Animalândia
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2020
Mt 13,44-46
Autora Cecília Pellegrini
Era uma vez um Parque chamado Animalândia, que outrora era bem cuidado e muito frequentado, mas que agora tinha apenas a proprietária chamada Horlenda com vários animais enjaulados e mal tratados.
Em mais um dia de reclamações, Horlenda trazia consigo um ventiladorzinho portátil para se refrescar: - Que calor insuportável! Que fedor de bicho! Mas vocês são fedorentos, heim!?
Esbravejou Horlenda aos animais enjaulados.
O leão rugiu e a dona deu uma chicotada nele: - Fica na tua, seu leão velho que não serve pra nada.
Os outros animais começaram a fazer sons característicos, indignados com o tratamento daquela senhora: - Quietos! Pois não vão comer nada hoje estão entendendo? Já não chega esse parque estar às moscas. Antes, quando vocês eram todos jovens, vigorosos, isso aqui vivia cheio de turistas, até artista vinha aqui. A Xuxa fez o aniversário da Xaxa de 1 ano aqui. Agora é esse marasmo todo dia. Sem dinheiro pra pagar os funcionários, tenho que fazer todo serviço. Isso tudo por causa de vocês, ouviram bem?
E ela chicoteou ainda mais os animais, que se alvoraçaram fazendo sons característicos. Horlenda gritou: - Seus imprestáveis!
Nesse exato momento entrou uma família de turistas, composta de um pai, mãe, 2 filhas e 1 filho. A dona escondeu o chicote e falou se fazendo de simpática: - Bom dia! Sejam bem-vindos ao parque AniMALândia.
Ao falar o nome do parque sempre dava ênfase ao “MAL”: - Meu nome é Horlenda Serra Machado.
Francisco foi recíproco: - Bom dia. Muito prazer, meu nome é Francisco da Paz e esta é a minha esposa Ana Lúcia Socorro da Paz.
A mulher continuou: - Eu sou a proprietária deste parque. Mas que crianças lindas!
Horlenda demonstrava simpatia pelas crianças, mas na verdade ela os detestava.
O pai apresentou as crianças: - São os nossos filhos: Mariana, Juliana e Gustavo.
A dona do parque partiu para a objetividade: - Já compraram os ingressos?
Todos responderão: - Não!
Francisco explicou o motivo de terem entrado sem ingressos: - Não compramos os ingressos porque... não tinha ninguém na portaria.
Horlenda contou mais uma mentira: - Ah! Me esqueci, o funcionário está doente.
A esposa Ana se mostrou compadecida: - Nossa, doente? É coisa séria?
Os filhos largaram os pais e foram ver os bichos.
A dona do Parque novamente voltou para a objetividade: - Não, nada sério, mas pode passar a bufunfa: são R$ 50,00 por pessoa, vezes 5, são 250,00 reais.
- Nossa, tudo isso? Perguntou o casal.
Ana questionou: - As crianças não pagam meia entrada?
Demonstrando irritabilidade Horlenda explicou: - Que meia entrada. Veja, aqui estão 5 ingressos inteiros. Meia só essa aqui que estou usando em meus pés. Enquanto as crianças conversavam entre si, Horlenda mostrava um mapa do parque aos pais.
Mariana, com muita compaixão falou: - Gustavo, Ju vejam! Coitadinho do leão está acorrentado.
Juliana quase chorou ao ver o animal naquele estado: - Coitadinho!
Gustavo resolveu tomar uma atitude: - Vamos contar pro papai e pra mamãe. Os três correram o quanto puderam: - Papai, mamãe!
A mãe preocupada perguntou: - Crianças, o que aconteceu?
Mariana explicou: - O leão está acorrentado!
Horlenda ficou com muita raiva e pensou: - Que pirralhos.
Os filhos puxaram seus pais: - Venham, vejam.
Francisco ficou estarrecido: - Dona Horlenda, mas esses bichos estão muito desnutridos.
Os animais emitiram sons característicos e pareciam muito, mas muito tristes com o sofrimento.
Ana concordou: - É estão muito magrinhos mesmo. Veja só esse filhotinho de onça.
Horlenda contou a tragédia: - A mãe dela morreu a semana passada.
Juliana começou a chorar: - Coitadinha!
Francisco sugeriu: - Na minha opinião você precisa dar um fortificante pra esses bichos.
Horlenda falou irritada: - Mas só me faltava essa, por acaso você entende de bicho?
Todos da família responderam: - Claro que entende!
A esposa afirmou: - Meu marido é veterinário.
Horlenda desconversou: - Tá, tá, tá e eu com isso? Vocês já pagaram pelos ingressos, não me venham criticar. E agora eu tenho mais o que fazer. Sou eu sozinha pra cuidar dessa joça toda.
E lá se foi resmungando: - Cada figura que aparece. Eita calor! Eita fedor de bicho!
Ana confidenciou: - Nossa, eu achei a dona Horlenda um pouco brava.
O filho Gustavo completou: - Ela não devia se chamar Horlenda. Devia se chamar Horrenda.
As duas irmãs concordaram: - É! Horrenda!
Os pais repreenderam seus filhos: - Crianças!
Ana ordenou: - Não falem assim!
A filha Mariana retrucou: - Mas mãe, ela não cuida dos animais!
Nesse momento ouviu-se os sons característicos dos animais demonstrando muita tristeza, era como se estivessem concordando com a fala da Mariana.
A caçula Juliana, quase chorando, falou: - Coitadinhos!
O pai Francisco concordou: - As crianças têm razão. Essa dona Horlenda parece que não percebe o tesouro que possui.
Mais calma, a mãe também corroborou da afirmação: - É mesmo! Esse parque bem cuidado ficaria lindo.
De repente Francisco teve uma ideia: - Querida, que tal vendermos tudo o que temos e comprarmos esse parque? O que acham crianças?
Gustavo pareceu não gostar: - Vender a nossa casa? Ah, não sei não. To indeciso.
O pai explicou: - Teríamos que vender: a nossa casa, os nossos carros, o nosso apartamento e até as bicicletas de vocês.
Em compensação a Mariana estava determinada: - Pra salvar esses bichinhos todos das garras daquela dona Horlenda, eu topo. Pode vender a minha bicicleta, a minha coleção de bonecas e até as jóias que a vovó me deu.
A mãe ficou muito feliz: - Assim que se fala filhinha. Gustavo, meu filho, para conseguirmos ter esse paraíso: com árvores, essa nascente de rio, precisamos vender tudo o que temos.
Francisco continuou a explanação: - É filho, poderemos melhorar aquela casa na entrada e moraremos nela. Manteremos o parque para o nosso sustento e eu posso transferir o meu consultório veterinário pra cá.
Ana estava radiante: - Quanta sabedoria, querido. Quanta sabedoria!
Depois dirigiu-se ao Gustavo: - Filhinho, para conseguirmos este tesouro de lugar é necessária uma decisão total!
Todos confirmaram: - É, uma decisão total!
Depois de muito pensar Gustavo respondeu: - Vocês têm razão. Trocaremos tudo por essa natureza maravilhosa.
A família toda ficou muito feliz e se abraçaram: - É isso aí!
Mariana comunicou: - Vou chamar a dona Horrenda, agora mesmo.
Todos a corrigiram: - Horlenda Mariana, Horlenda.
Mariana saiu correndo e logo em seguida ela e Horlenda estavam de volta.
A Horlenda foi logo dizendo: - Estão me chamando? Vão reclamar de mais alguma coisa? Não vou devolver o dinheiro das entradas não. Nem pensar.
Francisco explicou: - Nada disso, dona Horlenda, pelo contrário. Queremos fazer uma proposta para a senhora nos vender este parque.
Muito surpresa, a dona do parque perguntou: - Hã, como assim???? Bufunfa? Money? Dinheiro?
Ana respondeu: - Sim, é o tempo de vender a nossa casa, o nosso apto, nossos carros.
Mariana complementou: - As nossas bicicletas, minha coleção de bonecas e as jóias que a vovó me deu.
Gustavo completou: - Meu patinete e meu computador também.
Francisco e Ana colocaram um limite: - Calma crianças.
A mãe explicou: - Também não precisa tanto.
Mas a dona Horlenda retrucou: - Precisa sim. Aceito o negócio. Não precisa vender nada. Quero o negócio na base da troca, com tudo isso aí que vocês falaram e até o patinete do garoto. Não vejo a hora de me livrar desse calor e desse fedor!
Os animais do parque demonstraram alegria através de sons característicos.
Francisco apertou a mão da dona Horlenda e concluiu a negociação: - Então, negócio fechado.
Todos festejaram: - Viva!
A família unida cuidou dos animais, deixou tudo limpo e organizado, atraindo visitantes de toda parte para conhecerem o Parque Animalândia.
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