Um pequeno gesto
- pelegrincecilia
- 10 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Lc 16,1-13
Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello
Contam que, certa vez, no ponto mais alto de uma serra, em uma clareira em que só cresciam capins e cipós, de repente chegou, uma semente.
Como é que ela foi parar ali? Quem foi que a semeou? Vamos descobrir? Vou chamar o meu amigo: - Ventoooooooo!
Após uma forte ventania ele falou: - Quem me chama, quem me chama?
- Vento foi você quem trouxe a semente?
- Não, não, não, não. Eu não fui! Mas eu já sei quem deve ter sido.
- Sabe? Então diga logo!
- Foi a minha irmã nuvem. Eu a vi agorinha mesmo no lado sudoeste. Vamos chamá-la bem alto: - Nuuuuuuvem, nuuuuvem.
A nuvem chegou dançando animadamente: - Pelas gotas de chuva, quem foi que me chamou? Eu estava numa tremenda festa nuvesca, dancei tanto, mas dancei tanto...
- Desculpe Nuvem, mas preciso saber se foi você que semeou aquela semente que está ali deitadinha?
- Não acredito, não acredito, não acredito. Eu lá, no meu rock, paquerando legal e você me chama pra isso? Não, não fui eu não. Mas o meu irmão Sol não foi na nossa festa, deve ter sido ele.
- Então, vamos chamá-lo rápido: - Sooooool, Sooooool.
E o solzão chegou de óculos escuros: - E aí galera, ouvi um som legal. Soooolll! sou euzinho aqui. O grandão, o fortão, o radiante Solzão.
- Ah! Então só pode ter sido você quem semeou aquela semente!
- Eu me acho o máximo, mas não posso mentir, não é mesmo? Infelizmente não fui eu, mas bem que eu gostaria. Como ela é lindinha.
O vento refletiu: - Se não fui eu, não foi a minha irmã nuvem, não foi o meu irmão sol, quem terá sido?
Todos indagavam: - Quem terá sido?
A nuvem avisou: - Desculpem-me, mas vou continuar dançando um rock maneiro na festa, tchauzinho.
O Sol pediu: - Irmãzinha, nos leve com você.
A nuvem concordou: - Vamos, vocês vão adorar!
E os três saíram para se divertirem na festa.
- Ninguém que morava naquela serra sabia dar a resposta. Mas lá estava ela. E a sementinha dormiu seu longo sono, bem cobertinha por um punhado de terra. Mas, certo dia de manhã, ela mostrou para o mundo, devagarinho, a sua carinha verde de felicidade e foi crescendo, crescendo até se transformar em uma linda árvore, bem grande chamada Macieira.
Mas com o tempo ela começou a ficar feia, seus galhos começaram a cair, ela parecia tão triste. O vento passando por ali e vendo toda aquela tristeza, perguntou a ela: - Macieira por que você está assim tão triste?
Ela respondeu: - É que estou muito sozinha. E esta solidão está dando formigamento em minhas raízes.
- E sabem por que ela estava se sentindo só? Porque uma árvore não sabe viver sozinha, ela precisa de outras árvores ao redor de si: para conversar, brincar, para enfrentar perigos, para compartilhar alegrias e para outras coisinhas mais.
E o vento então, preocupado com aquela árvore, chamou os seus amigos o sol e a nuvem para conversarem: - Olá amigos, precisamos fazer alguma coisa para ajudar a Macieira!
O Sol falou: - Tudo bem, contanto que eu não tenha que fazer muito esforço. Eu já trabalho muito.
A nuvem disse: - Não sei não, para eu ajudá-la, vou ter que me transformar, ficar grandona, cheiona de gotinhas e eu não tô a fim de mudar de forma não!
E o Sol quis mesmo é ir embora: - Irmão Vento, você parece aquela senhora que conta história, quer saber de tudo, quer ajudar todo mundo. Vamos brincar nuvem?
Ela concordou na hora: - Vamos, vamos!
E os dois começaram a brincar.
O Vento explanou: - Como vocês são preguiçosos e egoístas.
Eles olharam feio para o Vento e continuaram a brincadeira.
- Já que vocês não querem me ajudar eu vou tentar fazer alguma coisa so-zi-nho E o Vento saiu bravo.
O Sol parou de brincar: - Não quero mais brincar, tô chateado, tô ardidão.
Toda agitada a Nuvem zombou: - Ei, amarelô é, só porque eu tava ganhando?
Mas o amigo respondeu: - Não é isso, é que to me sentindo mal com o que o vento disse.
A Nuvem perguntou: - Você acha que devemos ajudar a Macieira também?
Ele analisou: - Será que ainda dá tempo?
Ela afirmou: - Mas é lógico que dá, o tempo é nosso amigo.
- Então vamos lá. O Sol falou animado.
A nuvem saiu correndo e o Sol se aproximou da árvore ficando atrás dela.
Vejam só que coisa maravilhosa. De regiões bem distantes, que ficavam além daquela serra, o vento trouxe sementes e as plantou.
Vocês pensam que a dona nuvem foi dançar novamente? Não, não! Ela trouxe uma chuva suave e miudinha. Que lindo! Os brotos verdes logo apareceram.
E o sol os fez crescer com o mais caloroso de seus afagos. Quanto mais calor o sol dava para as plantas, mais elas cresciam.
E naquela região solitária da serra, em que só cresciam capins e cipós, começou a surgir ao redor daquela macieira, um verdadeiro bosque com muitas árvores. E fortes e unidas, todas estas árvores enfeitaram o azul do céu.
Com a historinha de hoje aprendemos mais uma lição: Basta uma pequena ação, um gesto de doação, para alegrar o irmão! Tchau!
Comments