O trem da Alegria está próximo
- Ovelhinha
- 18 de out. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2021
Mc 13,33-37
Autora: Cecília Pellegrini
Cenário: uma placa com o desenho de um trem (simbolizando que ali é parada do trem). Um banquinho perto da placa.
Personagens: Vaca, Burro, 4 vagões de trem.
[Entra em cena a vaca com uma bolsa enorme de viagem, óculos de sol. Tira da bolsa um binóculo enorme e fica olhando].
BURRO [entra em cena com um enorme guarda-chuva]: - Oi Filomena!
VACA: - Muuuuuuu. Oi Belarmino.
BURRO: - Mas você está muito bonita hoje. E pra que esses óculos de sol se nem sol tem?
VACA: - Primeiro, que eu sou chique mesmo. Segundo que eu sou otimista.
BURRO [rindo]: - Você tem que ser muito otimista mesmo porque olha que tempestade vem aí. Eu já vim prevenido [abre o guarda-chuva].
VACA: - É estou vendo.
BURRO: - Ouvi no noticiário, antes de sair de casa que vai ser uma tragédia: raios, trovão, chuva de granizo, cada pedrão assim ó [mostra], vai cair árvore, destelhar as casas. Você num está com medo?
VACA: - Não!
BURRO: - Nem um pouquinho? Olha que vai ter raio e mais raio!
VACA: - Bem se vê que você é um burro Belarmino. Num tá sentindo o vento forte na sua cara?
BURRO [observa o ar em movimento]: - Tô.
VACA: - Então, é o vento do norte.
BURRO [lambe o dedo e o coloca pra cima]: - Você tem razão é vento do norte.
VACA: - Quando é vento do norte ele carrega as nuvens pro outro lado. Tchau nuvenzinha... [acena para o alto].
BURRO [olhando para cima]: Vejam, vejam [fala com a plateia]... olhem para cima. E não é que a nuvem está indo embora mesmo!
VACA: - Eu não disse? [olha com o binóculo].
BURRO: - Você tá esperando o quê?
VACA: - Esta placa indica que aqui é um ponto do quê?
BURRO: - De trem.
VACA: - Então, o que você acha que eu estou fazendo aqui, com essa mala?
BURRO: - Já sei, já sei, não fale, eu sou inteligente e vou acertar. Você está esperando o trem!
VACA [ironizando]: - Nossa como você é inteligente! Palmas para o Belarmino!
BURRO: - Eu acertei em cheio! Eu sei que sou muito esperto. Você não sabe que foi um membro da minha família que levou um casal de Nazaré para Belém, onde nasceu uma criança famosa em todo o mundo? Mas... me diga que trem é esse?
VACA: - É o trem da alegria
BURRO: - Trem da alegria? E vai te levar pra onde?
VACA: - Para o reino da Felicidade.
BURRO: - E esse lugar é bom?
VACA: - Belarmino, você precisa estar mais atento! Preste atenção no nome: Reino da Fe-li-ci-da-de. Isso lhe diz alguma coisa?
BURRO: - Lógico né, Filomena. Felicidade é felicidade.
VACA: - Isso mesmo. Olha só, dá para você ficar vigiando que eu vou comprar um pouco de capim para eu levar? Serão muitas horas de viagem, vou ficar faminta. Aqui está o binóculo. Fica aí firme, heim!? Vigilante!
BURRO: - Sim, sim, firme, vigilante.
[Vaca sai de cena].
BURRO [fala consigo mesmo]: - Belarmino, Belarmino fique firme, esperando o Trem da Alegria. [senta no banco, tomba a cabeça de sono, boceja]. Firme Burro, num vai dormir. Ei pessoal [fala com a plateia] num deixa eu dormir não, tá? Olha, se eu dormir vocês comecem a me chamar assim: Burro, burro. Aí eu vou acordar. [Tomba a cabeça de novo e começa a roncar. Se as crianças da plateia chamarem, ele acorda e depois volta a roncar].
[Música infantil de trem para a entrada pelo corredor central de um trenzinho de papelão com 4 crianças. Cada uma será um vagão].
As 4 CRIANÇAS VAGÕES [entram cantando junto]: - “Piui, Piui, Piui bota a mão no meu ombro. Piui, Piui, Piui não deixa o trem descarrilar. Eu sou a máquina e vocês são os vagões e os passageiros são os nossos corações”.
[Para-se a música quando o trem chega no palco. O Burro ronca mais alto].
VAGÃO 1: – Senhores passageiros para o reino da Felicidade queiram embarcar. Piuiiiii.
TODOS VAGÕES: - Piuiiiiii!
[O Burro ronca mais alto].
VAGÃO 2: - Já que ninguém quer ir, vamos embora.
TODOS VAGÕES: - Piuiiiii [um coloca mão no ombro do outro e começam a sair bem devagarzinho, cantando]: - “Piuiii, piuiii, bota a mão no meu ombro...”
VACA [entra correndo]: - Esperem. Esperem por mim!
VAGÃO 1: - Uma passageira! Vamos parar o trem. [Param e dão marcha ré fazendo sons de trem].
VACA [grita]: - Belarmino acorde!
BURRO: - Hãã, ui, o que aconteceu? [Levanta rápido] A tempestade chegou?
TODOS VAGÕES: - O trem chegou! Piuiiii.
VAGÃO 2: - O trem chegou, ninguém entrou e o trem se pirulitou.
VACA: - Eu vou embarcar, eu vou embarcar. Ainda bem que cheguei a tempo. Se dependesse desse burro eu perderia o trem.
BURRO: - Foi culpa deles ali ó [mostra a plateia]. Eles prometeram que me chamariam. [Fala bravo fingindo que vai brigar com os espectadores]. Que coisa feia... Que falta de atenção. Era para ficar vigilante, não era? Seus danadinhos, mentirosos.
VAGÃO 1: - Ei, Belarmino, não precisa brigar com eles.
VACA: - É, eu é que tenho motivos para ficar muito, mas muito brava e não briguei com você.
BURRO: - Realmente você não brigou, mas eu não sou bobo de ninguém e vou acabar com esses danadinhos. [Faz gestos de briga]
VAGÃO 2: - Calma, estamos realmente no tempo de ver como estamos levando a vida.
BURRO [cantando]: - “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”
VAGÃO 1: - Nada disso, você é que precisa ver se está agindo certo: respeitando as pessoas, ajudando, não brigando, repartindo o que tem...
VACA: - É por isso mesmo que eu estou indo para o Reino da Felicidade. Ouvi dizer que lá só praticam o bem, nada de violência, nada de maldades.
TODOS VAGÕES: - Lá é assim mesmo!
BURRO: - O quê? Existe um lugar sem violência, sem maldade?
VAGÕES: - Claro!
VACA: - Vem, Belarmino! Vamos morar lá.
BURRO: - Você está pronta, Filomena, você merece. Eu prometo que vou melhorar, e um dia estarei aqui, feito você esperando vigilante pelo Trem da Alegria.
VAGÃO 1: - Piuiiiii. Está na hora.
TODOS VAGÕES: - Piuiiiiiii. Vamos embora!
VACA [coloca a mão no ombro da última criança do trem]: - Não desista de ser feliz, Belarmino.
BURRO: - Um dia vou me encontrar com você, Filomena. Estarei aqui, firme, vigilante, esperando o trem chegar.
TODOS VAGÕES e VACA: - Tchau! [vão saindo]
BURRO: - Tchau.
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