Missão de Servir!
- pelegrincecilia
- 9 de mar. de 2021
- 5 min de leitura
Mc 10, 35-45
Autora: Cecília Pellegrini
Ratolândia estava em festa, pois o rato médico Ratul chegou para trabalhar na cidade e uma rata senhora da alta sociedade ofereceu um lindo jantar em sua homenagem.
Os empregados Rata Bem e Rato Bom deixaram tudo perfeito para o magnífico jantar.
Na hora marcada os convidados foram chegando e o salão logo se encheu com todos interagindo, comendo, rindo, etc. Os empregados se apressavam servindo o tempo todo, para que nada faltasse.
A Rata Olinda também foi convidada e chegou muito ansiosa: - Uau, quantos ratos na festa! Ainda bem que vim com um vestido chiquérrimo.
Ela observou alguns convidados e saiu cumprimentando com beijos e abraços exagerados, que quase esmagavam os convidados. De repente ela encontrou uma amiga chamada Rata Orlanda: - Oi, querida!
Rata Orlanda correspondeu: - Rata Olinda! Há quanto tempo! Você também foi convidada?
Rata Olinda respondeu: - Lógico né?. Eu sou a rata mais ratalada, quero dizer mais badalada da Ratolândia.
A amiga concordou: - Sim, sim. Pois eu vim mesmo é para prestigiar o homenageado da festa.
E a Rata Olinda começou a contar tudo o que sabia: - Já sei que ele se chama Ratul, que é um camundongo de laboratório, se formou médico, é bonitão, fortão. Ouvi dizer que ele não é ratado. Você sabe se ele é ratado, quero dizer casado?
- Não. Respondeu Rata Orlanda.
A amiga quis saber: - Não é casado?
Rata Orlanda confessou: - Não, eu não sei.
Decepcionada, rata Olinda responde: - Ah, que pena. Mas assim que ele chegar eu descubro.
De repente ela avista a dona da casa no salão e confidencia para a amiga: - Olha só, veja a dona da casa. Ai, eu não gosto dela.
Mas com a maior falsidade cumprimenta a dona da casa de longe: - Oi, querida, eu vim à sua festinha, meu amor!
E logo em seguida sussurra para Rata Orlanda: - Eu só vim mesmo pra tentar arrumar um namorado.
Volta a falar alto com a dona da casa: - Você está linda, chique, maravilhosa queridinha!
A Rata Orlanda não aguentou tanta falsidade: - Rata Olinda, desculpe mas está dando na vista.
E a Rata Olinda se justificou: - Rata Orlanda, é preciso buscar privilégios dentro da comunidade, meu bem!
Mas a amiga discordou: - Pois eu não acho. Isso é se aproveitar das pessoas, da situação. Precisamos nos relacionar bem com todas as pessoas, sem interesses.
Como Rata Olinda não gostava de ouvir verdades, ela logo desviou o assunto: - Olha, quanta comida!
E foi pegar um petisco quando o médico homenageado Ratul chegou. Todos o cumprimentaram: - Seja bem-vindo!
Claro que a Rata Olinda correu ao seu encontro: - Dr. Ratul, entre, fique à vontade.
E depois cochichou para a amiga Rata Orlanda: - Nossa, eu me segurei para não tascar um abração e um beijão nele.
A amiga também cumprimentou o homenageado: - Estamos muito felizes em estarmos aqui para homenagear um cidadão que ajuda tanto nossos irmãos e irmãs, os ratinhos que sofrem, que estão doentes.
Ratul agradeceu: - Muito, mas muito obrigado pela homenagem, mas eu tenho a missão de servir e luto para combater toda atitude que cause sofrimento aos ratos.
A Rata Orlanda concordou: - O senhor está certo Dr. Ratul, nós, os ratos somos portadores de muitas doenças transmissíveis aos homens, como leptospirose, hantavírus, peste bubônica...
Após refletir a amiga concluiu: - Será que é por isso que muito humano tem medo da gente? Mas, mudando de assunto Dr. Ratul, logo mais a dona da casa...
Ao ouvir sobre a dona da casa, ele contou: - Ela está na outra sala e me recebeu super bem. Eu agradeci muito esta festa que ela organizou.
A Rata Olinda confirmou: - Sim, sim ela é uma gracinha! Então, me deixa falar antes que ela chegue. Eu precisava que você fizesse um favor para nós duas. Você faz?
E apontou ela e a Rata Orlanda.
A amiga ficou super preocupada e foi pertinho dela e confidenciou: - Pra nós? O que você vai aprontar agora Rata Olinda?
Mas a Rata Olinda respondeu: - Fica na tua. Deixa comigo!
- O que vocês querem que eu faça? Perguntou Dr. Ratul.
A Rata Olinda o levou perto da mesa de jantar e mostrou a cadeira toda enfeitada: - Veja esta cadeira enfeitada. A dona da casa virá e dirá a todos que esse lugar de honra é pra você. Deixa-nos sentar eu à tua direita e a Rata Orlanda à tua esquerda?
A amiga puxou a Rata Olinda para um canto: Mas o que é isso?
E a Rata Olinda respondeu: - Você acha que eu vou perder a oportunidade de todos me olharem também? Já pensou que prestígio estar ao lado do rato médico mais ilustre da festa?
Dr. Ratul calmamente explicou: - Você não sabe o que está me pedindo. Somos sim, todos ratos iguais em nossa missão de entregar um pouco de nós para o bem de todos, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aquele a quem foi reservado.
Nessa hora todos os que estavam na sala ouviram e perguntaram curiosos: - E para quem foi reservado?
O médico foi até as cadeiras da direita e da esquerda e pegou o papel com os nomes: - Vamos ver: está reservada para a Ratabem e o Ratobom.
Os dois empregados perguntaram admirados: - Nós?
Todos os convidados também questionaram: - Eles?!
Dr. Ratul pegou na mão dos dois empregados e os trouxe para junto dele: - Sim, quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos.
Rata Olinda, com desdém perguntou: - Quer dizer que eu tenho que virar empregada?
E a amiga Rata Orlanda explicou: - Claro que não. O ser escravo significa servir, que significa ajudar, repartir.
Então Rata Olinda disse que já fazia aquela ação: - Mas eu reparto. Por exemplo, ontem mesmo eu peguei tudo quanto é alimento vencido na minha despensa, as roupas velhas, já furadas, bijuterias quebradas e levei tudo na creche que a comunidade do Macacalhães ajuda. Estou com a alma lavada!
Mas a amiga corrigiu: - Só se for lavada de lama né? Como você pode doar um alimento vencido? Pode deixar algum rato doente. E bijuterias, ou brinquedos ou qualquer outra coisa quebrada! Você gostaria de recebê-los como presente?
- Claro que não! Afirmou Rata Olinda.
Dr. Ratul completou: - Então, é preciso ajudar, repartir, mas aquilo que nossos irmãos poderão comer, usar, entendeu?
E eis que a rata Olinda faz uma revelação: - Poxa, eu entendi a vida até hoje totalmente errado.
A amiga quis saber os detalhes: - Como assim?
E a Rata Olinda explicou: - Eu sempre pensei que ser o primeiro é ter mais coisas, mais dinheiro, mais fama, mais empregados...
- O segredo é servir e não ser servido! Afirmou Dr. Ratul.
Para ver se tinha aprendido a rata Olinda perguntou: - Será que eu entendi? Quem quiser ser o primeiro tem que procurar ajudar a todos?
E todos os presentes responderam em uníssono: - Sim!
Rata Olinda, com muita determinação falou: - Amigos, prometo que vou tentar, não sei se consigo, mas vou me esforçar bastante, porque sabe como é né, eu achei que tivesse nascido para brilhar e não para servir. Mas vocês têm certeza disso? Quem quiser ser o primeiro tem que procurar ajudar a todos?
E mais uma vez todos concordaram: - Sim!
Dr. Ratul completou: - Exatamente! É servir e não ser servido.
E a partir daquele dia a Rata Olinda tornou-se melhor, ajudando Ratolândia a ser uma cidade cada vez mais justa e feliz!
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