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O coelho investigador

Atualizado: 14 de out. de 2020

3º Domingo do Advento

Autora: Cecília Pellegrini


O rei Leão Leonildo saiu na sacada do lindo castelo real e chamou um de seus empregados: - Coelho Ligeiro!

Como o Coelho não apareceu, o rei teve que gritar: - Coelho Ligeiro! 

O empregado veio saltitando, o mais rápido que podia: - Coelho Ligeiro se apresentando rei Leonildo.

Sua majestade falou: -  Coelho Ligeiro, soubemos de algo muito sério.

O empregado perguntou: - O que é, vossa Alteza, diga rapidinho.

Ele falou com muita emoção: - Estamos esperando o nascimento do Cordeiro que irá nos libertar da miséria e da dominação dos estrangeiros.

O Coelho confirmou: - Sim, eu sei, eu sei, senhor rei. Esses animais do estrangeiro estão escravizando o nosso povo e o cordeirinho nascerá para nos salvar.

O rei iniciou sua explanação com muita cautela, mas logo se agitou: - Será um lindo nascimento. Um sereno Natal! Mas, estamos muito preocupados porque soubemos que chegou um animal aqui na mata, que está ensinando muitas coisas aos animais.

Muito curioso, o Coelho diz: - Não diga, não diga, não diga! E daí?

- Dizem que ele pede a adesão dos animais e sela esse apoio com um banho no rio. A majestade explicou.

O Ligeiro pergunta ao mesmo tempo que cheira embaixo de suas axilas: - Espera lá, tenho pressa em entender, ele tá dando banho em toda a bicharada? Que bicho é esse?

E o rei respondeu: - Não estamos preocupados com o banho, Coelho Ligeiro, estamos querendo saber se ele está se apresentando como o Cordeiro que irá nos libertar, entendeu?

Enfim o coelho compreende: - Entendi, entendi, entendi. Vossa Majestade quer saber se ele é o Cordeirinho? O Senhor quer que eu vá lá investigar? Tipo Sherlock Homes?

Quando falou no famoso investigador, ele pegou uma lupa e danou-se a procurar formigas pelo chão do palácio.

O rei disse: - É exatamente isso que eu quero, que você vá investigar esse animal!

O empregado, muito animado, começou a imaginar: - Nossa, e se for mesmo o Cordeirinho? Eu vou poder ver o Cordeirinho! Pode deixar que eu irei imediatamente. Adeus.

E assim, o coelho investigador saiu apressadamente: - Ligeirinho, ligeirinho, rapidinho, rapidinho, sigo o meu caminho pra investigar o animalzinho.

No caminho havia uma tartaruga caminhando lentamente. Quando o coelho passou por ela, ela o chamou: - Oi, seu Coelho.

Sem parar de saltar, o animal respondeu rapidamente: - Agora não dá, Tartaruga Tatá, estou apressadinho, apressadinho. Tchauzinho.

Tatá ficou muito triste e falou: - Pôxa, só porque sou um pouco lenta ele nem me deu bola, mas estou tão feliz em ver o cordeirinho, que não ficarei triste.

De repente, o Coelho retornou: Espera aí, eu ouvi a palavra Cordeirinho?

- Ouviu sim. Respondeu Tatá.

O investigador a encheu de perguntas: - Você acha que esse animalzinho que chegou é o cordeirinho? Você acha que ele já nasceu? Que já é o Natal?

Tatá respondeu afirmativamente: - Hum, hum.

Muito alegre, o coelho saiu dizendo: - Ligeirinho, ligeirinho, logo verei o cordeirinho!

E assim continuou seu caminho e encontrou com uma gata, mas nem deu bola para ela.

A gata o cumprimentou: - Miau... Olá Coelho!

Ele foi logo se desvencilhando: - Gatinha Fifi estou com pressa. Ligeirinho, ligeirinho, sigo o meu caminho. E lá se foi ele, saltitando sem parar.

A gatinha ficou muito triste: - Eu só queria dizer que estou sentindo uma grande alegria no coração, mas ele nem olhou para mim.

O coelho seguiu pulando por muito tempo e, de repente, um pássaro chamado Pissarro sobrevoou sua cabeça e perguntou: - Oi coelho, você já encontrou muitos animais, não foi?

Na maior zombaria o convencido contou: - Foi sim, mas eles não são ligeiros como eu, ficaram para trás. Ah! Ah! Ah!

Pissarro disse: - Pois eu sou mais rápido que você, mas isso não importa. Gostaria de lhe propor algo.

O investigador respondeu, mas sem parar de pular: - Pois fale logo passarinho porque sigo apressadinho.

Com suas asas, o pássaro tentou parar o animal e o mesmo obedeceu: - Primeiro pare de pular. Você pulando por este caminho... só pode estar indo ver o Animalzinho que chegou.

- É isto mesmo. Tchauzinho! E começou a pular ligeiro novamente.

Pissarro segurou firme o Coelho: - Calma, preciso falar algo muito importante. Eu já fui e já voltei dez vezes até o lugar onde está esse animal e estou encantado com os ensinamentos que ele trouxe.

Muito admirado, Ligeiro pergunta: - Você já foi e já voltou dez vezes?

- Isso mesmo. Respondeu o pássaro.

O investigador continua a perguntar: - E você já ouviu os ensinamentos dele?

- Exatamente. Respondeu Pissarro!

Ligeiro pegou o seu binóculo e olhou o caminho: - Hum... E eu que pensei que fosse o mais rápido. Rapidinho, rapidinho, diga tudinho o que você aprendeu com esse animalzinho.

Calmamente, o passarinho explicou: - Este animal foi enviado para mostrar que precisamos viver como irmãos.

O Coelho se justificou, abraçando o amigo: - Mas eu vivo. Você é meu irmão, a Tartaruga Tatá é minha irmã, a Gatinha Fifi é minha irmã, eu amo toda bicharada.

Pissarro o fez refletir: - Mas por que você nem olhou para elas? Por que desprezar os outros só porque não são tão rápidos como você? Eles possuem qualidades, sentimentos. Eles ficaram tristes, sentiram-se excluídos.

O Coelho Ligeiro pensou, pensou e quis a opinião do amigo: - Você acha é?

E o passarinho, com muita sabedoria, explanou: - Eu não acho, tenho certeza. Eu aprendi que é preciso haver encontros, acolhida, amor.

Muito arrependido, Ligeiro se deu conta da situação: - Nossa, eu nem percebi que eles ficaram tristes. Isso prova que eu nem liguei pra eles. Preciso consertar o meu erro. Vou voltar e ajudá-los.

- Eu voltarei contigo, vamos! Os dois retornaram e logo encontraram Tatá e Fifi juntas.

O Coelhinho foi o primeiro a falar: - Ei amigas, vocês me perdoam? Eu tenho uma tarefa importantíssima a realizar e nem liguei pra vocês. Vamos chegar todos juntos, tá bem? Tatá, levarei você nas minhas costas.

E assim, os quatro seguiram juntos por muitas horas até chegar num descampado da mata onde havia um vagalume pregando para vários animais da floresta: - Meus caros irmãos e irmãs, neste tempo de vida e esperança, vamos abrir os nossos corações para a paz e o amor.

Ligeiro, Tatá e Fifi ficam surpresos: - Um Vagalume!

O Coelho puxou o Pissarro para um canto e falou: - Mas, seu Pássaro, como você não me avisou que.... Que .... que ele é um Vagalume?

O amigo explicou-se: - Mas eu falei o mais importante que é a mensagem que ele nos traz.

Ligeiro danou-se a rir e a falar: - Eu não acredito, o rei está pensando que você quer tomar o lugar do Cordeirinho. 

O Vagalume contou: - De forma alguma. O Cordeiro me enviou para falar de sua chegada que está próxima. 

- Foi o Cordeiro que te enviou, foi? Ligeiro perguntou interessado.

Pissarro reforçou ainda mais: - Ele já disse que foi, Coelho. Ele é uma testemunha sincera e não quer o lugar do Cordeiro.

Mas Ligeiro continuou com o interrogatório: - Eu sou um investigador, preciso fazer perguntas. Continuando, responda Vagalume, se você não quer se passar pelo Cordeiro por que fica dando banho nos animais?

Com muita convicção o Vagalume afirmou: - Esse banho no rio simboliza que o animal que me ouve quer seguir o Cordeiro, entende? Uma luz para a nossa vida!

O empregado do rei, todo convencido falou: - Te peguei, te peguei... Você, com essa sua Luzinha “mixuruca” de Vagalume quer trazer a Luz do Cordeiro para nós?

Tatá, Fifi e Pissarro ficaram indignados e repreenderam o amigo: - Coelho! 

E o Coelho continuou: - Eu sou um excelente investigador. Viram, viram, ele está sem resposta.

Com carinho e muita paciência, o Vagalume explicou: - Eu não sou a luz, mas apenas a testemunha da luz verdadeira, aquela que ilumina a todos. A Luz está chegando ao mundo. Será um grande nascimento!

Todos os animais falaram batendo palmas: - Um nascimento! Que maravilha! Será Natal!

O Coelho investigador concluiu: - Ufa! Que relatório maravilhoso poderei levar ao rei! Chegarei no palácio e direi a ele: - Pode ficar tranquilo Rei leão, o Sr. Vagalume veio apenas nos preparar para a vinda do Cordeirinho. Bem, agora tchauzinho porque irei ligeirinho, ligeirinho, de volta pelo mesmo caminho.

Os outros animais cochicharam entre eles e o Vagalume foi o porta-voz: - Coelho, temos uma mensagem para você e para todos os animais da floresta.

- O Coelhinho está aqui paradinho para ouvir o irmãozinho. Falou o Ligeirinho.

E eles deram a grande e maravilhosa notícia que é para todos nós também: - Nesse Natal, o Cordeirinho vai chegar pra nossa vida iluminar!

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