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Um novo caminho

Lc 9,51-62

Autora: Cecília Pellegrini

Certa vez o Coelho Mosqueteiro estava na ilha Coelhanos, quando viu um barco lotado de bichos se aproximar e falou bravo: - Ora, ora, um barco está se aproximando da minha ilha. Quem será? Quem será?

Era o Mestre Cordeiro, o Lobo, a Onça e mais uma porção de animais indo em direção a Jeribim.

A Onça, dentro do barco grita, apontando para a ilha: - Estou avistando uma ilha, reme mais rápido seu Lobo!

O Lobo remou mais rápido enquanto a Onça continuava a gritar: - Mais rápido, mais rápido.

Seu Lobo ordenou: - Pronto Onça, pode descer, chegamos.

A Onça cansada exclamou: - Já era tempo. Nossa estou toda amassada! Ela desceu do barco e foi logo ajeitando suas roupas.

O Lobo antes de descer falou: - Espere aqui mestre Cordeiro, que irei conversar com aquele Coelho que está vigiando a ilha.

E após caminhar um pouco na areia foi perto do Coelho e o cumprimentou: - Boa tarde senhor...

Com uma enorme espada em punho, o Coelho gritou: - Alto lá. Sou o Coelho Mosqueteiro, o chefe dessa ilha, a maravilhosa ilha de Coelhanos. E tem mais, minha mamãe passou talquinho em mim, me deu as melhores cenouras e agora eu sou o Coelho mais forte dessa ilha.

Dona Onça não se conteve: - Um Coelho convencido e filhinho da mamãe.

O Coelho fica irritado e chama: - Mãeeeeeeeeeeeeeeee.

A Mãe Coelha chegou apressada e enquanto perguntava abraçou o filho: - O que foi meu filhinho fofinho?

O Coelho, envergonhado disse: - Pô mãe, já disse para a senhora não me tratar feito um bebê. Tem visita no pedaço...

Depois empunhou a espada e foi pra cima do Lobo e da Onça: - Quem são vocês num barco com uma porção de bichos diferentes juntos? O que querem? Pra onde estão indo?

A Onça pediu: - Nossa, que interrogatório! Calma, calma, Coelho Mosqueteiro. Uma pergunta de cada vez.

O Lobo estendeu uma das patas e cumprimentou: - Muito prazer!

Porém, o Coelho cumprimentou esticando a espada em direção ao Lobo.

Depois foi logo avisando: - Sou um Coelho muito ocupado. Desembuchem logo, vamos.

A Mãe Coelha tentava acalmá-lo dizendo: - Calma, filhinho!

A Onça concordou: - Sua mãe tem razão, calma! Somos seguidores do Mestre Cordeiro, ele está dentro do barco. Estamos indo para a ilha Jeribim.

O Coelho ficou irritado e gritou: - O quê? Vocês estão indo para Jeribim? Você ouviu mamãe? Pois fiquem sabendo que aqueles jegues são nossos inimigos de longa data.

O Lobo tentou explicar: - Calma. Só queremos passar a noite aqui e seguiremos amanhã cedo.

Mas o Coelho não aceitou: - Nunca, jamais, de forma alguma. Meia volta, entrem no barco e levem todos esses bichos embora.

E ameaçou com a espada: - Vão, não estão ouvindo?

A Mãe Coelha só implorava: - Calma, meu bem, calma.

Então a Onça resolveu dar o troco: - Ah! Você espere só para se ver com o nosso mestre. Vamos Lobo, vamos contar tudo para o Mestre Cordeiro.

E saíram correndo até o Cordeiro no barco.

A Mãe Coelha abraçou o filho: - Meu bebê!

Quando entraram no barco a Onça foi logo contando: - Mestre, mestre, aqui na ilha tem um Coelho Mosqueteiro que acha que é dono de tudo e fomos rejeitados, ele nos expulsou daqui.

O Lobo pediu: - Vamos acabar com todos os Coelhos da ilha Coelhanos. Use o seu poder Mestre.

Enquanto o Cordeiro saia do barco, a Onça e o Lobo ficaram gritando: - Acabe com eles! Acabe com eles!

O Cordeiro respondeu: - Nãoooooo! Vocês entenderam tão pouco da minha missão. Eu jamais rejeito quem me rejeita. Eu ensinei a vocês o amor e não o ódio, a união e não a guerra. Então, como assim acabar com eles?

O Coelho que tudo ouviu explicou: - Como assim? Como assim? Eles querem lutar. Pois fiquem sabendo que eu, o Coelho Mosqueteiro, não tenho medo de nada e nem de bicho nenhum. Pode vir um leão, um elefante, um rinoceronte.

A Mãe Coelha ficou preocupada com o nervosismo do filho e correu abraçá-lo: - Calma, filhinho...

O Filho pediu: - Menos mãe, menos. Eu sou corajoso, entendeu?

O Mestre Cordeiro iniciou o diálogo: - Querido Coelho...

Mas o Lobo e a Onça ficaram indignados: - Querido?

O Cordeiro continuou: - Querido Coelho, temos um projeto de vida que une todos os animais.

O Coelho quis saber: - É, nunca vi nada igual. Como conseguiu juntar tantos bichos diferentes e um não comer o outro?

E o Cordeiro explicou: - Tudo em perfeita harmonia. Chega de guerras, ódio, exploração. Meus seguidores propõem uma vida nova.

- Eu vi mesmo que os seus seguidores Lobo e Onça são da paz, do amor, da união... Retrucou o Coelho lembrando da reação dos dois bichos.

A Onça reconheceu o erro: - Desculpe-me mestre, realmente eu não agi como o senhor nos ensinou.

O Lobo também refletiu e viu que estava errado: - É, eu julguei e condenei o Coelho.

O Coelho comentou: - Viu mamãe, viu. Viu quem está certo nesta história?

A Mãe respondeu: - Vi sim, meu filho, vi que o Mestre Cordeiro propõe mudanças radicais na nossa vida e eu quero segui-lo.

O Filho quase desmaiou após ouvir o desejo de sua mãe: - O quê? Como assim? Vai segui-lo? Me abandonar? Por favor mamãe, não vá, não vá.

E começou a chorar escandalosamente.

Mas a Mãe Coelha estava decidida: - Mestre, eu vou contigo pra qualquer lugar.

E o Mestre perguntou:- Estas disposta a enfrentar o frio, a fome, não ter lugar para dormir?

- Sim, estou. Respondeu a Coelha com total convicção.

O Filho, vendo a certeza com que a mãe estava, pediu: - Mãe, já que você quer mesmo ir, então antes de ir deixe comida para o mês inteiro, que eu esquento no microondas, limpa a toca, lave minhas roupas.

O Mestre insistiu: - Coelha, Coelha, me seguir não é fácil. Você deixará toda segurança que tem nessa ilha, seus familiares?

O Coelho aproveitou para tentar persuadir a mãe: - Tá vendo mamãe, tá vendo? Pense bem: você deixará o seu filhote fofinho, o conforto da nossa toca pra seguir o Cordeiro?

A Onça alertou: - Depois que a senhora iniciar o caminho com o Mestre não deverá voltar para trás, por motivo nenhum.

Mas o Lobo mostrou o quanto é bom estar com o Cordeiro: - Mas o Mestre nos dá fé e a esperança para estarmos sempre firmes no caminho.

- Desde que vi o Mestre Cordeiro senti que é com Ele que eu quero estar. Explicou dona Coelha.

Por fim o Cordeiro falou: - Então, vamos seguir o nosso caminho.

E assim o Lobo, a Onça e o Cordeiro entraram no barco.

O Mestre então chamou a Coelha: - Vamos, minha filha!

O Coelho insistiu: - Não vá mamãe, não vá.

Mas a mãe se despediu do filho: - Fique em paz filhinho. Eu quero levar a mensagem do Mestre a todos os animais. Tchau.

Ela entrou no barco e ficou acenando até desaparecer na imensidão do mar.

O Coelho, muito triste declamou um versinho:

Mamãe seguiu o seu caminho.

Lá se foi com o Mestre Cordeirinho

Deixou a segurança da nossa ilha

Para ser sempre uma boa filha

E você bichinho que me vê

Acredita nesse caminho?

De paz, amor e união

Uma vida de doação?

Desde então o Coelho Mosqueteiro pergunta a todos que chegam na ilha se não querem adotá-lo.

E você parceiro, não quer ficar com o Coelho Mosqueteiro?

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