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A rata Rita

Atualizado: 14 de out. de 2020

Lc 16,1-13 ou 10-13 

Autora: Cecília Pellegrini


No reino da Ratolândia vive uma rata muito rica, chamada Rita, que vive sozinha em sua linda e espaçosa casa, rodeada dos queijos que ela mesma faz. São queijos de todos os tipos: brie, provolone, gorgonzola, mussarela, parmesão, ricota, roquefort, requeijão... 

Mas de tanto trabalhar, comer queijo e viver na completa solidão ela se tornou obesa e ranzinza. Já anda com dificuldades e vive para o trabalho. Só que para obter mais lucro ela mistura ao leite produtos proibidos, verdadeiros venenos para o consumo. O lema dela é ter queijo para consumir, estocar, vender, ganhar. Em sua casa tem milhares de queijos, pois ela adora acumular e se gaba em dizer: - Sou a rata mais rica da Ratolândia.

Para produzir os queijos ela precisa de leite e a rata Rute é uma das fornecedoras. Hoje, ela chegou com seus 3 filhos. Chama a dona da casa bem alto, para fazer mais uma entrega: - Rata Rita!

A Rita abra a porta e já complementa: - Rata Rita e rica. Entra. Trouxe mais leite?

A Rute responde que sim, mas tem uma reclamação a fazer: - Sim, aqui está o leite da semana, mas dona Rita, a senhora está pagando muito pouco pelo leite. Nós somos pobres e a vida está difícil, está cara. 

Rita, irritada, responde: - Mas como vocês reclamam! Se não quiser o valor que pago pelo litro eu comprarei de outros ratos do campo. Está cheio de rato querendo me vender leite. É pegar ou largar.

Rute, com muita humildade, ainda insiste: - Tem certeza de que não dá para pagar mais? Dizem que a senhora vende os queijos a preço de ouro.

Rita, sempre ranzinza, fala: - O que faço ou deixo de fazer não é problema seu. Toma aqui o seu dinheiro e vá embora! Ra, re, ri, ro, rua! 

Rute pega o dinheiro e separa uma parte.

Rita curiosa pergunta: - Ora, ora e pra que você separou esse dinheiro?

Rachel, a filha mais velha, explica: - Minha mãe vai levar para a Igreja da Ratolândia.

Rita fala bem alto: - Está vendo? Reclama que pago pouco, mas em vez de ficar tudo pra você, vai levar pra Igreja.

Com muita calma e exatidão Rute fala: - Claro, é a nossa gratidão por tudo o que temos e somos. Vivemos em comunidade.

A rata Rita acha que a vendedora de leite está dissimulando: - Estou falando desse dinheiro que você dá na Igreja e você muda de assunto e fala em comunidade?

A filha Rachel, mostra o quanto sabe: - Na Igreja nos unimos: a gente se ama, se respeita, trabalha pelo bem de todos. Isso é viver em comunidade.

Rita insiste: - Sim, sim, mas não fuja do assunto... E o que a Igreja faz com o dinheiro?

Rute explica: - Usamos o dinheiro para manter todas as ações: compramos material para as pastorais, para as celebrações: hóstia, vinho, vela, flores, ajudamos as pessoas carentes, pagamos funcionários, água, luz... 

Rita interrompe: - Tá, tá, mas já que você é tão pobre não deveria ser obrigada a dar nada para a Igreja.

Com muito carinho Rute dá uma verdadeira aula de solidariedade: - Mas eu não sou obrigada, eu dou porque eu quero, porque todos nós sempre temos algo que podemos repartir com quem tem menos. Nós aprendemos a dividir com alegria.

A rata Rita dá uma gargalhada: - Essa é boa, além de dar, ainda dá sorrindo? Perceba, criatura, você ficou com menos. Isso lá é motivo de alegria?

A RUTE volta a falar: - Rata Rita...

Rita exige o tratamento correto: - Rata Rita rica.

Rute, sempre com humildade, diz: - Sim, Rata Rita rica, a senhora só está pensando no dinheiro, no bem material, mas olhe para o seu coração.

Rita fica curiosa por saberem sobre o que ela sentiu no coração, mas fica muito brava pela intromissão: - Como você ficou sabendo que eu tive um “piripaque”? Foi só falta de ar, um formigamento que deu, mas já passou, eu mesma me curei e agora meu coração está ótimo.

Rachel percebendo a confusão explica: - Minha mãe está falando de sentimento, do estar bem com a senhora mesma, de sentir-se alegre, feliz, com amigos a sua volta... 

A mãe de Rachel complementa: - A senhora vive mergulhada no seu queijo, no seu dinheiro. Quase nem anda mais de tanta gordura que está acumulando. 

A rata Rita, mais calma e reflexiva, concorda: - Isso lá é verdade, mas é porque passo o dia e a noite trabalhando, pensa que é fácil ficar rica? Eu faço tudo so-zi-nha. Olha só... fiquei de prosa e o queijo empelotou. 

Ela corre mexer a panela, para não perder nada e ter prejuízo.

Rute vai atrás de Rita e fala com voz bem suave: - Se a senhora ouvisse e vivesse os ensinamentos que falam do amor, da solidariedade, da partilha seria muito feliz.

Logo em seguida ouve-se alguém na porta, chamando: - Ô de casa.

Rita espia pelo buraco da fechadura e diz: - Hum, deixa chamar, é aquele rato sujo, que vive pedindo.

Rachel, compadecida, já sabe de quem se trata: - Mamãe é o Rufo.

Rute, muito bondosa e amiga de todos confidencia:  - Ele está desempregado e vive da caridade de todos. Dona Rita, porque não dá emprego ao Rufo? Ele poderia fabricar os queijos para a senhora.

Rita fica alguns minutos pensativa: - Um ajudante? Olha que parece uma boa ideia! Vou abrir para esse tal de Rufo.

Ela abre a porta e observa o rato de cima à baixo: - Hum, hum. Com um bom banho, umas roupas limpas, você poderá entrar na minha cozinha e me ajudar.

Rufo fica muito feliz: - Isso quer dizer emprego? A senhora me dará um emprego? Obrigado, muito obrigado.

Ele abraça a Rita e ela, surpresa com o gesto de gratidão, esboça um pequeno sorriso.

Rute abraça a Rita: - Viu, dona Rita, o abraço de um amigo não tem dinheiro que pague.

Os filhos da Rute vendo que a Rita está feliz correm abraçá-la também.

Rita diz comovida: - Nossa! Como é bom viver em paz com os outros! Rute, toma aqui um pouco mais de dinheiro pelo leite que comprei e leve esse aqui para a Igreja.

Rute faz um convite: - Que bom que a senhora está doando esse dinheiro, mas vamos lá comigo, eu posso mostrar as pastorais, as equipes da comunidade...

Rachel conta que tem a missa dos filhotes e em cada domingo aparece bicho novo. 

A rata Rita fala do seu aprendizado: - Hoje aprendi tanto com vocês... Toda a bicharada vivendo junto, em paz, um ajudando o outro? Interessante!  Vamos agora mesmo conhecer essa tal comunidade. 

Rufo, Rute e os filhos ficam animadíssimos e juntos vão levar dona Rita para conhecer a comunidade da Igreja da Ratolândia.

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