A Rainha Sabidinha
- Ovelhinha
- 27 de set. de 2018
- 4 min de leitura
Lc 14, 25-33 Autora: Cecília Pellegrini
Cenário: interior de um castelo, com um trono.
Personagens: Rainha Sabidinha e sua filha, Mensageiro Ligeiro, Empregada Dedicada, Chefe da guarda real e Sábio Sabichão.
[A rainha e sua filha entram em cena. A rainha senta-se no trono. Logo em seguida entra um mensageiro muito aflito e ofegante].
MENSAGEIRO: - Alteza, alteza.
RAINHA: - Fale mensageiro Ligeiro.
MENSAGEIRO [ofegante]: - Tenho péssimas notícias.
RAINHA: - Calma, meu bom homem. Você está muito cansado. [Chama a empregada]: - Empregada Dedicada.
EMPREGADA [entra em cena]: - Chamou-me, majestade?
RAINHA: - Sim, traga água para o mensageiro Ligeiro.
EMPREGADA: Sim, senhora. [Pega água de uma jarra, que encontra-se sobre uma mesinha lateral, entrega o copo ao Mensageiro e permanece em cena, mais ao fundo]
MENSAGEIRO: - Obrigado por se preocupar comigo alteza, mas tem um exército marchando em direção ao nosso reino. [bebe a água].
RAINHA: - O quê? [chama bem alto]: - Chefe da Guarda Real.
CHEFE [entra]: - Pois não, alteza.
RAINHA: - O mensageiro Ligeiro trouxe a notícia de que seremos atacados.
FILHINHA [com medo]: - Vão nos machucar mamãe?
RAINHA: - Calma, minha filha.
CHEFE: - Só pode ser o exército do Rei Ricardo Ricão. Há anos ele cobiça as riquezas do vosso castelo, alteza.
EMPREGADA: - Dizem que ele construiu uma cidade inteira só para guardar as riquezas que ele pega mundo afora.
CHEFE: - Pega não, rouba. Ele faz qualquer coisa para atingir o objetivo dele. (o Chefe faz gesto de cortar o pescoço).
MENSAGEIRO: - É ele mesmo: Rei Ricardo Ricão. Irei agora mesmo buscar mais informações. Com licença [sai de cena]
RAINHA: - Precisamos ter alguma ideia para combater esse exército. Dedicada, por favor, vá chamar o Sábio Sabichão.
EMPREGADA: - Sim, senhora. [sai de cena].
RAINHA [anda de um lado para o outro, enquanto fala]: Precisamos planejar... [O chefe da guarda anda atrás dela e repete tudo]: - Precisamos planejar...
RAINHA [andando]: - Planejar muito bem nossos passos.
CHEFE [sempre atrás]: - É, planejar muito bem nossos passos.
[Entra em cena a empregada com o Sábio].
SABIO [nervoso]: - Vossa majestade a empregada Dedicada me contou tudo.
RAINHA: - Sim, sim. O pior é que não me vem nenhuma ideia à cabeça. O que poderemos fazer sábio Sabichão?
FILHINHA: - Vão nos machucar mamãe?
SABIO: - Não se preocupe, altezinha, eu tenho tudo aqui ó, na minha cachola.
RAINHA: - Então diga, diga logo.
SABIO: - Vamos construir uma muralha em volta do Castelo. [empregada bate palmas].
CHEFE: - Muito bem, você é um gênio. Vamos, vamos logo começar. [vão saindo].
RAINHA: - Espera lá, primeiro é preciso calcular o que será necessário. Vou consultar o meu povo [pergunta para a plateia]. Meu povo, o que precisamos para construir uma muralha? [esperar algumas respostas]. Sim, sim, tijolos, areia, cimento, pedreiros. Sábio, o meu povo está dizendo que precisaremos de 300.000 tijolos. Nós temos isso tudo aqui no reino?
SABIO: - Não, temos apenas 5.000.
CHEFE, RAINHA, EMPREGADA: - 5.000?
RAINHA: - Então dará apenas para fazer o alicerce e não seremos capazes de terminar.
EMPREGADA: - Não é a toa que a senhora se chama Sabidinha. A senhora sabe tudo!
SÁBIO: - Ei, ei, empregada, o sábio aqui sou eu. Mas, veja só majestade: o importante é começar, mostrar para o povo que estamos fazendo alguma coisa.
RAINHA: - Nada disso, o importante é proteger o povo e se não dá para terminar a muralha, nem vale a pena começar. E tem mais, mesmo que desse para construir não caberia todo povo aqui no castelo.
CHEFE: - Mas isso é fácil resolver. Escolheríamos para ficar dentro da muralha os mais fortes, ricos e com saúde.
EMPREGADA: - E o resto? [fala em off para a plateia]: - Eu não sou forte, não sou rica e vivo doente.
CHEFE: - O resto lutaria com o exército.
RAINHA: - Que horror! Não diga essas maldades. Não se preocupe empregada Dedicada, vou encontrar uma solução.
MENSAGEIRO [entra correndo]: Majestade são 20 mil homens, fortemente armados.
RAINHA: - Eles estão perto?
MENSAGEIRO: - Não, ainda estão há 5 dias de viagem.
FILHINHA [nervosa]: - Vão nos machucar?
SABIO [desesperado]: - O que vamos fazer, o que vamos fazer?
CHEFE: - Ora, ora o que vamos fazer? O sábio Sabichão é você.
RAINHA: - Antes de tomar uma importante decisão como essa é preciso pensar e refletir.
TODOS [confirmam]: - Pensar e refletir!
RAINHA: - Sim, porque depois da decisão tomada haverá consequências, as quais teremos que assumir.
TODOS [repetem]: - Consequências a assumir!
RAINHA [vai andando e todos os outros personagens vão andando atrás dela e repetem suas falas]: - Vamos pensar, vamos pensar...
RAINHA: - Já sei! Mensageiro!
MENSAGEIRO: - Sim senhora.
RAINHA: - Você levará uma mensagem minha ao Rei Ricardo Ricão.
CHEFE: - A senhora irá escrever a esse malvado?
RAINHA: - Sim, é preciso salvar o meu povo, não quero que nenhum mal aconteça aos moradores do Reino da Sabedoria. Eles têm 20.000 soldados e nós temos apenas 10.000. Jamais conseguiremos vencer. Quero que leve a mensagem de que estamos dispostos a negociar as condições de paz.
CHEFE: - De jeito nenhum, de jeito nenhum.
EMPREGADA: - Que bela decisão Rainha Sabidinha. A senhora salvará o povo.
CHEFE: - Em compensação vai mostrar que somos um bando de fracotes.
RAINHA: - Fracotes não, somos da Paz! Lembre-se: Se eu não negociar as condições de paz todos sofrerão: adultos, crianças, todos. É preferível dar a ele todas as nossas riquezas.
FILHINHA: - Mas perderemos nosso tesouro, mamãe.
RAINHA: - Nossa vida é o bem mais precioso que temos. Nosso único tesouro verdadeiro.
SABIO: - É... a senhora tem razão! Agindo assim, a senhora dará a chance ao povo de continuar vivo.
RAINHA: - Prometo que irei tentar conversar com o Rei Ricardo Ricão e farei o melhor para todos. Vou redigir a mensagem agora mesmo. Vamos, mensageiro.
CHEFE: - Rainha Sabidinha, desculpe se fui tão tolo. A senhora tomou a decisão com sabedoria.
RAINHA: - As vezes é preciso recuar para continuar. Rumo a Paz! Vamos!
TODOS: Vamos! [A rainha sairá de cena na frente e todos os outros personagens atrás].
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