As 3 porquinhas e o Lobo Sedutor

Campanha da Fraternidade 2014 - Tráfico de pessoas

Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello

Inspiração no enredo e personagens do conto popular dos 3 porquinhos.

Cenário: será construído com a montagem das 3 casinhas. As 3 personagens porquinhas levarão 3 pedestais de ferro e as casinhas serão pintadas em tecidos e serão pendurados no pedestal.

Personagens: 3 porquinhas irmãs: Esperta, Inocente e Ingênua, Lobo Sedutor, Policial e Lobo Espanholito (apenas voz em off).

[Cenário limpo.]

[Música para a entrada, pelo lado esquerdo da porquinha Esperta.]

ESPERTA [entra em cena com um tablet na mão e finge ler algo e faz gestos/sons de admiração]: - O quê? Não acredito! Preciso falar com minhas irmãs Inocente e Ingênua agora mesmo. Vou enviar uma mensagem [finge digitar]: - Queridas Irmãs, precisamos nos reunir urgente! Encontrem-me na clareira da floresta, às 10 horas, com carinho Esperta. Pronto, enviei. [sai de cena pelo lado direito.]

[Música para a entrada do Lobo - lado esquerdo do palco.]

LOBO SEDUTOR [entra trazendo uma árvore na sua frente}: - Perfeito! Ótimo disfarce! Psiuuuuuu!

[Ele ficará escondido, mas sairá de trás do tronco e fará gestos, sem ser notado pelas porquinhas.]

[Música para a entrada das 3 porquinhas dançando: Inocente entrará pelo lado esquerdo, Ingênua pelo corredor central e Esperta pelo lado direito. Ao se encontrarem no centro do palco elas se cumprimentam.]

ESPERTA: - Queridas irmãs, vocês sabem que eu me informo muito sobre os fatos, tenho pessoas conhecidas no mundo inteiro e vocês estão sabendo que o Lobo Sedutor anda por aqui querendo pegar porquinhas para levar para longe?

INGÊNUA e INOCENTE: - Como assim?

ESPERTA: - Ele oferece emprego lá no exterior com bom salário. As porquinhas acreditam e quando chegam no exterior são obrigadas a trabalhar como escravas. Outros Lobos de lá ficam com os passaportes das porquinhas e sem passaporte não podem sequer pedir ajuda.

INOCENTE: - Você sempre gostou de pôr medo na gente. Eu não encontrei nenhum Lobo Sedutor por aqui, só um Lobo muito legal que gostou muito de mim e me deu essa espiga de milho que está uma de-lí-cia, hum...

INGÊNUA: - E para mim ele deu cenouras, só porque eu fui passear com ele no bosque, e ainda me elogiou o tempo todo.

INOCENTE: - É isso mesmo, comigo foi a mesma coisa. Era porquinha inteligente pra cá...

INGÊNUA: - Era porquinha alegre pra lá.

INGÊNUA e INOCENTE: - Porquinha fofinha... [surpresas.]

INOCENTE: - Ele falou a mesma coisa pra você?

INGÊNUA: - Eu é que pergunto: Ele falou a mesma coisa pra você?

ESPERTA: - Vocês viram. Acho que devemos tomar cuidado com bichos estranhos. Não podemos mais dormir por aí, em qualquer lugar. Que tal construirmos uma casa para não corrermos perigo?

INGÊNUA e INOCENTE: - Que nada, tá bom assim.

INGÊNUA: - Uma casinha só para nós 3 morarmos juntas?

INGÊNUA e INOCENTE: - Ah! Isso não, nem pensar.

ESPERTA: - Então, está bem. Já que vocês não concordam em morarmos todas juntas, vamos construir cada uma a sua casa.

INGÊNUA: - Bem, eu acho que não precisa, porque aqui todos gostam de mim, jamais alguém iria me machucar. Mas como você está insistindo muito eu vou fazer uma casinha para mim.

INOCENTE: - Tá bom, tá bom. Como sou a caçula, tenho que obedecer mesmo, também vou fazer a minha.

ESPERTA: - A minha casa será bem sólida contra Lobo Sedutor.

INOCENTE: - Mas você é metida mesmo né, pois eu vou fazer uma casa bem grande, inteirinha de palha.

INGÊNUA: - Que casa mais feiosa. Pois a minha será linda, todinha feita com madeira.

ESPERTA: - Eu só acho que vocês deveriam construir casas mais sólidas contra o Lobo Sedutor.

INOCENTE: - Pare com isso! Lobo Sedutor, Lobo Sedutor, você está se tornando chata.

ESPERTA: - Tá legal, eu vou embora procurar um bom local para construir a minha casa.

INGÊNUA e INOCENTE: - Pra nós, esse local mesmo está bom.

INOCENTE: - Eu vou buscar palha.

INGÊNUA: - E eu vou buscar madeira. Tchauzinho [saem de cena, sendo que as Inocente e Ingênua sairão pelo lado esquerdo e a Esperta pelo lado direito.]

LOBO SEDUTOR [rindo]: - Há, há, há - Essas porquinhas são mesmo muito bobinhas. Se bem que essa Esperta anda pensando muito pro meu gosto. Mas eu dou um jeito nela também.

[Toca o celular]

LOBO SEDUTOR: - Alô. Quem fala?

LOBO ESPANHOLITO [voz em off]: - Aqui é o Lobo Espanholito.

LOBO SEDUTOR: - Que se passa?

LOBO ESPANHOLITO: - Quiero más porquitas.

LOBO SEDUTOR: - Sí, sí cómo no!

LOBO ESPANHOLITO: - Quiero más filhotinhos para transplante de órgãos tambien.

LOBO SEDUTOR: - Sí, sí.

LOBO SEDUTOR e LOBO ESPANHOLITO: - Adios.

LOBO SEDUTOR: - Mais grana para mim! Esse tráfico de animais pode me deixar rico, rico, rico [gritando]. - Eu preciso descobrir outras formas para agradar ainda mais essas Porquinhas. Elas já estão no papo, quero dizer, no avião, som de avião decolando] com destino ao primeiro mundo. Há, Há, Há. [Lobo vai saindo e depois volta]: - Ops, esqueci o meu disfarce [pega a árvore e sai - lado direito do palco, levando a árvore.]

[Música - as 2 porquinhas entram pelo lado esquerdo e constroem as suas casas (A Inocente constrói no lado esquerdo do palco e a Ingênua no lado direito). A Ingênua entra na sua casa e a Inocente fica fora da casinha de palha.]

INOCENTE [fica de costas, admirando a sua casa] : - Olha, ela ficou linda!

LOBO SEDUTOR [entra pelo lado esquerdo]: - Olá porquinha Inocente, tudo bem? Que bela casa!

INOCENTE: - Oi seu Lobo, você como sempre é tão bondoso comigo! Imagine que a minha irmã Esperta vive achando que você quer nos fazer mal.

LOBO SEDUTOR: - Eeeeeeeeuuuuuuu? Imagiiiiiiiina. Prá você ter certeza da minha amizade, veja só isso [mostra-lhe um catálogo de viagem]. Sabia que tem uma porção de porquinhas trabalhando na capital e até no exterior e elas estão ganhando uma fortuna?

INOCENTE: - Verdade?

LOBO SEDUTOR: - Yes. Dinheiro para construir verdadeiras mansões [se aproxima.]

INOCENTE: - Comprar roupas de marca?

LOBO SEDUTOR: - Yes [vai se aproximando ainda mais da porquinha.]

INOCENTE: - Perfumes, joias, comida?

LOBO SEDUTOR: - Yes, yes, yes [quase pegando a porquinha.]

[Inocente grita e entra na sua casa de palha.]

LOBO SEDUTOR: - Sua porca bobinha, pensa que essas palhas podem me deter? Pois eu vou soprar e bufar e essa casa vou derrubar.

[Som de ventania. O Lobo Sedutor faz gestos exagerados e as palhas caem no chão.]

[Música - A Inocente grita por socorro, circula o cenário, o Lobo atrás e ela entra na casa de madeira. O painel da casa de palha fica no chão.]

LOBO SEDUTOR [cansado]: - Ai, ai, ai, não consegui pegar aquela porquinha fujona, acho que estou precisando fazer um regime. Não faz mal, não consegui pegar uma, em compensação pegarei as duas de uma só vez. A Ingênua me adora, ela não vai acreditar na Inocente. É agora que vou recuperar o prejuízo [bate no bolso da calça] [Som de toc,toc,toc]: - Oi, meu docinho de coco, quero dizer, meu docinho de porco, vem cá que eu tenho uma comida muito saborosa para você.

INGÊNUA: - A Inocente me contou tudo, você me enganou, seu Lobo Sedutor.

LOBO SEDUTOR [falando para a plateia]: - O meu charme falhou. Você aí [mostrando alguém da plateia] não acha o papai aqui um Lobão? [Cantando]: - Eu sou o Sedutor, Sedutor, Sedutor. Eu levo as porquinhas para o exterior! [Enche os pulmões de ar]: - Pois eu vou soprar e bufar e essa casa eu vou derrubar!

[Som de ventania - o Lobo Sedutor faz gestos exagerados e o painel com a casa de madeira cai no chão.]

INGÊNUA e INOCENTE [saem correndo]: - Socorro!

[Música - Circulam o cenário e os três saem de cena correndo, pelo lado direito.]

[O contrarregra retira os painéis/casinhas de palha e madeira e sai pelo lado direito.]

[Música. Esperta entra em cena pelo lado esquerdo - Abaixa-se o som.]

ESPERTA: - Que lugar lindo. É aqui mesmo que eu vou construir a minha casa.

[Aumenta-se o som - A esperta constrói sua casa - tira-se o som.]

ESPERTA: - Ufa! deu muito trabalho, mas valeu a pena, pois está sólida como uma fortaleza.

INGÊNUA e INOCENTE [Entram gritando pelo lado esquerdo]: - Socorro, Esperta, o Lobo Sedutor está atrás de nós!

ESPERTA: - Eu não disse que vocês não deveriam dar confiança para estranhos?

INGÊNUA e INOCENTE: - Disse, disse.

ESPERTA: - Eu não disse que vocês precisavam construir uma casa firme?

INGÊNUA e INOCENTE: - Disse, disse, disse.

ESPERTA: - Eu construí a minha casa de tijolos e tenho certeza de que o Lobo não vai conseguir derrubar. Vamos, entrem logo.

LOBO SEDUTOR [entra pelo lado esquerdo]: - Eu não acredito que essas três porquinhas bobinhas acham que podem me abalar. Essa casa também não vai aguentar [Som: toc,toc,toc]: - Tem alguém aí?

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA: - Tem sim seu Lobo bobo.

ESPERTA: - Mas estamos protegidas de você.

LOBO SEDUTOR: - Ah! Ah! Ah! Pois eu vou soprar e bufar e essa casa vou derrubar.

[Som de ventania.]

LOBO SEDUTOR [sopra, sopra e vai ficando cansado]: - O que está acontecendo, a casa não está cedendo?

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA: - Lobo bobo. Essa casa é de tijolo e cimento. E não cai com o vento.

LOBO SEDUTOR: - Eu não acredito no que estou ouvindo, vou continuar soprando para ver vocês caindo [gargalhada]. Porque eu sou o Lobo Sedutor, o terrível Lobo Sedutor!

[Som de ventania. O Lobo Sedutor sopra, sopra e vai ficando cansado, cansado até desmaiar. As três porquinhas saem de dentro da casa.]

INOCENTE: - Esperta, você tinha razão, o Lobo não conseguiu destruir sua casa.

INGÊNUA: - Sim, ela é uma fortaleza, o Lobo até desmaiou de fraqueza.

ESPERTA: - É mesmo, coitado. Mas eu espero que vocês tenham aprendido que precisamos estar atentas a tudo o que nos acontece.

INOCENTE: - Valeu a lição, de agora em diante, ninguém me engana mais não.

INGÊNUA: - Nós podemos ficar morando com você?

ESPERTA: - Lógico, um dos segredos para resolvermos esse problemão [aponta o Lobo esmaiado] será a nossa união.

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA: - Com prevenção e conscientização.

[Som de sirene de carro da polícia.]

POLICIAL [entra pelo lado esquerdo e algema o Lobo]: - Lobo Sedutor, você está preso em nome da lei. Obrigada porquinhas pela ajuda, há anos estávamos atrás desse criminoso aliciador. Por favor, ajudem a polícia a prevenir outros animais das garras e da ganância de quem quer escravizar.

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA: - Claro que ajudaremos!

ESPERTA: - Faremos de tudo para alertar outros animais desse perigo.

POLICIAL [empurrando o Lobo]: - Vamos. Acabou sua esperteza.

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA [felizes]: - Viva!

INGÊNUA: - O que podemos fazer para ajudar nessa prevenção?

ESPERTA: - Vamos usar as redes sociais orientando e informando sobre o problema do tráfico de animais.

INOCENTE: - Que tal criarmos um blog com o lema: Prevenção é a solução!

INGÊNUA e ESPERTA: - Perfeito!

INGÊNUA, INOCENTE e ESPERTA: - Então vamos! [cantam enquanto saem de cena] - Prevenção, Prevenção, Prevenção. É a nossa arma contra a enganação.