A paz é o nosso tesouro
- pelegrincecilia
- 16 de jul. de 2020
- 6 min de leitura
Atualizado: 14 de out. de 2020
Campanha da Fraternidade de 2005 – Solidariedade e a Paz e enfoque sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos
Autora: Cecília Pellegrini
A historinha de hoje fala de Doralândia e Pratalândia, dois reinos vizinhos que sempre foram inimigos.
O rumo começa a mudar quando as rainhas de cada reino tiveram bebês no mesmo dia.
O bobo da corte de Pratalândia saiu pelo reino avisando: - Psiu, quietinhos, que o bebezinho está dormindo.
Mas ao longe ele ouviu o bobo de Doralândia todo animado, gritando: - Nasceu! Nasceu!
O Bobo Prateado pediu: - Fala baixo, as crianças dos dois reinos acabaram de nascer.
Ele mal acabou de falar e deu para ouvir o berro dos dois bebês chorando: - Viu só, você agitou os bebês.... Vá e pega um que eu pego o outro.
Cada qual correu ao quarto das crianças, pegaram os recém nascidos e foram passear com eles até a divisa dos castelos.
Em Doralândia o Bobo dourado falou: - Vixi Maria, ainda estão como vieram ao mundo!
Sem ouvir direito o Bobo Prateado perguntou: - O que você disse?
O dourado respondeu: - Veja, esse aqui está peladinho, peladinho.
O prateado exclamou: - Isso não é maravilhoso?! Nascemos todos iguais: um corpo nu, com as mesmas necessidades: precisa de carinho, proteção...
O bobo dourado continuou: - Precisa comer, dormir, fazer coco, xixi. Ihhhhh, eu não disse? Veja, o bebê acabou de molhar toda a minha roupa...
Os dois estavam rindo quando ouviram os gritos das rainhas: - Cadê o meu bebê?
Os Bobos ficaram nervosos: - As rainhas estão chegando!
O prateado teve uma ideia: - Vamos pegar um atalho e colocar cada criança em seu respectivo berço.
E assim fizeram rapidinho e logo em seguida as duas rainhas já estavam com seus bebês, lindamente vestidos, passeando pelos jardins.
A rainha Prateada falou em voz alta: - Meu bebezinho. Você é o mais lindo do planeta. Também pudera teve a honra de nascer no reino mais potente e mais grandioso de todo universo.
A rainha Dourada falou em um tom de voz ainda mais alto: Meu fofinho... Eu sabia que você seria mais lindo do que o bebê daquela invejosa da rainha da Pratalândia. Vai aprendendo desde já: jamais, jamais ouviu bem, é permitido passar desta divisa.
A rainha da Pratalândia empostou a voz e continuou: - Filhinho querido está vendo só essa divisão de terras? Pois bem, nunca atravesse para o lado de lá porque não devemos nos misturar. A nossa raça é superior. O nosso reino é um gigante, hiper, super, mega, plus potente.
A outra rainha ficou muito brava e gritou: - Aaaara, mas você está me tirando do sério. É briga que você quer, é?
- Briga não, eu quero é guerra. Berrou a rainha da Pratalândia!
- Pois se não bastou as primeira e segunda, vamos ter a 3ª grande guerra. Foi a vez da outra rainha firmar seu desejo.
E assim se instalou uma guerra violenta entre os dois reinos. Muitos e muitos anos se passaram e só havia dor e sofrimento aos seres humanos dos dois lados.
Certo dia, durante uma batalha sangrenta, apareceu uma mulher linda, vestida de branco, com flores que se espalhavam por todo o corpo.
Seu nome era Vida. Ela se colocou diante dos dois exércitos e saiu pedindo: - Parem, parem, parem! Eu não acredito que, novamente, está havendo confusão.
Todos responderam: - Confusão não, é guerra mesmo!
E começaram a gritar, partindo para o embate novamente.
Vida não desistiu e gritou: - Mas será que vocês não percebem que todos perdem? São seres humanos morrendo, dinheiro que se gasta com armas e munição, quando poderia ser usado para o progresso de cada reino. A ganância de uns gera a pobreza de outros.
Todos os combatentes caíram ao chão exaustos e confirmaram o relato da moça: - Sangue, dor, sofrimento, destruição.
Vida refletiu: - Viram? Vocês são seres humanos racionais, não são apenas animais. Sabem que a guerra causa destruição e morte. É um ato que desrespeita a vida. Vocês não querem mais viver, é isso? Vocês não me querem mais? Respondam?
Cada qual falava ao mesmo tempo: - Lógico que te queremos!
A Rainha de Doralândia tirou sua capa de guerra, jogou sua arma no chão e contou: - Dona Vida, meu bebê acabou de nascer.
A mulher respondeu: - Eu sei, a vida está nele. Ele nasceu puro, com paz no coração. As crianças não possuem a maldade dos adultos.
A Rainha de Pratalândia também se comoveu: - O meu bebê também nasceu. Ele é lindo, eu não quero esse mundo cheio de guerras pra ele.
E vendo que as líderes tinham sucumbido ao desejo de se instalar a paz, todos os guerreiros jogaram suas armas no chão e gritaram: - O que fazer para a vida defender?
A Vida fez uma proposta: - Porque não criar um documento que seja a declaração de direitos de todos os homens e mulheres do planeta?
Todos ficaram surpresos: - Uma declaração? Direitos?
O Bobo do reino Doralândia abraçou o Bobo do reino vizinho e perguntou se os direitos seriam até para os empregados mais humildes: - Nós também teríamos direitos?
E a Mulher respondeu: - Claro! Direitos para todos os seres humanos.
O sonho dos direitos se espalhou aos ouvidos de todos os seres humanos, que continuavam a questionar: - Todos nós com direitos?
E a Vida confirmava: - Sim!
Todos os habitantes, de ambos os reinos, reuniram-se e gritaram: - Então...Eis a declaração!
E cada pessoa foi falando, sugerindo, argumentando e a Vida foi anotando tudo: O direito de ser livre, de viver, de sentir-se uma pessoa protegida pela lei, direito de não ser discriminado...
A alegria e o bem estar era visível e verbalizavam o mundo de união que estavam desenhando em suas mentes: - Rico, pobre, branco, negro, japonês, holandês, cristão, ateu, masculino, feminino, comunista, capitalista...
A Vida reforçava: - Muito bem, são todos seres humanos que podem invocar os direitos e as liberdades, sem distinção.
O Bobo da Pratalândia ficou animadíssimo e cheio de esperança: - Taí, gostei dessa declaração. Vamos escrever mais.
E assim foi, todos os presentes continuaram a sugerir um novo direito e a Vida foi anotando tudo.
Direito à justiça, direito de pertencer a uma nação, de formar família e tê-la protegida, de ter propriedade, de ter liberdade de pensamento.
De repente ouviu-se uma brilhante sugestão: - Direito para eleger os governantes.
As rainhas, que sempre lideraram seus reinos questionaram: - Como assim?
E a Vida explicou: - Existem nações em que o povo elege os seus governantes através do voto.
Ali não estavam decidindo se o regime dos reinos seria mudado, mas queriam deixar registrada que tal possibilidade poderia existir.
Agora chegaram num ponto muito importante que mudaria toda circulação das pessoas. Alguém do povo gritou: - Direito de ir e vir de um lugar para outro.
Uma das rainhas perguntou: - De um reino para o outro?
Todos responderam: - Claro!
As duas rainhas se entreolharam e cada qual saiu de sua terra e foi para a outra, sendo aplaudidas por todos.
E o povo continuou a sugerir...
Direito ao trabalho, lazer, saúde, à cultura, à instrução...
As pessoas começaram a falar em uníssono: - Estudo e educação pra toda a nação! Estudo e educação pra toda a nação!
E depois de horas reunidos, a Vida mostrou: - Vejam só que produção: já temos aqui 28 artigos. Agora, que tal falarmos também em deveres, heim?
O Bobo da Doralândia disse: - Então, coloca aí: Toda pessoa tem deveres para com a comunidade.
E a população concluiu que era preciso: Ajudar, preservar e partilhar...
A Vida concluiu: - Para encerrar, no 30º artigo diremos que tudo o que está escrito aqui deve ser usado para o bem. Ufa, terminamos!
Todos gritaram: - Viva!
O Bobo da Doralândia afirmou: - Essa declaração é uma conquista, ainda pequena, porque precisamos continuar renovando a esperança de que seja sempre cumprida e se torne, assim, uma grande vitória.
A Vida reforçou que a Declaração Universal visa o bem-estar geral!
E todos gritaram: - Vamos nos unir e um mundo melhor construir!
E se abraçaram, não existindo mais rivalidade entre os povos.
A Rainha da Pratalândia disse: - Nem prata
Depois foi a vez da Rainha da Doralândia: - Nem ouro
E Todos concordaram que a paz é o nosso tesouro!
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