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Ser Alguém ou Ninguém

Lc 17,5-10

Autora: Cecília Pellegrini - Contribuição: Pe. Luiz Carlos Magalhães

A historinha de hoje se passa num país bem longe do Brasil, no continente Asiático, onde a cultura era bem diferente da nossa.

Booooooooommmmmm! Um gongo soou bem forte para anunciar a entrada da mestra Felícia, que todas as manhãs vinha ao jardim para conversar com as pessoas do seu povo.

Naquele dia ela falou: - Hoje é um dia muito importante aqui no nosso país. É o dia em que cortarei um pedaço da minha trança e entregarei às pessoas que têm fé. Fé no pensar, fé no jeito de fazer as coisas, fé em Deus, fé na vida. Que entrem os candidatos!

O gongo soou e dois moradores entraram. Um se chamava Ninguém, que entrou apressado, nervoso e o outro se chamava Alguém, que entrou com segurança e muita calma.

Felícia curvou seu corpo para frente, num gesto característico para o cumprimento. Ninguém não respondeu, apenas Alguém a cumprimentou, também curvando seu corpo para a frente.

Felícia perguntou: - Como vocês se chamam?

Alguém, com muita simpatia respondeu: - Eu me chamo Alguém e quero agradecer a oportunidade que estou tendo.

De maneira ríspida o outro se apresentou: - Meu nome é Ninguém.

- Sejam bem-vindos! Fico feliz em conhecer as pessoas que querem um pedaço da minha trança. Falou a mestra.

Alguém retribuiu a acolhida: - É uma honra receber um pedaço da sua trança querida Felícia, não é Ninguém?

Com desdém Ninguém revelou: - Eu quero deixar claro que só estou aqui porque meus pais me obrigaram, disseram que a tradição é importante. E continuou sua explanação, falando apressadamente: - Eu estou com muitos problemas, aliás, eu sou um problema enorme, nada dá certo comigo. É claro que eu não tenho chances de ganhar nada, nem mesmo um pedaço da sua trança.

Com muito carinho Felícia pediu: - Calma, respire fundo!

Ninguém não deu ouvido ao pedido e continuou respirando de qualquer jeito.

Mas a mestra insistiu: - Nossa respiração é muito importante e não podemos respirar de qualquer jeito. Respire assim: - Cheire a florzinha e apague a velinha.

Após exercitarem várias vezes, ela perguntou: - Está mais calmo?

E surpreendentemente Ninguém respondeu: - Sim. Respirar assim realmente me deixou mais calmo.

Ela perguntou: - Você não quer ganhar um pedaço da minha trança?

Ninguém afirmou: - Quero!

- Então é preciso acreditar. A mestra orientou.

Ele não entendeu: - Acreditar?

Desta vez foi Alguém que respondeu: - Sim, acreditar que você consegue, acreditar que é possível você ganhar.

Felícia ficou muito feliz com a perfeita explicação: - Muito bem Alguém, você explicou direitinho. Agora vamos à tarefa que vocês deverão fazer para conseguir o pedaço da minha trança. Qual é o sonho de vocês nesse momento?

Alguém contou: - Eu quero passar de ano.

- E você Ninguém? Ela perguntou.

Mas a resposta demorou a ser revelada: - Ah... Sei lá, pra mim tanto faz. Ihhhhh, mas eu também tenho que querer isso de passar na escola né, senão... Tô perigando repetir o ano na escola.

A mestra concluiu: - Então os dois querem passar de ano na escola. Muito bem, então está lançada a tarefa.

Nesse exato momento um Relógio e uma Vela entram no jardim e falam ao mesmo tempo, mas cada um num ritmo diferente: o Relógio bem apressado e a Vela mais calma: - Chegamos para ajudar!

Felícia ficou contente com a possibilidade deles ajudarem: - Que bom! Uma Vela e um Relógio, quem vocês escolhem?

Ninguém correu para ser o primeiro a escolher: - Claro que eu quero o Relógio! Vem, vem logo!

Ele puxou o Relógio e saíram apressadamente.

Com muita tranquilidade Alguém falou: - Fico feliz com a Vela, uma luz em meu caminho. Obrigado!

E os dois saíram de mãos dadas conversando.

E você, amiguinho ou amiguinha que está lendo essa historinha, o que fará para passar de ano? Que tal perguntar para um adulto que cuida de você, o que ele poderia dizer para que você consiga atingir esse objetivo?

Depois que vários meses se passaram ouviu-se o som do Gongo.

Todos estavam no jardim com a mestra, aguardando a chegada dos dois candidatos.

Alguém e Vela entram felizes, trazendo um boletim grande, onde as notas estão em azul significando que estão acima da média.

Alguém revelou alegre: - Eu passei! Eu passei! E deu um forte abraço na Felícia e na Vela.

O gongo soou novamente.

Ninguém e o Relógio entraram desanimados, trazendo um boletim grande, onde as notas estavam em vermelho significando que foram abaixo da média.

Ninguém contou: - Eu não consegui, nem sei por que eu tentei... Eu já sabia que isso iria acontecer. Mas a culpa foi do Relógio que ficou nesse tic-tac infernal, nem me acordar ele acordou.

O Relógio falou indignado: - Espera lá, mas quem tinha que colocar o alarme era você. A tarefa era sua.

Eles começaram a discutir: - A culpa foi sua, você que atrapalhou, etc.

A Felícia interveio: - Calma, calma. Vamos ouvir como cada um viveu nesses meses até aqui. Fale você primeiro Alguém, afinal você conseguiu passar de ano.

Ele relatou: - Bem, saímos daqui muito animados e acreditando realmente que iríamos conseguir.

A Vela continuou: - Alguém estudou muito, também procurou viver de forma saudável: dormiu cedo, não ficou no celular, internet, videogame muito tempo, equilibrou bem as horas do dia. Ah, se alimentou direitinho: comeu frutas, legumes... E rezou, rezou com fé.

Alguém confirmou: - Sim, eu sei que cada um de nós tem um anjo da guarda, eu nunca estou sozinho.

Felícia reforçou: - Isso é muito importante, acreditar que Deus nos ama e está conosco o tempo todo. E na escola, como foi?

- Na escola eu prestei bastante atenção na explicação dos professores, fiz todas as lições, revisei a matéria em casa... A Vela estava sempre comigo, clareando não só a minha vida, mas a minha mente, aquecendo o meu coração! Alguém contou e ao final abraçou a Vela em sinal de gratidão.

A mestra cortou um pedaço da enorme trança do seu cabeço e deu para o Alguém: - Parabéns! Aqui está um pedaço da minha trança.

Após ouvir atentamente todo relato, muito arrependido Ninguém contou como viveu: - Poxa, eu não fiz nada disso. Conforme o Relógio dizia que o tempo passou e que era hora de estudar, eu continuei no jogo do videogame, na escola eu queria mesmo era a hora do recreio, ao invés de prestar atenção na professora eu ficava olhando para o relógio e vendo a hora pra ir embora, ou ficava pensando que eu tinha de falar com o meu amigo sobre o futebol. Eu não me dediquei e muito menos rezei.

- Viu que a culpa não foi minha? Afirmou o Relógio.

Ninguém concordou: - É que é sempre mais fácil colocar a culpa nos outros. Me desculpe.

Após os relatos a mestra ensinou: - Viram a diferença? Se você acredita que vai conseguir, se você se esforça, até se sacrifica, com certeza você merecerá a recompensa. Entendeu a mensagem de hoje Ninguém?

Ele respondeu com muita humildade: - Claro que entendi, essa é a hora, eu posso mudar a minha história. Eu queria fazer um pedido a vocês, posso?

- Claro! Todos falaram emocionados com o desejo dele.

E fez um pedido muito coerente: - Eu queria mudar o meu nome para Amém!

Felícia concordou: - Amém significa verdade, certeza. Excelente escolha! Então chega de ficar dizendo que não é ninguém. Use essa fé que eu sei que você tem.

E a partir daquele dia Amém viveu feliz para sempre! Tchau amiguinhos !

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