Nasce o jardim!
- pelegrincecilia
- 5 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
Jo 20,19-23
Autoras: Regina Camilli e Cecília Pellegrini
Três flores estavam no jardim olhando para os lados, demonstrando muito medo. Depois deitaram-se no chão e se cobriram com terra.
Margô, tremendo muito, falou: - Ai, que medo! Será que eles nos viram entrar aqui? Vou jogar mais terra sobre mim.
Cravina disse brava: - Fale baixo Margô! Você quer ser descoberta?
Esporinha retrucou: - Parem com isso! Já estou com medo e vocês duas ficam falando alto? Logo, logo eles virão e nós estaremos fritas, quero dizer... arrancadas, esmagadas!
As três sussurraram e tremeram mais ainda: - Ai, que medo!
A abelha Iraí entrou no jardim procurando pelas três: - Flores, flores, onde estão vocês? Preciso de ajuda! Margô, Cravina, Esporinha... Não conseguirei sem a ajuda de vocês, preciso de pólen! Por favor...
Margô pediu: - Fale baixo! Não tá vendo que já está noitinha!
Cravina continuou: - É, a noitinha os perigos aumentam...
Muito brava a Esporinha ordenou: - Vá embora sua, sua... Voe para seu enxame! Saia daqui!
Iraí tentou intervir: - Mas florezinhas, não tenham medo, nossa amiga Lua e suas companheiras estrelas logo estarão no céu, iluminando tudo aqui. Além disso, depois da noite, sempre há um novo dia!
Margô insistiu: - Não vamos sair daqui! Nos deixe aqui, camufladas nessa terra.
Esporinha complementou: - E fique sabendo que essa camuflagem toda está dando certo há 50 dias e 50 noites.
Cravina concluiu: - Estamos com muito, muito medo.
Iraí falou: - Mas aí dentro também está tudo escuro!
- É, mas aqui ninguém irá nos encontrar! Cravina explicou.
A abelha contradisse:- Como não?! Eu não as encontrei? Parem com isso!
Muito brava Esporinha afirmou: - Encontrou porque é muito enxerida, abelhuda e chata!
Depois falou com as outras flores: - Vocês sabem que essa zinha aí não me desce. Eu não gosto dela.
Margô tentou amenizar: - Calma Esporinha! Sei que você não gosta da Iraí, mas ela está tentando nos acalmar, só isso!
Mas Esporinha estava muito irritada: - Acalmar o quê! Sempre com esse nhenhenhém! Ela é muito chata.
Cravina explicou: - Sabe Iraí, nós não vamos sair depois do que fizeram com a nossa querida amiga e mestra árvore.
Margô continuou a contar: - É, foi horrível! Vieram com um machado enorme e derrubaram a árvore e depois a cortaram inteirinha! Não queremos que aconteça o mesmo conosco.
As flores confessaram: - Não queremos morrer também!
E esporinha colocou um basta: - Vá embora!
Muito triste, Iraí falou antes de sair: - Só queria dizer que também tenho medo, mas não fico me escondendo! Eu aprendi muito com a árvore e vou enfrentar meus medos e mostrar ao mundo que a conheço e quero transmitir o que ela me ensinou. Sei que ela quer isso de mim. Adeus!
Esporinha ficou xingando: - Vai, vai embora, com esse zumbido horroroso.
E as três se enterraram novamente.
Uma música suave começou a tocar. Era o espírito da Árvore. Ao ouvir o som, as três saíram debaixo da terra e olharam admiradas para a Árvore.
Margô exclamou: - Olhem, é a Árvore!
A árvore cumprimentou: - A paz esteja com vocês!
Cravina disse: - Mestra, pensamos que você já era!
Esporinha mostrou: - É, vejam as marcas de machado em seu caule!
As três falaram em uníssono: - Oh, que horror!
Margô revelou: - Estamos com muito medo porque querem acabar com todos que te conhecem.
A árvore explicou: - Assim como a Mãe Natureza me enviou para ensinar as coisas boas e certas para vocês, eu também envio vocês pelo mundo, para formarem um lindo jardim.
Preocupada, Cravina perguntou: - Você quer que a gente saia daqui?
Esporinha completou: - Que enfrente os machados, machadinhos e machadões?
Margô, Cravina e Esporinha ficaram muito nervosas: - Com esse medo todo?
Calmamente, a Árvore explicou: Tanto eu quanto a Mãe Natureza estaremos com vocês, todos os dias.
Depois ela estendeu um dos seus galhos em cada flor e elas se acalmaram: - Cada uma de vocês tem dons especiais e devem sempre os colocar a serviço de todos. Que o amor vença todos os males.
As três flores falaram com determinação: - Conte conosco Mestra!
A Árvore foi saindo e a Esporinha foi atrás dela: - Árvore, Árvore! Eu queria muito que a senhora perdoasse todas as maldades que eu fiz, principalmente por eu maltratar tanto a Abelha Iraí.
A Mestra respondeu: - Não é a mim que você tem que pedir perdão, mas sim para a própria Iraí. Ela é que tem que perdoar você. Vá Esporinha, jamais tenha vergonha de fazer o que é certo.
Esporinha falou: - Você tem razão. Obrigada Mestra.
A Árvore saiu e a Abelha logo chegou: - Que alegria vê-las fora da terra.
Margô explicou: - A Mestra Árvore nos envolveu com seu imenso amor e agora estamos decididas a ir ao encontro das flores, das plantas...
Esporinha continuou a fala e foi chegando perto da Iraí: - Dos insetos, dos mosquitinhos, das joaninhas, das abelhinhas.
A abelha colocou a mão na testa da Esporinha e perguntou: - Tudo bem com você Esporinha?
A flor respondeu: - Sim, está tudo bem. Eu quero pedir desculpas a você Iraí por brigar tanto. Você me perdoa?
- Claro! No nosso jardim, o amor e o perdão sempre estarão. Respondeu Iraí.
Todos ouviram a voz da Árvore: - Agora todas vocês vão levar mensagem da alegria, do amor, da união, da honestidade, da verdade a todas as plantas, insetos, mosquitos, joaninhas, abelhas e a todos os animais... Eu vou acompanhar vocês... Estarei sempre com vocês...
Margô exclamou: - Vamos que temos muito a fazer.
Cravina continuou: - Temos que levar essa boa notícia a todos.
E Esporinha completou -Temos que mudar nosso mundo, mudar as pessoas, construir a união e a paz...
Todas falaram animadas: - Vamos. Tchau!
Comments