO: - Diga a senha [fala com a voz grossa].

PESSOA 1: - Tristeza, dor e maldades.

MONSTRENGO: - Mais alto!

PESSOA 1: - Tristeza, dor e maldades.

MONSTRENGO: - Dinheiro na minha caixa, tristeza, dor e maldades na sua caixola [risos]. Pode passar. Eita pedaço de chão pra dá lucrão. Mais dinheiro, mais dinheiro. [Pega um binóculo] - Vem vindo mais gente ...

[ Entra em cena a Pessoa 2 trazendo um bebê (boneca) nos braços.]

MONSTRENGO: - Queres passar?

PESSOA 2: - Quero, quero muito. Minha filhinha está muito doente e disseram que há um médico deste lado da floresta.

MONSTRENGO: - E há mesmo. Um médico que cura tudo e todos.

PESSOA 2: - Senhor Monstrengo e pequeno Monstrinho, me deixe passar, por favor.

MONSTRENGO: - [risos] Eu não disse que nesse Reino da Alegria todos são mesmo uns bobões? [Fala imitando a voz da Pessoa 2] Senhor Monstrengo, pequeno Monstrinho... [engrossa ainda mais sua voz] pare com isso, voz melosa. Diga a senha e passe o dinheiro.

PESSOA 2: - Me entristece muito dizer a senha, mas eu até digo: tristeza, dor e maldades, mas dinheiro...

MONSTRENGO: - Sim, dinheiro, bufunfa, money, real, dólar, euro...

PESSOA 2: - Dinheiro eu não tenho.

MONSTRENGO: - Dinheiro não tem? Meia volta e dane-se o seu neném.

PESSOA 2: - [chora] Mas meu filhinho está muito doente.

MONSTRENGO: - E eu com isso? Vá embora, se manda. Dinheiro não tem, se manda, meu bem [risos e a Pessoa 2 sai chorando].

MONSTRENGO: - Eu sou muito mau! Repita filhão [monstrinho repete. Monstro olha pelo binóculo e vê várias Pessoas vindo ]: - Mas hoje é o meu dia de ganhar muito dinheiro, muito real. Veja só filhão, quanto bobão...

[Entram várias Pessoas com a Pessoa 2. Param logo no início do palco.]

[Entra a Alegrina, filha do rei. Todos acenam para a princesa e esta se encaminha até o monstro. As Pessoas ficarão olhando indignadas para a princesa que vai falar com o monstro.]

MONSTRENGO: - Ora, ora, como estou famoso, até a princesa Alegrina veio implorar para passar pelo meu pedaço de chão. Monstrengo, você realmente é demais!

ALEGRINA: - Bom dia, senhor Monstrengo.

MONSTRENGO: - Um mau dia para você, princesa Alegrina [fala em off com a plateia] Reparem que rostinho meiguinho, amiguinho... Eca...

MONSTRINHO: - Eca...

MONSTRENGO: - Vai passando o dinheirão, pode ser jóias, cartão de crédito, vale transporte e vale refeição. Ah, e diga a senha também. Meu pedaço de chão é muito valioso, entendeu?

ALEGRINA: - Eu sempre ouvi falar do senhor, e eu achava que era invenção do povo, mas agora vejo que é verdade. Quer dizer que o senhor cobra uma taxa para que as Pessoas possam passar por aqui?

TODAS PESSOAS: - Psiu ! Ei Alegrina, venha aqui.

ALEGRINA: - O que foi amigos?

PESSOA 2: - Mas princesa, como você, que é filha do nosso grande Mestre, pode estar aí, falando com esse Monstrengo ?

TODOS: - Ele é ruim.

PESSOA 2: - Ele cobra dinheiro de todos.

ALEGRINA: - Mas é exatamente desse tipo de Pessoas que precisamos nos aproximar. Levar a palavra do nosso Mestre: palavras de amor, de carinho, de perdão.

MONSTRENGO: - Ei, princesa Alegrina, quero dinheiro. Quem tem passa. Quem não tem fica. Meu pedaço de chão vale milhão.

ALEGRINA: - Mas o meu pai sempre diz que nunca viu ninguém dizer meu pedaço de vento, meu pedaço de céu, então não devemos ser donos da terra também. No reino da Alegria todos são felizes porque tudo é de todos. Nós plantamos todos juntos, colhemos todos juntos e repartimos.

MONSTRENGO: - Mas que pai inteligente. Como não pensei nisso antes, eu posso cobrar pelo vento também, pelo céu... Vou ficar trilhardário.

[Tudo o que Alegrina fala, as Pessoas vão se aproximando, demonstrando que também pensam e agem como ela.]

ALEGRINA: - Meu amigo [fala abraçando carinhosamente o monstro], Veja o vento! É o ar em movimento. Ele é de todos. Veja a imensidão do céu. Ele é de todos também [o monstro fica meio tocado com as palavras de Alegrina].

MONSTRENGO: - Sabe que eu nunca tinha pensado nisso! O que você acha filhão? Diga a ela.

MONSTRINHO: - Eu sou mau [com voz grossa.]

ALEGRINA [risos]: - Não amiguinho, você não é mau. Você aprendeu a ser mau. Ser bom é bem melhor, sabia?

MONSTRENGO: - Pera lá Alegrina. O meu tataravô era mau, meu bisavô também, meu avô e meu pai também. Agora eu sou mau e estou ensinando o meu filhão também...

ALEGRINA: - Aí está. Vocês nunca pararam para pensar. Você usa esse montão de dinheiro pra quê?

MONSTRENGO: - Pra nada, eu só junto, junto, junto. Tenho uma montanha de dinheiro.

ALEGRINA: - E porque você não usa o dinheiro ?

MONSTRENGO: - Porque aqui na floresta eu tenho de tudo: uma gruta confortável nas rochas, frutas, mel, água. Tudo, tudo.

ALEGRINA: - Meu pai diz que devemos repartir, ajudar a construir um mundo mais cheio de vida e alegria [o monstrinho abraça a Alegrina e ela abraça os dois.]

MONSTRENGO: - Como abraço é gostoso. Venha cá filhinho [dá um forte abraço no filho e o monstrinho sorri].

MONSTRINHO: - Ah, papai, é tão bom te abraçar também. Sempre via as Pessoas abraçando e beijando seus filhinhos. Eu morria de vontade. Eu sempre quis ser igual a eles. Nunca me senti bem dizendo que eu era mau.

MONSTRENGO: - Oh, filhinho... Vou te contar um segredo: Quando eu era pequeno, também me sentia assim como você, não queria ser mau. Mas, como disse a Alegrina, nunca parei para pensar e repetir o que os outros da minha família faziam era mais fácil. Aí eu fui ficando mau.

ALEGRINA: - E então Sr.Monstrengo e Monstrinho, o importante é saber que nunca é tarde para mudar.

MONSTRINHO:- Meu papai legal...

MONSTRENGO: - Amoleci [fala 3 vezes com entonação diferente]. Não estou mais com vontade de fazer ou ensinar maldades. Até estou com vontade de sorrir.

TODOS CANTANDO: - “Sorria, sorria, é tempo de sorrir, sorria.

Sorria para a vida, que a vida é alegria.

É tempo de sorrir, sorria.” [autoria: Silvio Santos]

ALEGRINA: - Venham, venham todos. Sigam-me para o Reino da Alegria!

TODOS [saem de cena cantando]: - “Sorria, sorria...”

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