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Lavanderia da Palmira

Lc 9, 28b-36

Autora: Cecília Pellegrini

Cenário: uma placa com o nome: “Lavanderia da Palmira”, um banquinho com uma bacia grande cheia de peças de roupas em cima. Ao lado, no chão, um papelão com roupas fixadas nele, para representar um monte de roupa suja e 3 personagens atrás do papelão, como que fazendo parte do monte de roupas para serem lavadas.

Personagens: Palmira, Calça (Calçoleta), Paletó (Paleolítico) e Vestido Longo (Vestidina).

PALMIRA [entra em cena, abaixa e começa a cantar enquanto lava roupa numa bacia]: -“Lava roupa todo dia, que agonia”... Ufa, vida de lavadeira não é moleza! [levanta-se]. Mas eu não posso me queixar, pois a minha lavanderia tem muitos clientes. Ah, não me apresentei, sou Palmira, uma legítima baiana, tataraneta de escravos que fugiram para o Quilombo dos Palmares. Por isso me chamo Palmira, entenderam? A prosa tá boa, mas vejam quanta roupa ainda falta para eu lavar [mostra o monte]. Vou continuar na lida. Ih, acabou o sabão. Vou comprar mais [sai de cena].

CALÇA [sai do monte]: - Venha, venha, a barra está limpa [olha para os lados].

PALETÓ [sai também, meio desconfiado]: Calçoleta, tem certeza de que não tem ninguém?

CALÇA: - Pode vir Paleolítico. Tem essas crianças aqui ó [ mostra as crianças da plateia], mas elas são gente pequena e sabem que nas historinhas tudo pode falar.

PALETÓ: - Ainda bem porque eu não aguentava mais ficar parado. Parece que a Palmira está meio devagar hoje, você não acha?

CALÇA: - Ela danou-se a falar com essas crianças por isso o serviço dela não rende.

VESTIDO [coloca um braço para fora do monte]: - Seus tagarelas, será que dá para vocês pararem com essa fofoca e vir me ajudar a sair desse monte de roupa suja?

CALÇA: - Acabou o nosso sossego, a chata da Vestidina acordou.

PALETÓ: - Mas ela é um vestido longo belíssimo. Como sou um paletó a moda antiga...

CALÇA: - Por isso chama-se Paleolítico, óbvio.

PALETÒ: - Não posso deixar de atender a um pedido de uma dama. Vestidina, já estou indo ajudá-la.

[Os dois vão ajudar o vestido longo.]

VESTIDO: - Eu ouvi você me chamando de chata, viu dona Calçoleta. Mas obrigada por me tirarem desse monte de roupa suja e fedida.

PALETÓ: - Vamos aproveitar que a Palmira saiu e vamos conversar? Ei crianças, avisem se virem ela chegando, tá? Roupa não fala na frente de adultos.

VESTIDO: - Vocês avisarão, gracinhas? Que fofos.

CALÇA: - Ei, vocês não acham que está demorando mais para ficarmos limpos? Parece que a Palmira está cada dia mais cansada. Ela demora muito para dar conta de toda a roupa suja.

VESTIDO: - Você grosseirona, com esse jeans todo, dá mais trabalho para ela mesmo. Eita calça grossa, pesada!

CALÇA: - Eu sou grossa sim, mas ela demora mais para lavar você, sabia?

VESTIDO: - Também pudera, sou finíssima, delicada, um vestido social, de festas chiques, de gala. Não uma calça durona, feito você [fala em tom de briga].

PALETÓ: - Parem senhores. Vamos aproveitar nosso tempo de folga sendo amigos, conversando sobre assuntos interessantes e não discutindo.

[Palmira entra cantando]

VESTIDO: - O quê? A Palmira vem vindo?

CALÇA, PALETÓ e VESTIDO: - Vamos, vamos... [vão atrás do monte de roupa, porém o rosto dos 3 fica aparecendo].

PALMIRA: - Aqui está mais sabão. Vamos continuar com a lavação [abaixa-se e começa a cantar novamente]: - “Lava roupa todo dia, que agonia.”

[O celular dela toca. Palmira levanta-se, enxuga as mãos e atende]: - Alô, Lavandeira da Palmira. Sim, ela mesma. Isso, isso, sim, exatamente. O quê? Eu fui a ganhadora do Concurso do Domingão do Sabão? Eu ganhei uma máquina de lavar roupas? [O paletó e a calça fazem uma expressão de alegria e o vestido de tristeza]. - Tá, tá, sim, sim. Irei receber o prêmio imediatamente. Obrigada. Até logo [desliga o celular e fala com as crianças da plateia]: - Vocês ouviram? Eu ganhei uma máquina de lavar roupa. Deus atendeu as minhas preces. Obrigada Senhor! Vou agora mesmo buscar o meu prêmio. Tchauzinho [sai de cena].

[As roupas saem do monte].

VESTIDO [chorando]: - Não, não, não.[chora com o som de vivivivivivivivivivi].

PALETÓ: - Qual o motivo da choradeira, Vestidina?

VESTIDO: - A Palmira ganhou uma máquina de lavar roupa [chora vivivivivivivivivi.]

CALÇA: - Isso é ótimo: Ela vai se cansar menos e estaremos limpos rapidamente. Isso é uma maravilha.

VESTIDO: - Eu sou muito delicada, na primeira lavada essa máquina vai me rasgar toda. Pra esfregar a máquina faz “chileque” pra cá, “chileque” pra lá [faz os movimentos da máquina] E pra centrifugar então, vai fazer assim ó [faz movimentos circulares rápidos enquanto chora]

CALÇA [girando]: - Eu vou adorar esse movimento. Viu como é bom ser feita de tecido grosso? Pois eu quero que a Palmira coloque na posição Turbo [começa a se mexer exageradamente.]

VESTIDO [chorando]: Será o meu fim... Vivivivivivivi

[A calça faz mais gestos e sons da máquina deixando o vestido sofrendo ainda mais.]

PALETÓ: - Para, para Calçoleta. Você não está vendo o sofrimento da nossa amiga? [vai até o vestido]: - Ei Vestidina, calma, amiga.

VESTIDO: - Meu fim está próximo.

PALETÓ: - Cadê a sua fé? Que tal rezarmos?

VESTIDO [respira fundo e se recompõe]: - Poxa, como não pensei nisso? Obrigada amigo Paleolítico. Sim, vou orar muito e pedir ao grande Mestre Costureiro uma solução.

PALETÓ: - Ele irá ouvir as suas preces e te ajudará. Confie.

CALÇA: - Vestidina, eu não lhe desejo nenhum mal. Também quero me unir a vocês nessa aliança com o nosso Mestre Costureiro. Ele que nos criou com tanto amor e carinho irá lhe atender.

[Música calma]

[paletó, calça e vestido vão atrás do monte, ajoelham-se e ficam em posição de oração.]

PALMIRA [entra]: - Ei crianças, a máquina é linda! Cabe 50 quilos de roupa de cada vez. Vão arrumar 5 carregadores para trazer a máquina aqui pra Lavandeira! Obrigada, meu Deus, muito obrigada. Agora vou poder pegar mais clientes. Tudo vai pra máquina, menos as roupas delicadas de seda, cetim, organza... Como este vestido aqui, ó [pega o vestido e traz pra frente] os tecidos finos serão lavados a mão, com muito, muito carinho. Vou ficar na porta para esperar o caminhão chegar com o meu prêmio [sai de cena].

VESTIDO: - Viva, viva. Vocês ouviram? [Abraça o paletó e a calça]: - Obrigado Paleolítico por me mostrar a importância da fé, da oração.

PALETÓ: - Lembrem-se sempre de que não estamos sozinhos e a oração é uma ligação [faz gesto sentido vertical] do céu com a terra.

VESTIDO: - Ela nos dá esperança...

TODOS: - É uma linda aliança.

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