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Fraternidade e Amazônia

Atualizado: 19 de mai. de 2022

Campanha da Fraternidade 2007

Autora: Cecília Pellegrini


Cenário: RIO=um tecido azul no chão pegará toda extensão do palco ao fundo e um ator estará com uma bata azul que descerá até o chão, representando que ele é o próprio rio. Sobre o tecido azul haverá tiras pretas e coisas recicladas boiando. Do lado esquerdo, uma pessoa representando uma ÁRVORE (tipo de palmeira).

Personagens: Rio=Amazonas, Árvore=Babaçu, Pássaro=Arara e Indígena=Caianã.

OBS.: Todos os personagens entre uma fala e outra tossirão várias vezes, representando que estão doentes.

[Música triste: o rio está chorando. Entra a arara voando.]

ARARA:- Nossa, que sede, que sede, que sede. Antes havia tantos rios aqui na Floresta Amazônica, mas agora eu vôo, vôo, vôo e está cada vez mais difícil encontrar água fresca. [faz expressão facial de que sentiu um cheiro forte.] - Eca, que cheiro horrível é esse? [tenta descobrir de que lado foi e olha para a árvore.]

BABAÇU: - Arara, nem vem que não fui eu... Mas eu sei quem pode ter emitido esse cheiro. Preste atenção na minha teoria: As árvores da floresta só estão servindo para enriquecer os donos das madeireiras e tudo está sendo desmatado para ser transformado em carvão vegetal.

ARARA: - Não diga!

BABAÇU: - E digo mais Arara, os homens devoram como cupins insaciáveis a maior e a mais rica floresta tropical do planeta. Você sabia que o sofisticado perfume Chanel nº 5 tem em sua fórmula o Pau-Rosa da Amazônia?

ARARA: - Não diga!

BABAÇU: - Essa árvore está ameaçada de extinção, por isso é que eu acho que foram essas árvores aí, oh... [mostrando pessoas da plateia].

ARARA: - Que coisa feia... Foi você pau amarelo que soltou esse pum? Você sucupira? Então foi você mogno? Você cedro? Ahhhh, já sei foram vocês, seus açaizeiros. Deram um pum coletivo?

[O rio chora mais alto.]

BABAÇU e ARARA [apontam o rio e cantam]: - Foi ele, foi ele, foi ele...

ARARA: - Desculpe amigo. Eu sei que você é um grande rio, tem um nome imponente: Amazonas! Formado pelos rios Solimões e Negro, mas esse pum que você está soltando nem é mais cheiro é fedor mesmo!

RIO [chorando]: - Esse cheiro insuportável significa que despejaram mais sujeira, mais resíduo químico em mim. É o mercúrio dos garimpos, o lixo de produtos industrializados que a população, principalmente a população ribeirinha está consumindo... Eu estou morrendo...

[Som – badalo de sino avisando que algo morreu.]

RIO [chora mais alto]: - Eu estou sendo consumido, estou poluído, destruído... [fica agitado, indo de um lado para o outro]

ARARA: - Não fique assim. Quanto mais você se movimenta, mais sujeira aparece. Quanto mais mexe, mais fede, entende?

[O rio chora desesperadamente.]

BABAÇU: - Vai com calma Arara, coitadinho do rio Amazonas...

ARARA: - Ai que sede... Ai que sede... [voa de um lado para o outro.] Já vi que por aqui não tem água fresquinha e limpa. Com licença linda palmeira de Babaçu, mas subirei numa das suas enormes folhas para ver se há outro rio aqui por perto. Nossa dona Palmeira Babaçu, mas você está sujinha, hein...

RIO: - Viu, viu... Ficou zombando de mim e estás tão suja quanto eu.

BABAÇU: - Estou mesma. Ainda bem que estou conseguindo filtrar um pouco a sujeira [tosse várias vezes] e não tenho cheiro ruim, mas não sei não... Isso tudo é pura poluição! Sabiam que está difícil até para eu respirar?

RIO [triste]: - Por falar em dificuldade em respirar, vejam só o que aconteceu com mais uma centena de peixes que moravam neste rio [levanta um peixe morto.]

[Som – badalo de sino avisando que algo morreu.]

RIO: - Esse peixe é um pirarucu recém nascido. Ele adulto poderia chegar a 2 metros de comprimento e pesaria uns 100 kg.

TODOS: - Mais vida que se vai!

[Som – badalo de sino avisando que algo morreu.]

INDIGENA: [entra em cena correndo, gritando]: - Socorro, socorro!

BABAÇU-ARARA-RIO: - O que aconteceu?

ARARA: - Caianã, o que se passa, por que essa tristeza toda?

INDIGENA: - Mais uma invasão nas terras do meu povo. Acreditam que agora instalaram uma mineradora perto da nossa aldeia? As tribos Apurinã, Macuxi, Parintintin e tantas outras já foram vítimas dessa ganância do homem branco, que vem de todas as partes do mundo para levar as riquezas dessas terras.

BABAÇU-ARARA-RIO: - É, estamos sabendo.

INDÍGENA: - Nós somos os filhos e filhas da Amazônia.

RIO: - Não só os 270 mil indígenas, mas os afro-descendentes em suas 97 comunidades quilombolas, os nordestinos que migraram para trabalhar nos seringais, os colonos, os ribeirinhos, os caboclos...

TODOS: - Isso mesmo!

INDIGENA: - O pior de tudo é que a maioria das pessoas pensa que os povos da Amazônia são selvagens, que vivem no atraso e ignorância.

TODOS: - Isso é verdade?

ARARA [falando com a plateia]: - É verdade gente? Viram só, até mesmo os brasileiros não sabem responder .E sabem por que não sabem responder? Porque não conhecem os povos que vivem aqui na Amazônia.

INDIGENA: - Deixa pra lá Arara, já estou acostumada com isso.

ARARA: - Que deixa pra lá que nada. Estou vendo que este patrimônio natural, a Amazônia, está com os dias contados. São os filhos e filhas da Amazônia que são os guardiões desse patrimônio da humanidade: povos que resistiram e resistem bravamente nesta luta desigual e desumana.

TODOS [batem palmas]: - Muito bem!

RIO: - Quando será que o homem perceberá que ele, destruindo a natureza estará destruindo ele mesmo?

INDIGENA: - Aqui, os indígenas sempre souberam utilizar os recursos naturais só para sobreviverem, mas agora, depois que a modernidade chegou junto com homens que queriam só extrair, começaram a usar os serviços dos indígenas e hoje, o meu povo também quer ter dinheiro para comprar as coisas do homem branco e está ajudando a destruir a natureza.

TODOS: - Ah? Não diga!

[Som – badalo de sino avisando que algo morreu.]

ARARA: - Parem, parem, parem de falatório. Chegou a hora de agir!

INDIGENA: - Pera lá, mas, o que podemos fazer, somos apenas quatro.

ARARA: - Apenas quatro, que nada. Vejam só quantas pessoas [mostra a plateia]. Vamos divulgar, orientar, pedir ajuda.

INDIGENA: - É isso aí, vamos agir. Errar é humano, mas persistir no erro é burrice.

TODOS: - Muito bem!

INDIGENA: - A história é construída por nós, seres humanos e cabe a nós mesmos, nos unirmos para transformamos as coisas ruins em coisas boas e mudar essa situação.

TODOS [apontam a plateia]: - Você quer ajudar?

ARARA: - Vocês viram, todos querem ajudar! Então, fazemos um convite para que cada um conheça, aprecie e respeite a vida que a Amazônia guarda: seu povo, sua biodiversidade, sua beleza. É preciso conhecer para proteger. [Grita] - Amazônia!

TODOS: - Missão nesse chão!


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