O coelho investigador
- pelegrincecilia
- 29 de jul. de 2020
- 6 min de leitura
Atualizado: 14 de out. de 2020
3º Domingo do Advento
Autora: Cecília Pellegrini
O rei Leão Leonildo saiu na sacada do lindo castelo real e chamou um de seus empregados: - Coelho Ligeiro!
Como o Coelho não apareceu, o rei teve que gritar: - Coelho Ligeiro!
O empregado veio saltitando, o mais rápido que podia: - Coelho Ligeiro se apresentando rei Leonildo.
Sua majestade falou: - Coelho Ligeiro, soubemos de algo muito sério.
O empregado perguntou: - O que é, vossa Alteza, diga rapidinho.
Ele falou com muita emoção: - Estamos esperando o nascimento do Cordeiro que irá nos libertar da miséria e da dominação dos estrangeiros.
O Coelho confirmou: - Sim, eu sei, eu sei, senhor rei. Esses animais do estrangeiro estão escravizando o nosso povo e o cordeirinho nascerá para nos salvar.
O rei iniciou sua explanação com muita cautela, mas logo se agitou: - Será um lindo nascimento. Um sereno Natal! Mas, estamos muito preocupados porque soubemos que chegou um animal aqui na mata, que está ensinando muitas coisas aos animais.
Muito curioso, o Coelho diz: - Não diga, não diga, não diga! E daí?
- Dizem que ele pede a adesão dos animais e sela esse apoio com um banho no rio. A majestade explicou.
O Ligeiro pergunta ao mesmo tempo que cheira embaixo de suas axilas: - Espera lá, tenho pressa em entender, ele tá dando banho em toda a bicharada? Que bicho é esse?
E o rei respondeu: - Não estamos preocupados com o banho, Coelho Ligeiro, estamos querendo saber se ele está se apresentando como o Cordeiro que irá nos libertar, entendeu?
Enfim o coelho compreende: - Entendi, entendi, entendi. Vossa Majestade quer saber se ele é o Cordeirinho? O Senhor quer que eu vá lá investigar? Tipo Sherlock Homes?
Quando falou no famoso investigador, ele pegou uma lupa e danou-se a procurar formigas pelo chão do palácio.
O rei disse: - É exatamente isso que eu quero, que você vá investigar esse animal!
O empregado, muito animado, começou a imaginar: - Nossa, e se for mesmo o Cordeirinho? Eu vou poder ver o Cordeirinho! Pode deixar que eu irei imediatamente. Adeus.
E assim, o coelho investigador saiu apressadamente: - Ligeirinho, ligeirinho, rapidinho, rapidinho, sigo o meu caminho pra investigar o animalzinho.
No caminho havia uma tartaruga caminhando lentamente. Quando o coelho passou por ela, ela o chamou: - Oi, seu Coelho.
Sem parar de saltar, o animal respondeu rapidamente: - Agora não dá, Tartaruga Tatá, estou apressadinho, apressadinho. Tchauzinho.
Tatá ficou muito triste e falou: - Pôxa, só porque sou um pouco lenta ele nem me deu bola, mas estou tão feliz em ver o cordeirinho, que não ficarei triste.
De repente, o Coelho retornou: Espera aí, eu ouvi a palavra Cordeirinho?
- Ouviu sim. Respondeu Tatá.
O investigador a encheu de perguntas: - Você acha que esse animalzinho que chegou é o cordeirinho? Você acha que ele já nasceu? Que já é o Natal?
Tatá respondeu afirmativamente: - Hum, hum.
Muito alegre, o coelho saiu dizendo: - Ligeirinho, ligeirinho, logo verei o cordeirinho!
E assim continuou seu caminho e encontrou com uma gata, mas nem deu bola para ela.
A gata o cumprimentou: - Miau... Olá Coelho!
Ele foi logo se desvencilhando: - Gatinha Fifi estou com pressa. Ligeirinho, ligeirinho, sigo o meu caminho. E lá se foi ele, saltitando sem parar.
A gatinha ficou muito triste: - Eu só queria dizer que estou sentindo uma grande alegria no coração, mas ele nem olhou para mim.
O coelho seguiu pulando por muito tempo e, de repente, um pássaro chamado Pissarro sobrevoou sua cabeça e perguntou: - Oi coelho, você já encontrou muitos animais, não foi?
Na maior zombaria o convencido contou: - Foi sim, mas eles não são ligeiros como eu, ficaram para trás. Ah! Ah! Ah!
Pissarro disse: - Pois eu sou mais rápido que você, mas isso não importa. Gostaria de lhe propor algo.
O investigador respondeu, mas sem parar de pular: - Pois fale logo passarinho porque sigo apressadinho.
Com suas asas, o pássaro tentou parar o animal e o mesmo obedeceu: - Primeiro pare de pular. Você pulando por este caminho... só pode estar indo ver o Animalzinho que chegou.
- É isto mesmo. Tchauzinho! E começou a pular ligeiro novamente.
Pissarro segurou firme o Coelho: - Calma, preciso falar algo muito importante. Eu já fui e já voltei dez vezes até o lugar onde está esse animal e estou encantado com os ensinamentos que ele trouxe.
Muito admirado, Ligeiro pergunta: - Você já foi e já voltou dez vezes?
- Isso mesmo. Respondeu o pássaro.
O investigador continua a perguntar: - E você já ouviu os ensinamentos dele?
- Exatamente. Respondeu Pissarro!
Ligeiro pegou o seu binóculo e olhou o caminho: - Hum... E eu que pensei que fosse o mais rápido. Rapidinho, rapidinho, diga tudinho o que você aprendeu com esse animalzinho.
Calmamente, o passarinho explicou: - Este animal foi enviado para mostrar que precisamos viver como irmãos.
O Coelho se justificou, abraçando o amigo: - Mas eu vivo. Você é meu irmão, a Tartaruga Tatá é minha irmã, a Gatinha Fifi é minha irmã, eu amo toda bicharada.
Pissarro o fez refletir: - Mas por que você nem olhou para elas? Por que desprezar os outros só porque não são tão rápidos como você? Eles possuem qualidades, sentimentos. Eles ficaram tristes, sentiram-se excluídos.
O Coelho Ligeiro pensou, pensou e quis a opinião do amigo: - Você acha é?
E o passarinho, com muita sabedoria, explanou: - Eu não acho, tenho certeza. Eu aprendi que é preciso haver encontros, acolhida, amor.
Muito arrependido, Ligeiro se deu conta da situação: - Nossa, eu nem percebi que eles ficaram tristes. Isso prova que eu nem liguei pra eles. Preciso consertar o meu erro. Vou voltar e ajudá-los.
- Eu voltarei contigo, vamos! Os dois retornaram e logo encontraram Tatá e Fifi juntas.
O Coelhinho foi o primeiro a falar: - Ei amigas, vocês me perdoam? Eu tenho uma tarefa importantíssima a realizar e nem liguei pra vocês. Vamos chegar todos juntos, tá bem? Tatá, levarei você nas minhas costas.
E assim, os quatro seguiram juntos por muitas horas até chegar num descampado da mata onde havia um vagalume pregando para vários animais da floresta: - Meus caros irmãos e irmãs, neste tempo de vida e esperança, vamos abrir os nossos corações para a paz e o amor.
Ligeiro, Tatá e Fifi ficam surpresos: - Um Vagalume!
O Coelho puxou o Pissarro para um canto e falou: - Mas, seu Pássaro, como você não me avisou que.... Que .... que ele é um Vagalume?
O amigo explicou-se: - Mas eu falei o mais importante que é a mensagem que ele nos traz.
Ligeiro danou-se a rir e a falar: - Eu não acredito, o rei está pensando que você quer tomar o lugar do Cordeirinho.
O Vagalume contou: - De forma alguma. O Cordeiro me enviou para falar de sua chegada que está próxima.
- Foi o Cordeiro que te enviou, foi? Ligeiro perguntou interessado.
Pissarro reforçou ainda mais: - Ele já disse que foi, Coelho. Ele é uma testemunha sincera e não quer o lugar do Cordeiro.
Mas Ligeiro continuou com o interrogatório: - Eu sou um investigador, preciso fazer perguntas. Continuando, responda Vagalume, se você não quer se passar pelo Cordeiro por que fica dando banho nos animais?
Com muita convicção o Vagalume afirmou: - Esse banho no rio simboliza que o animal que me ouve quer seguir o Cordeiro, entende? Uma luz para a nossa vida!
O empregado do rei, todo convencido falou: - Te peguei, te peguei... Você, com essa sua Luzinha “mixuruca” de Vagalume quer trazer a Luz do Cordeiro para nós?
Tatá, Fifi e Pissarro ficaram indignados e repreenderam o amigo: - Coelho!
E o Coelho continuou: - Eu sou um excelente investigador. Viram, viram, ele está sem resposta.
Com carinho e muita paciência, o Vagalume explicou: - Eu não sou a luz, mas apenas a testemunha da luz verdadeira, aquela que ilumina a todos. A Luz está chegando ao mundo. Será um grande nascimento!
Todos os animais falaram batendo palmas: - Um nascimento! Que maravilha! Será Natal!
O Coelho investigador concluiu: - Ufa! Que relatório maravilhoso poderei levar ao rei! Chegarei no palácio e direi a ele: - Pode ficar tranquilo Rei leão, o Sr. Vagalume veio apenas nos preparar para a vinda do Cordeirinho. Bem, agora tchauzinho porque irei ligeirinho, ligeirinho, de volta pelo mesmo caminho.
Os outros animais cochicharam entre eles e o Vagalume foi o porta-voz: - Coelho, temos uma mensagem para você e para todos os animais da floresta.
- O Coelhinho está aqui paradinho para ouvir o irmãozinho. Falou o Ligeirinho.
E eles deram a grande e maravilhosa notícia que é para todos nós também: - Nesse Natal, o Cordeirinho vai chegar pra nossa vida iluminar!
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