O perdão regenera
- pelegrincecilia
- 8 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Jo 8,1-11
Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello
Numa aldeia indígena as crianças estavam brincando e a índia Jaci estava fazendo um pote de barro, quando os índios Runá e Canitu começaram a brigar.
Muito bravo, Runá gritava: - Você roubou a mandioca da minha terra.
E Canitu respondia, também aos berros: - Eu não sabia que a terra era sua. Estou com fome.
Mas Runá continuou: - Fui eu que plantei por isso você roubou.
E todos da aldeia começaram a gritar: - Ladrão.
- Você tem preguiça de plantar, vive nadando lá no riacho da raposa amarela ao invés de trabalhar. Runá pontuava como Canitu vivia.
Jaci concordou: - É verdade, há semanas que o índio Canitu não traz caça para a aldeia.
Os aldeões berravam: - Preguiçoso.
Runá incitou o povo: - Vamos turma, vamos acabar com ele.
E todos concordaram: - Vamos
O Runá e o Canitu começaram a brigar e os outros índios fizeram um círculo em volta deles, pois estavam apreciando a confusão.
A indiazinha Irani estava triste, pois sabia que era errado brigar, então pensou: - Eu preciso ir chamar o pajé Pojucã porque ele saberá como resolver essa situação.
Ela saiu correndo e foi avisar o pajé que veio imediatamente e perguntou: - O que acontece aqui? Em terra de índio sempre se viveu em paz.
Runá explicou: - Olhe, Pajé Pojucã eu peguei o índio Canitu roubando mandioca lá da minha terra.
Calmamente o pajé falou: - Índio Runá, eu nunca ouvi ninguém dizer meu pedaço de vento, meu pedaço de céu, meu pedaço da lua. Deus deu a terra pra todos, tudo que se planta, tudo se divide com todos da aldeia.
Um curumim estava ao lado de Irani e confessou a ela que não tinha entendido. A indiazinha falou: - O pajé Pojucã está querendo dizer que ao invés de brigar por ter para si, o melhor é partilhar.
Com muita raiva no coração, Runá disse: - Pajé Pojucã está velho e pensa como os índios de antigamente. Canitu é preguiçoso e prefere roubar a plantar.
Jaci sugeriu: - Vamos expulsá-lo da aldeia.
E todos adoraram a ideia e gritavam: - Vamos.
O Pajé, com muito carinho começou a dialogar: - Primeiro Pajé quer saber se todos vocês nunca fizeram nada de errado aqui.
Os aldeões responderam: - Claro que não.
O pajé continuou: - Então, quem é que está ajudando o homem branco a devastar a floresta?
Todos afirmaram: - Eu não!
Mas de repente alguns saíram de fininho, deixando claro que tinham culpa naquilo que o pajé disse.
E o chefe prosseguiu: - Quem é que está deixando nossas tradições e nossos costumes de lado, nem falar a língua tupi-guarani quer mais?
Os índios se entreolharam e responderam: - Eu não! Mas vários abaixaram a cabeça e saíram de mansinho.
E nova pergunta o pajé fez: - Quem está só consumindo as coisas industrializadas e está acumulando lixo na natureza?
E sem responderem nada todos saíram cabisbaixos.
A pequena Irani explicou para as crianças que observavam os adultos: - Pajé Pojucã quer mostrar que todos nós somos imperfeitos, por isso não devemos julgar ninguém.
O pajé perguntou: - Ué, onde foi todo mundo?
E o índio Canitu respondeu: - Foram embora Pajé Pojucã.
- Pois então ninguém quis expulsar você da aldeia, não é? Nós não julgar nem condenar ninguém. Mas fazer que o amor seja mais forte.
Pojucã explicou e depois perguntou para as crianças: - Agora é com vocês, Curumins dessa aldeia: - Vamos perdoar o índio Canitu? Vamos dar a ele chance de uma vida nova?
Todas as crianças responderam: - Sim!
O Pajé deu orientação final: - Então índio Canitu ir em paz e não fazer mais coisa errada.
Canitu ficou muito feliz: - Obrigado pela nova chance, Pajé Pojucã. De hoje em diante eu vou trabalhar muito para melhorar nossa aldeia.
Irani resumiu: - Pajé Pojucã mostrou o que Jesus ensinou: A importância de saber perdoar.
O Pajé pediu: - Então índio deve comemorar. Venham todos!
E todos os aldeões vieram e fizeram uma grande festa que durou três dias.
Antes de terminar os festejos, Runá declamou um versinho: -
Índio hoje aprender
Uma grande lição
O importante não é julgar
Mas praticar o perdão.
E todos se abraçaram e nunca mais brigaram.
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