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O acerto de contas

Mt 25,31-46

Autora: Cecília Pellegrini

Cenário: Dividido em duas partes: lado direito é a casa da vaca e do lado esquerdo é a casa da cabra.

Lado da vaca: milho, um saco escrito ração, uma bicicleta ergométrica, uma cadeira de couro e um tapete de couro. Um móvel com casaco, calça e calçado de couro, pincel.

Lado da cabra tudo muito simples: sem móveis e pouca comida.

Personagens: Vaca, Cabra, 4 cabritinhos, 2 porquinhos, Leão.

[Música A Vaquinha do CD Festa dos Bichos - Lado B - 05 - Turminha Patati Patata.]

[A vaca, com enormes tetas, entra com um balde na mão. Quando chega em sua casa começa a cantar o refrão junto com o CD.]

VACA [coloca o balde no chão e finge ordenhar em suas tetas]: - “Tira o leite que a vaquinha tem, e o bezerro vem beber também”... Parou! Que negócio é esse do bezerro beber também? Eu sou uma vaca leiteira sim, mas não dou meu leite pra ninguém. Não adianta ficarem olhando feito uns bezerros desmamados [fala com as crianças da plateia] esse leite quentinho, gostosinho é só meu. Sabem pra que eu uso? Para o meu banho matinal. A nata deixa minha pele suave, macia... [finge embelezar-se.]

[Entra em cena uma cabra com seus cabritinhos.]

CABRA e CABRITINHOS: - Meééééééééé.

VACA: - Parem com esse méééééé. Que gritaria é essa. Que vizinhos mais barraqueiros.

CABRA: - Desculpe dona Vaca, como é mesmo o seu nome?

VACA: - Dona Vaca Mesquinha. Se não sabe o significado de Mesquinha vá ao dicionário e procure.

CABRITINHOS: - Meééééé [a vaca fecha os ouvidos.]

CABRA: - Psiu filhinhos. A dona vaca Mesquinha não quer barulho.

VACA [indo pra cima dos cabritinhos]: - Isso mesmo cabritos insolentes, a dona Vaca não quer ouvir barulho. Quietos [cabritinhos ficam com medo.]

CABRA [afaga os filhotes]: - Desculpe dona Vaca, mas meus filhinhos estão com fome. O pasto está muito ralo com essa seca toda. Não tenho quase nada para dar a eles.

VACA:- Ora, dê o seu leite.

CABRA: - Bem que eu queria ter tetas fartas quanto as suas, mas como eu não tenho comido direito, meu corpo não consegue produzir muito leite.

VACA: - Quem mandou ter esse monte de cabrito. Bem fiz eu que não tenho bezerro pra mamar.

CABRITINHOS: - Mééééééé.

CABRA [afaga os filhos]: - Psiu.

VACA [para a plateia]: - Já vi que esses cabritos vão me encher a paciência [entra em sua casa.]

CABRA: - Até logo, dona Vaca. [vaca não responde.]

VACA [falando com a plateia]: - Nossa, vocês viram a casa daquela Cabra? Que mal gosto, que sem nada. A minha casa sim é linda: sou fashion, tenho bom gosto. Adoro colecionar coisas que lembram o quanto minha raça é importante. Vejam: é casaco de couro, é calça de couro, é bolsa de couro, é sapato de couro, e esse tapete então? Olha só isso [mostra um pincel], os humanos fazem pincel com os pelos do rabo dos bois, vacas e touros. Eita raça superior... Fazem até esterco com o nosso cocô para adubar a terra, acredita nisso? Nossa essa conversa toda me deu uma fome... Hum, vou comer um pouco de ração [finge comer] e agora vou fazer 2 horas de bicicleta ergométrica para o meu leite ser light [começa a pedalar.]

[Entra em cena 2 porquinhos fazendo sons característicos.]

PORCOS: -Dona Vaca, dona Vaca.

VACA: - Quem está aí?

PORCO: - Somos nós, o Quinho e a Tina

VACA [para de pedalar]: - Eu lá vou saber quem é Quinho e Tina?

PORCA [chorando]: - Levaram a nossa mãe.

VACA: - E eu com isso? O mundo precisa de lingüiça, salsicha...

PORCO: - Mas somos pequenos e ainda estávamos mamando [choram bem alto.]

VACA: - E eu com isso?.Parem de chorar [continuam chorando]: - Engole o choro.

PORCA: - Eu tô com frio...

PORCO: - Eu tô com fome...

VACA: - E eu tô de saco cheio [choro dos porcos. Vaca grita]: - Parem e saiam já daqui, fora...

CABRA [preocupada]: - Dona Vaca, a senhora está nervosa, o que aconteceu?

VACA: - O quê aconteceu? Esses porcos chorões iguaizinhos aos seus filhos ficam me torrando a paciência: estou com fome, estou com sede, estou com frio.

CABRA [afaga os porcos]: - Mas eles são tão filhotinhos ainda... Veja, a pata dela está machucada.

PORCA: - Eu machuquei no espinho.

CABRA: - Como irão sobreviver sozinhos?

VACA: - Tá com pena, cuida deles.

CABRA: - Eu até posso cuidar, mas não tenho quase nada de comida. Mal dá para a minha família. Se a senhora me desse um pouco da sua comida [a vaca interrompe.]

VACA: - Pode parar, stop, finish, encerrou, zéfini. Eu não dou nada pra ninguém, principalmente para porcos. Se ainda fosse um gatinho bonitinho, quem sabe, mas porcos, nem pensar...

[Os porcos começam a chorar e os cabritinhos correm abraçá-los.]

CABRITINHOS: - Mééééééééé´

VACA: - Saiam, saiam daqui. Está esfriando e eu preciso me recolher. Não quero ouvir mais choradeira.

CABRA: - Vamos para a minha casa porquinhos. Nós vamos dividir o pouco que temos.

CABRA [coloca um pano no machucado da porca e pega um único pratinho e coloca um pouquinho de comida na boca de cada porquinho e cabrito]: - Vamos tratar do seu machucado e aqui tem um pouquinho de comida para cada um.

PORQUINHOS e CABRITOS: Ainda estou com fome...

CABRA: - Vamos dormir que a fome passa [todos sentam no chão, com uma pequena coberta ela cobre todos e fica ao lado tremendo de frio.]

[A vaca senta-se na cadeira de couro e cobre-se com um enorme cobertor e fica comendo o tempo todo.]

[Música imperial para a entrada do rei leão pelo corredor central]

VACA e CABRA: - O Rei Leão! [levantam-se apressadas.]

CABRA: - Acordem pequenos, o nosso rei chegou.

[Quando o rei chega no palco todos os animais estão juntos e fazem gesto igual de reverência.]

LEÃO: - Vaca, fique deste lado [mostra o lado esquerdo].

VACA [fala com a cabra]: - Viu como ele me escolheu primeiro? Nada como ser vaca leiteira, cheia de posses...

LEÃO: - E Cabra, fique deste outro lado. [Os cabritinhos e os porquinhos acompanham a cabra.]

LEAO: - Eu estou aqui para dar uma herança para uma de vocês.

VACA: - Não precisava meu rei, mas já que você está aqui pode dizer-me qual a herança?

LEÃO: - A herança é morar junto comigo.

VACA: - No palácio do rei? Junto com o rei? [fala pra plateia]: - Eu sabia que nasci para ser da realeza [volta-se ao rei]: - Então diga logo majestoso, querido Rei Leão...

LEÃO: - Receberá a herança aquela que cuidou de mim.

VACA e CABRA: - Cuidou do senhor?

LEÃO: - Sim

VACA [fala meio gaguejando]: - Cuidou da vossa majestade como? Quando?

LEÃO: - Quando eu estava com fome e me deram de comer, quando eu estava com sede e me deram de beber, quando eu estava doente e cuidaram de mim.

VACA e CABRA: - Mas... nunca te vimos assim!

VACA [rindo]: - Qualé realeza, você, tipo um pobretão pedindo esmola?

LEÃO: - Exatamente, hoje eu visitei a sua casa Vaca.

VACA [gaguejando]: - Hoje?

LEÃO: - Sim, quando esses meus irmãos [pega os porquinhos] vieram te pedir ajuda.

VACA: - Nossa essa historinha está difícil de entender. Irmãos? O que tem a ver esses porcos com o senhor?

LEÃO: - Tem tudo a ver. A Mãe Natureza nos fez todos irmãos. Se você ajuda um necessitado é a mim que você está ajudando. Cabra, como foi você quem os ajudou eu te convido junto com a sua família para morarem dentro do meu palácio.

[A cabra e filhotes felizes se abraçam.]

CABRITINHOS: - Os porquinhos podem ir junto?

LEÃO: - Lógico!

CABRITOS e PORCOS: - Oba! [pulam felizes.]

LEÃO: - Então vamos. [vão saindo quando a vaca interrompe.]

VACA: - Rei, rei... Se eu mudar esse meu jeito egoísta de ser e passar a ajudar os animais o senhor me aceitará também no seu reino?

LEÃO: - Mas é claro. A Mãe Natureza nos quer no caminho da solidariedade, da fraternidade, da paz e da justiça.Tchau, minha irmã [saem de cena pelo corredor central.]

VACA [feliz]: - Vocês ouviram, ele me chamou de irmã. Eu tive chance de ajudar aqueles porquinhos e não ajudei, mas nunca é tarde para mudar, não é? Sabem o que eu vou fazer agora? Vou pegar todo esse leite e a comida que tenho e vou repartir com os bichinhos que estão com fome. Eu vou melhorar para o reino alcançar. Tchau!

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