Natal: um convite à transformação
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2022
- 9 min de leitura
Lc 1,25-38
Autora: Cecilia Pellegrini - Colaboração de Vera Pastrello e Regina Camilli
Utilização dos personagens do Conto de Fadas A Bela e a Fera
Olá, amiguinhos, com certeza vocês já ouviram a fábula da Bela e da Fera, né? Pois bem, a historinha de hoje se passa no castelo da Fera.
Certa vez a mãe Bule e sua filha Xícara entraram apressadas no salão do castelo trazendo enfeites de Natal para completar a decoração para a festa natalina.
A mãe disse: - Rápido filhinha, vamos terminar de colocar esses enfeites.
A filha Xícara, muito animada falou alto: - Sim mamãe! Eu adoro o Natal!
Sua mãe interveio imediatamente: - Psiu, não fale alto, senão a Fera pode ouvir. Ele detesta criança!
De repente ouve-se o alarme do Relógio. Era o Tic-Tac: - Bule, Xícara, rápido com esses enfeites, o patrão não gosta de atrasos.
Depois chamou bem alto: - Castiçal Brilhantina! Castiçal Brilhantina!
Brilhantina entrou rapidamente: - O que foi Relógio Tic Tac?
- Tá na hora do vendedor passar. Respondeu Tic Tac, com precisão.
Com desdém o Castiçal falou: - Eeeeeee o que eu tenho com isso?
Mas foi a Fera que entrou falando bravo: - O que você tem com isso? Você só vive para obedecer às minhas ordens.
Depois apagou uma das chamas do Castiçal: - Olha o que eu faço com funcionários como você!
Todos exclamaram com medo: - Oh!
A pequena Xícara falou indignada: - Seu malvado!
Mas logo colocou a mão na boca, pois lembrou que não poderia ter falado nada.
A Fera ficou furioso: - Tire essa criança-xícara fedelha daqui, já!
A mãe Bule, com muito medo respondeu: - Sim senhor, sim senhor!
Depois pegou a filha e a levou para outro cômodo.
A Fera falou bravo com o Castiçal: - Você é o mordomo. Faça o que eu mando. Quero muita comida pra mim nesse Natal!
- Sim senhor, sim senhor, sim senhor... O Castiçal respondeu temeroso.
O vendedor era o Sr. Amarildo, pai da Bela, que estava com o seu Burro trazendo no lombo uma cesta pesadíssima, cheia de produtos para serem vendidos e doados.
O Relógio falou olhando para fora do palácio:- O vendedor já está chegando Senhor!
- Chame-o imediatamente. Ordenou o dono do palácio.
Tic Tac deu o recado: - Ei, Sr. Amarildo, o meu patrão quer falar com o senhor.
O Burro ficou empolgado e já ficou se arrumando todo para ficar na presença da Fera: - Uauuu, o poderoso chefão! O que manda em tudo e em todos.
Com muita humildade o vendedor entrou: - Pois não, com licença senhor...
A Fera falou imponente: - Eu fiquei sabendo que o senhor anda vendendo comidas no meu reino. Eu quero provar porque nada acontece por aqui sem que eu controle.
- Mas é claro! Eu vendo pães, bolos, queijos e doces. Prove!
Ele deu um pedaço de queijo para ser provado pelo nobre.
A Fera exclamou: - Hummmm, mas que delícia! Nunca provei comidas tão saborosas! Eu quero tudo o que está no lombo do Burro porque meu Natal precisa ser farto e delicioso!
O vendedor explicou: - Eu posso vender uma parte ao senhor, mas eu também ajudo umas pessoas carentes que moram na vila e eles não têm nada para comer... O senhor sabe, o Natal...
Mas o nobre interrompeu: - Primeiro que não falei em comprar e segundo que você ficará aqui no palácio fazendo essas comidas para mim para a ceia do Natal.
O pobre comerciante não acreditava em tal proposta:- Eu? Cozinhando? Minha filha Bela é quem faz as comidas.
A Fera ficou muito, mas muito bravo: - Então mande sua filha aqui o mais rápido possível, senão você será castigado.
Depois gritou: - Saiam já daqui, vão logo, saiam!
O Burro levou o maior susto e o vendedor obedeceu: - Sim, sim senhor. Vamos Burro...
Após a saída do Sr. Amarildo, a Fera disse ao Castiçal Brilhantina: - Leve esta cesta para o jardim que tomarei meu café lá. Vamos!
Depois da saída deles, Tic Tac falou para as paredes: - Por mil minutos e segundos, alguém tem um floral aí para acalmar o meu patrão?
A mãe Bule e a Xícara viram o chefe comendo as deliciosas comidas no jardim e aproveitaram para irem ao salão terminar a decoração: - Vem filhinha, a Fera não está aqui!
O Burro trouxe a Bela até o castelo: - Obrigada Burro, você me trouxe direitinho até aqui.
Ele respondeu nervoso: - Mas confesso que eu preferiria nunca mais pisar nesse castelo... Aquele meio homem, meio bicho é muito feroz! Ele é malvado, egoísta...
A jovem lhe dá um beijo: - Calma burrinho, calma...
Depois entrou no castelo: Olá, sou Bela, filha do vendedor.
A mãe e a filha ficaram admiradas: - Que linda!
Tic Tac confidenciou: - Que bom que você veio rápido.
De repente a Fera aparece muito bravo no salão e a Xícara se escondeu debaixo da saia da mãe dela: - O que está acontecendo? Gritou a Fera, mas quando viu a Bela ficou encantado e falou mais brando: - Então você é a filha do vendedor das comidas mais deliciosas que eu já comi?
- Sim, meu nome é Bela. Eu vim até aqui porque o senhor não pode pegar as comidas que fazemos para vender. O senhor precisa pagar por elas e, principalmente, não pode pegar aquelas que eram para o Natal dos nossos irmãos que passam fome.
A Fera falou: - Mas é claro que eu posso, sou eu que mando em tudo e em todos! Veja, quanta riqueza, as terras desse reino são minhas, então tudo é meu.
Mas Bela não se intimida e continua a falar- O senhor está sendo egoísta, maltratando e enganando as pessoas, parece um...
Ele, muito bravo a interrompeu: - Pareço um animal feroz, não é? A cada dia eu me transformo num felino voraz, com vontade de devorar o mundo..., mas chega de conversa e vá já para a cozinha. E você, seu Pangaré Burro vá para o estábulo...
O Burro muito triste obedeceu e saiu.
A Bela tentou argumentar: - Mas...
A Fera soltou um rugido e mostrou as garras.
A mãe Bule aconselhou: - Vamos Bela, é melhor obedecer.
- E lembrem-se que faltam apenas 3 dias para o Natal. Não suporto atrasos... Vão trabalhar, vão... Ordenou a Fera em altos brados.
Todos saíram e a Fera foi atrás gritando. O Relógio ficou no salão e os minutos se passaram rapidamente: - Tic, tac, tic, tac já se passaram as horas, tic, tac, tic, tac lá se foram 3 dias, tic, tac, tic tac hoje é especial! Tic Tac, tic tac chegou o Natal!
A Bela, o Castiçal, a mãe Bule e a filhinha Xícara entraram com o anúncio da chegada do dia de Natal. A jovem foi a primeira a falar: - Amigos, será que a Fera deixará eu passar o Natal com o meu pai?
A Xícara foi sincera: - O patrão malvadão vai dizer não.
O Castiçal completou:- Ele já disse que hoje todos nós teremos que estar no castelo para servi-lo.
Nisso chegou no jardim do castelo uma mulher grávida e o seu marido. Ela começou a gemer com as dores de parto.
O marido chamou nervoso: - Oh de casa, alguém me ajude, por favor.
La dentro a Bela pediu: - Abra a porta Relógio é alguém em apuros.
Mas Tic Tac deu sua opinião: - O patrão não ajuda ninguém, melhor não abrir.
O Castiçal falou: - É melhor não abrir Bela!
A Xícara: - A Fera ficará uma fera!
Mas para a Bela era inimaginável não acolhê-los: - Imagina negar socorro!
Depois foi e abriu a porta.:- Entrem.
O marido agradeceu: - Obrigado! Minha esposa está com muita dor...
A Esposa relatou, gemendo muito: - O bebê irá nascer a qualquer momento.
O Relógio, Bule, Castiçal e a Xícara ficaram muito nervosos com medo da Fera ouvir.
A mãe Bule pediu: - Falem baixo, a Fera pode ouvir...
O Castiçal Brilhantina sugeriu: - Vocês precisam ir embora, rápido...
Mas a mulher não estava conseguindo conter a dor e deu um gemido alto: - Aiiiii
A Xícara pediu silêncio: - Psiuuuuuuu!
A Bela tomou uma decisão: - Eu vou escondê-los no estábulo...
Os amigos a preveniram: - Mas Bela, a Fera ficará uma fera!
A jovem respondeu: - Não podemos deixar uma criança nascer no meio da estrada, no meio do nada. Vamos...
Então a jovem levou o casal para o estábulo.
Tic Tac falou nervoso: - Ai, ai, ai, por mil minutos... Se o patrão descobrir não quero nem pensar...
Os outros empregados completaram: - A Fera ficará uma Fera...
O Castiçal sugeriu: - Vamos agir normalmente até o nascimento da criança.
No estábulo Bela agradeceu: - Boi, obrigada por acolher tão bem meu amigo Burro no estábulo, mas peço humildemente que você acolha também esse casal porque a qualquer momento uma criança irá nascer.
O Boi respondeu: - Um bebê nascerá aqui? Mas esse lugar é tão humilde.
Os empregados do castelo foram até o estábulo, mas a Fera apareceu bem atrás deles e muito bravo deu uma cheirada no ar: - Sinto um cheiro diferente...
A Mãe Bule tentou disfarçar: - Deve ser o cheiro do Boi e do Burro que não tomam banho há dias...
Os dois animais se entreolharam e cheiraram embaixo da pata: - O quê? Será que estamos fedorentos?
A Fera, mais bravo ainda gritou: - Mas é cheiro de gente...
Ele empurrou os empregados para conseguir passar: - Mas o que que é isso?
O marido da mulher grávida explicou: - Senhor, minha esposa está prestes a ter um bebê...
Mas a Fera não se comoveu: - E eu com isso? Saiam já das minhas terras, vão embora, saiam...
A mulher gravida deu um gemido muito forte de dor.
A Bela abraçou a Fera e falou chorando: - Por favor, eu te peço, eu imploro...
As lágrimas da jovem comoveram a Fera: - Calma Bela, não precisa chorar.
Mas ela continuou: - É muito triste ver uma pessoa como o senhor, com tanto dinheiro, não partilhar nada com ninguém. Fera, você é feliz vivendo assim?
A mãe Bule cochichou: - Só falta ele dizer que é feliz sendo tão ruim!
O Castiçal e a Xícara ficaram na torcida: - Diga que não, diga que não!!
O Relógio pediu aos amigos para fazerem silêncio: - Psiiiuuuuu
Nisso a Fera deu a resposta tão esperada: - Não! Eu não sou feliz sendo ruim.
Os empregados ficaram muito alegres: - Viva!
A Fera olhou para eles e deu sinal para se retirarem. Os empregados se recompuseram da euforia e saíram apressados.
A Bela aproveitou o fato da Fera ter confessado que não era feliz e revelou: - Pois veja Fera, há muito tempo, no dia de hoje um outro casal, cuja mulher estava grávida, não tinha onde ficar. Com muita dificuldade o casal conseguiu um lugar numa estrebaria.
- Quem era esse casal? A Fera perguntou curioso.
- Era Maria e José. Maria deu à luz a um menino, Jesus, filho de Deus, que veio para transformar o mundo, nos ensinando que a maior riqueza é ser uma pessoa justa, amorosa e solidária.
A Fera que ouvia a história com atenção, ficou pensativo e revelou: - Então, quer dizer que... que esse é o espírito do Natal: transformação! Como nunca pensei nisso! Diga-me Bela por onde eu posso começar? Eu quero me transformar!
A jovem ensinou: - Primeiro não expulsando esse casal.
Prontamente a Fera concordou: - Sim, claro. Podem ficar...
Nisso a mulher teve uma contração muito forte: - Aiiiiii...
O marido avisou: - Acho que já vai nascer.
A Fera muito animado: - Vai nascer? Agora? Agora? Preciso fazer uma coisa. E saiu apressado.
Todos vieram até o estábulo para presenciarem o momento do nascimento da criança.
A Fera foi até a casa do Sr. Amarildo e o trouxe para passar o Natal no castelo. Depois ele providenciou muitas doações para aquele pobre casal e para todas as pessoas carentes do reino.
A Bela ficou muito feliz ao ver o seu pai: - Papai. E os dois se abraçaram longamente.
A Fera disse: - Quero partilhar os meus bens e peço desculpas por tudo o que fiz. Prometo que daqui pra frente serei melhor.
Diante dos olhos de todos um milagre aconteceu! A Fera se transformou e disse maravilhado: - Vejam, bastou eu começar a ajudar para minha condição humana voltar!
A Bela correu abraçá-lo: - A grande transformação se dá quando amamos além de nós mesmos, quando mudamos nossos piores defeitos para dar os melhores exemplos.
Nesse momento ouviu-se um choro de bebê.
O Boi balançou um sininho que trazia no pescoço e gritou: - O bebê nasceu!
E a Bela completou: - Ele veio exatamente como o Menino Jesus! Num santo e feliz Natal!
Todos cantaram: - “Bate o sino pequenino sino de Belém! Já nasceu Deus Menino para o nosso bem... Paz na Terra pede o sino, alegre a cantar. Abençoe Deus Menino, este nosso lar”.
A alegria tomou conta daquele castelo e a vida de todos mudou para melhor e viveram felizes para sempre!
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