Para mudar basta amar

Lc 6, 27-38 

Autora: Cecilia Pellegrini

Numa linda brinquedoteca estava a Boneca dando os últimos retoques na arrumação do local, quando exclamou com muita satisfação: -  A brinquedoteca é o nosso lar e eu ajudo a arrumar. Minha tarefa está finalizada. A sala está limpa e organizada! Eu tenho certeza de que todas as crianças ajudam a arrumar suas casas! Já que este ambiente está ok, eu vou arrumar o meu quarto! 

Assim que ela saiu o Robô chegou, bagunçou e depois saiu dando gargalhada: - Esse cheiro de limpeza me dá raiva, me dá tristeza. Eu gosto de sujeira, bagunça e malvadeza.

Que tristeza! O ambiente ficou cheio de sujeira pelo chão e os brinquedos ficaram todos espalhados.

A Boneca ficou muito triste ao ver o que tinha acontecido, mas ela pegou um saquinho na mão e começou a limpar, organizando os brinquedos e recolhendo a sujeira do chão.

A Palhaça Risadinha chegou e ficou indignada: - Não acredito no que estou vendo! Poxa, Boneca Meiguinha, você não deveria estar arrumando a brinquedoteca.

- Mas Risadinha, não podemos deixar o nosso lar assim, todo sujo e bagunçado!

A Palhaça continuou: - Mas foi o Robótico, aquele robô malvado, briguento quem fez essa bagunça. Ele é quem deve arrumar!

O Robótico entrou e falou desdenhando: - Fale mal, mas fale de mim!

- Claro que estou falando de você! Afinal, aqui na brinquedoteca você é o nosso maior problema. Risadinha desabafou.

Mas Meiguinha interveio: - Risadinha, não brigue com o nosso amigo robô...

Em vez de agradecer, o Robô foi rude: - Ei, sua “bom eeeeeca”, pare de falar essa eca toda, pois não sou amigo de ninguém, muito menos de você.

Risadinha alertou a amiga: - Viu? O que adianta você ser meiguinha, se esse daí é nosso inimigo declarado?

O Robô gritou: - Sou mesmo! Detesto todos vocês, odeio esse lugar e não suporto as crianças que vem brincar aqui.  Dá isso aqui que vai combinar com o meu look.

Ele puxou o cachecol da Boneca e colocou no próprio pescoço.

- Não faça isso! Implorou a palhaça, muito revoltada.

Mas calmamente, a Boneca pediu: - Deixa Risadinha, eu lhe dou isso também Robótico! Veja que lindo!

Ela tirou seu lindo relógio e colocou no pulso dele.

Em vez de agradecer, ele falou todo convencido: - Fica mais bonito em mim mesmo! E pra mostrar o quanto eu te odeio tome mais sujeira. E tome isso, isso e isso.

Pois o malvado foi falando e bagunçando, jogando os brinquedos novamente e depois de desorganizar e sujar tudo saiu gargalhando.

A boneca arrumou novamente, na maior calma.

A palhaça perguntou revoltada: - Como você pode ser assim, Boneca Meiguinha?

- Risadinha, nós devemos devolver com bondade, assim a maldade acaba.

Mas a palhaça afirmou: - Impossível! O Robótico não tem mais jeito!

A Boneca deu sua opinião, com muita convicção: - Claro que tem! Se ele for amado ele aprenderá a amar.

Risadinha deu muita risada: - Kkkkkk Parece piada! Você espera ver o Robô... kkkk bom? Kkkk Não me faça rir kkkkk Ele é frio, feito de latão sujo, enferrujado. Devia ser vendido ao ferro velho para ser derretido.

Como sempre, Meiguinha pensava diferente: - Não devemos julgar e condenar, mas perdoar. Por favor Risadinha, vamos fazer o Robô encontrar o caminho do amor! 

Mas a amiga estava irredutível: - Nem pensar! Não quero nada com essa lata velha!

E ela saiu da brinquedoteca, mas logo em seguida ela se arrependeu e voltou, ficando ainda mais emotiva ao ver a cena dentro da brinquedoteca.

A Boneca estava ajoelhada, de mãos unidas, fazendo uma oração.

Enquanto ela rezava o Robô entrou com uma enorme tesoura na mão, pronto para fazer mais maldades, mas ao ouvir a prece ele foi abaixando a tesoura e a deixou no chão e ficou emocionado ao ouvir as palavras ditas pela Boneca.

- Querido papai do céu, fazei que o Robótico seja bom, que ele sinta todo amor e carinho que eu tenho por ele. Eu só desejo o bem a ele e sei que dentro dele bate um coração enorme...

Ele ficou imensamente comovido, e com a voz meio chorosa disse: - Boneca Meiguinha, você acha mesmo que eu tenho um coração? 

A Boneca começou a responder, mas foi interrompida e nova pergunta ele fazia. A boneca começava a responder e era interrompida novamente. A Palhaça a cada tentativa de resposta foi se aproximando deles.

A Boneca tentava responder: - Si...

E lá vinha outra pergunta: - Você gosta mesmo de mim?

Ela começa a falar: - Si...

E nova pergunta ele fazia: - Você acha que eu tenho jeito? 

Ela bem que tentou: - Si...

Mas ele começou a chorar escandalosamente: - Acha mesmo? Você me ama de verdade?

A Risadinha fechou a boca do Robô, com uma das mãos.

E por fim, a Meiguinha conseguiu responder: - Sim!

Risadinha aproveitou e deu várias respostas afirmativas e claro, depois tirou a mão da boca do Robô: - Sim, sim e siiiimmmmm! Ela disse sim! 

Depois Risadinha deu um forte abraço na boneca e revelou: - Eu voltei porque essa minha amiga mais uma vez me ensinou a ser melhor!

O Robô concordou: - Você tem razão, Palhaça Risadinha, a Boneca Meiguinha sempre me tratou bem e agora eu vi que ela até reza por mim!

Meiguinha, com muito carinho, explicou: - Se eu devolvesse a sua maldade com maldade viraria uma guerra e aí nós dois seríamos inimigos. 

Ele descreveu os fatos acontecidos: - Quanto mais eu te odiei, te maltratei, baguncei, incomodei, mais você me amou, me tratou bem, me abençoou... E tudo isso deu certo porque agora estou assim... Com uma imensa vontade de ser como você.

Risadinha também confidenciou: - Eu também quero me esforçar para ser como você, Boneca. 

A Palhaça e o Robô afirmaram: - Eu quero mudar!

E a Boneca ensinou: - Pra isso basta amar! 

E a partir daquele dia todos os brinquedos passaram a viver em harmonia e a brinquedoteca passou a ficar limpa e organizada. O amor reinou e ali se tornou um lar feliz.