A verdadeira história
- pelegrincecilia
- 5 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
Jo 20,19-31
Autoras: Márcia Ferruci e Cecília Pellegrini
Numa aldeia indígena, o cacique da tribo estava sentado ao lado da fogueira, que ficava no centro das ocas. Duas curumins, Tainá e Tauane, entraram no espaço dançando com a índia Iracema.
Jaçanã chegou com um caderno na mão e pediu: - Parem com essa dança, pois eu estou estudando para a prova.
Iracema não acreditou: - Mentirosa!
E continuou a dançar e a fazer o maior barulho.
Muito brava Jaçanã falou: - Já que vocês não acreditam que eu vou ter prova, vocês não estão vendo que o Cacique Anhanguera está sentado ao lado da fogueira?
Iracema zombou: - Ainda bem que ele está sentado ao lado da fogueira, já pensou se ele estivesse sentado em cima dela?
E caíram na maior gargalhada.
Jaçanã não gostou: - Engraçadinha, pois fique sabendo que vou contar tudo ao Cacique.
Iracema tentou dissipar a confusão: - Calma, Jaçanã foi só uma brincadeirinha...
Mas Jaçanã foi até o chefe da aldeia: - Mas pra mim não foi! Cacique Anhanguera, você precisa dar um jeito na Iracema porque ela vive me chamando de mentirosa, vive me aperreando.
Iracema se explicou: - Me pareceu que você queria mesmo é parar com a nossa dança. Desculpa aí.
- Pois eu não te desculpo, vocês não acreditam em mim e não respeitam o Cacique que está meditando e ficam aí dançando, dançando...
Calmamente, o Anhanguera explicou: - Mas eles não me atrapalharam não. Eu gosto de ver meu povo feliz.
Jaçanã estava irredutível: - Pois eu não estou feliz, pelo contrário estou muito, mas muito irritada...
Ela desabafou e depois foi para um canto da aldeia.
A indiazinha Tainá falou: - Ih, a Jaçanã está triste por nossa causa.
Iracema teve uma ideia: - Pois eu já sei como deixá-la alegre novamente...
Os curumins ficaram curiosas: - Como?
Iracema explanou: - Pedindo ao cacique para nos contar uma história. Ela adora...
Tauane questionou: - Mas será que o cacique vai contar?
A índia mais velha propôs: - Vamos lá perguntar. O senhor poderia nos contar uma história?
O cacique perguntou: - Poranduba?
Iracema falou alto para a Jaçanã ouvir: - Sim! Uma história.
Vendo que a índia não se importou, Tainá foi até ela: - Jaçanã, venha ouvir a história.
- Não quero. Jaçanã respondeu brava.
Iracema sugeriu ao chefe da tribo: - Conta aquela história que fala sobre nossos ancestrais.
Jaçanã pensou: - Adoro ouvir história de pessoas que viveram antes de nós, mas não vou lá ouvir; não vou mesmo.
Anhanguera disse: - Hum! Hoje vou contar para vocês a história de uma pessoa que não foi só nosso ancestral. Mas, uma pessoa que mudou toda a história.
Jaçanã ficou muito curiosa e pensou: - Mudou toda a história?
Iracema perguntou: - Mas, quem foi ele?
O cacique respondeu: - Ele foi uma pessoa muito especial, mas eu só conto se a Jaçanã se juntar a nós.
Todos insistiram: - Vem, Jaçanã!
Jaçanã ficou animadíssima: - Mas é claro que eu vou porque quero saber tudinho. Ele foi um guerreiro? Usava arco e flecha?
Anhanguera disse: - Ele foi um grande guerreiro, mas não usava arco, flecha ou arpão.
Iracema concluiu: Mas, Cacique Anhanguera, se Ele não lutou com armas, Ele não venceu nenhuma guerra.
Jaçanã concordou: - É mesmo Cacique, como alguém pode vencer sem estar armado para se defender?
Com muito carinho o chefe explanou: - Ele usava o amor. O amor é a arma mais poderosa que existe. Ele curou doentes, fez cego enxergar, o mudo falar, o surdo ouvir, multiplicou os pães e espalhou a paz.
Jaçanã estava extasiada: - Uau, que incrível! Quem foi essa pessoa?
Como um verdadeiro mestre, o cacique continuou: Esse homem era Jesus, o filho de Deus. Só que ele não foi compreendido pelas pessoas e acabou sendo preso e morto numa cruz.
Iracema ficou incrédula: - Morto numa cruz? Mentira Cacique, mentira! Não posso acreditar.
Jaçanã comentou: - Viram só, ela não acredita no cacique, assim como não acreditou que eu estava estudando.
O Cacique continuou: - Ele de fato morreu, mas ressuscitou. Ele venceu a morte. Voltou a viver.
Novamente, Iracema achou estranho: - O quê? Voltou a viver? Não acredito!
Jaçanã pediu: - Psiuuuuu! Deixa o Cacique Anhanguera continuar.
O mestre voltou a falar: - Depois de alguns dias de sua morte, Ele apareceu diante dos seus amigos e todos acreditaram que Ele ressuscitou.
Iracema interrompeu: - Todos acreditaram que era Ele mesmo?
Anhanguera informou: - Teve um deles que só acreditou quando viu Jesus na sua frente e colocou as mãos nas suas feridas.
A índia Jaçanã aproveitou para zombar: - Viu, Iracema, acho que era um parente seu.
- Mas, Cacique, como nós podemos acreditar que Ele realmente ressuscitou? Iracema perguntou.
E a explicação veio logo a seguir: - Isso está escrito no grande Livro Sagrado! E quando vocês crescerem eu quero que vocês contem essa história aos seus filhos.
Iracema prometeu: - Pode deixar Cacique uma história tão bonita como essa não pode ficar esquecida.
Jaçanã também: - Eu vou fazer como o senhor faz. Vou contar essa história para todos em volta de uma fogueira para que todos acreditem e espalhem que Ele existiu e deixou a paz.
Sua fala foi interrompida pela sua mãe que chamou: - Jaçanã, vem estudar pra prova!
Iracema falou: - Olha... Ela tem prova mesmo!!!!
Jaçanã disse: - Viu, Iracema!
Todos concluíram: - É preciso acreditar! Tchau!
Comments