As cachorrinhas e as histórias de família
- pelegrincecilia
- 20 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Lc 1,1-4; 4,14-21
Autoras: Cecília e Rafaella Pellegrini
Cenário: O quintal e uma caixa velha num canto.
Personagens: Duas cachorras irmãs: Lalá e Lulu.
LULU [entra em cena cantando]: - Cachorrinho está latindo, lá no fundo do quintal, au, au...
LALÁ [entra em cena]: - Irmãzinha Lulu, já que estamos no nosso horário de tomar sol aqui no fundo do quintal, vamos brincar de esconde-esconde?
LULU: - Vamos Lalá! Então vá se esconder que eu vou contar até 10, aí depois será a sua vez de me procurar.
LALÁ: - Tá bom! Começa a contar, quero dizer a latir!
LULU: - Aum, Audois, Autrês, Auquatro, Aucinco...
LALÁ [fala sussurrando para a plateia]: - Eu vou me esconder aqui nessa caixa velha. A Lulu nunca me achará! [se esconde atrás da caixa]
LULU: - Quem escondeu, escondeu, quem não escondeu, escondesse. Lá vou eu!
[A LALÁ espirra por causa da poeira da caixa velha.]
[A Lulu ouve o espirro e descobre o esconderijo da irmã]: - Encontrei a Lalá: 1, 2, 3!
LALÁ: - Não valeu, eu espirrei! Tudo por causa dessa caixa velha e suja! Poxa!
LULU: - Que caixa é essa?
LALÁ: - Não sei! Vamos abrir pra ver o que tem dentro?
LULU: - Vamos! Suspense...
LALÁ e LULU: - Au, au, au, au [ritmo do tcham, tcham, tcham.]
[Abrem a caixa e as duas tem um acesso de espirros exagerados por causa do pó. Espirram e latem].
LALÁ: - Olha, tem um monte de coisa escrita aqui...
LULU: - Tem fotografias também... Quem são esses bichos todos? [fotos ampliadas de cachorros, uns com barba, óculos, etc.]
LALÁ [zombando]: - Só lendo pra descobrir né? Derrr...
[Lulu começa a ler de um jeito que só ela entende.]
LALÁ: - Pode parar de ler, Lulu e conte com suas próprias palavras o que está escrito aí porque do jeito que você lê nem um cãotradutor entende!
LULU: - Aqui diz que o nosso tataravô Dogvaldo da Silva ajudou 10 empregados dele a terem a sua própria casinha.
LALÁ [pega um papel da caixa]: - Essa conta a história da mamãe que organizou um grupo de teatr, no Colégio Cachorrês onde ela estudava. [Começa a ler...] Encenamos o Cachorrinho Vermelho e fomos apresentar num cãofanato.
LALÁ e LULU [começam a cantar]: - “Pela estrada afora, eu vou bem sozinha, levar esses ossos para a cãovózinha”.
LALÁ: - Poxa, acho que vou fazer isso também, eu adoro teatro.
LULU: - Essa é muito engraçada. Diz que a tia Piquitinha teve uma cãofessora tão brava na 1ª série, mas tão brava que a tia, com medo de pedir para ir ao pipidog, fez xixi na carçoleta. Já pensou, a saia do uniforme toda molhada e aquele xixi todo escorrendo pelo chão? Coitadinha da tia Piquitinha, essa cãofessora devia ser brava mesmo, né?
LALÁ - Escute essa daqui. O nosso bisavô, por parte de mãe era fazendeiro e queria que o filho dele, que é o nosso vô, depois de formado, cuidasse da fazenda também. Mas o vô se formou para ser professor e adorava ler. Quando ele voltou para a cidadezinha onde ele cresceu, ao invés dele ajudar o bisavô na fazenda, ele gostava mesmo é de ir pra cidade, frequentar a biblioteca e lá ele encontrou a vó que era a bibliotecária. Que lindo!
Aí um dia a vovó o convidou para ir à missa dos filhotes.
LULU: - E o vovô aceitou?
LALÁ: - Claro que aceitou. Ele gostou muito de ver toda a cãomunidade reunida, os filhotes alegres, cantando, prestando atenção. Aí ele foi convidado a fazer uma leitura e percebeu o quanto era importante, além dos livros de português, matemática, ciências, também ler a Bíblia.
LULU: - E que leitura era essa que ele fez na missa dos filhotes? O que falava?
LALÁ: - Falava que devemos ser como Jesus. Devemos amar, perdoar, repartir. Isso tudo abriu tanto a mente do vovô, que ele passou a ajudar nas atividades da Igreja e foi aí que ele conseguiu levar os nossos bisavôs para a Igreja também!
LULU: - Que mudança canina! Nossaaaa! Tive uma idéia! Tive uma Idéia!
LALÁ: - Late logo!
LULU: - Que tal, nós duas organizarmos todas essas histórias por data, desde os nossos tataravôs até hoje?
LALÁ: - Ótimo! Podemos também limpar e decorar a caixa!
LULU: - Isso! Isso!
LALÁ: - Que tal irmos à casa dos nossos parentes e convidá-los para virem aqui em casa hoje à noite e assim relembraremos de todas as histórias?
LULU: - Boa ideia! Só não concordo com uma parte.
LALÁ: - Qual?
LULU: - A de irmos à casa de cada um. Estou tão cansada... Acho melhor mandar um pombo-correio com um bilhete né!
LALÁ: - Excelente!
LULU: - Au, au, au. Como não pensei nisso antes! [animada.]
LALÁ: - O que foi? [leva um susto.]
LULU: - Decidi que não só vou organizar todas essas histórias, como vou escrever também tudo o que eu vivo com a nossa família, principalmente do que eu sinto quando o vovô me leva para a missa dos filhotes.
LALÁ: - Eu te ajudo a escrever, afinal eu também gosto muito de participar da missa.
LULU: - Gostei dessa iniciativa dos nossos antepassados de escrever. Desde criança, sabemos de cor tanta história. Por que não registrar a nossa própria história? Taí, gostei!
LALÁ: - Hoje eu sei por quê eu sinto tanta alegria em frequentar a Igreja: encontrar a cãomunidade, nossos amigos, conversar com eles, partilhar, lembrar sempre que Deus nos ama e só quer o nosso bem.
LULU [olha no relógio]: - Pois é, tudo começou com os nossos antepassados. Mas, Lalá, vamos logo porque a nossa família é grande. Haja pombo-correio.
LALÁ [fechando a caixa]: - É sim, vamos. Estou ansiosa para continuar a escrever a história da nossa família.
LALÁ e LULU: - Que é a nossa história. Vamos! [Saem juntas, levando a caixa.]
コメント