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Uma criança entre nós - Natal

I – Mc 13,33-37 - A Notícia

II – Mc 1,1-8 - Uma rosa entre os espinhos

III – Jo 1,6-8.19-28 - Solidariedade, sinal de alegria

IV – Lc 1,25-38 - Natal da Partilha

Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello

História em 4 capítulos para os domingos do Advento


I CAPÍTULO: A NOTÍCIA

Esta é a historinha mais esperada do ano. Só que ela está dividida em capítulos, tipo uma novela. Serão quatro capítulos cheios de muito amor, união e esperança. Ao primeiro capítulo demos o nome de: A notícia!  

Francisca e Paulo moravam num bairro bem longe do centro de uma grande cidade. Eles eram bem humildes, não tinham muitas coisas, a casa em que moravam era bem pequena, com um pedaço de terra no quintal onde fizeram uma horta, plantaram uma laranjeira e um limoeiro. Ah! E na história tem a Pink, uma cachorra brincalhona e o gato Zézo que vive aprontando.

Numa linda manhã Francisca estava com um regador na mão e um vasinho de flor na outra, sentou-se na cadeira e começou a conversar com a planta: - Plantinha veja que tristeza, a laranjeira do quintal ainda não floriu, o limoeiro está sem folhas, as verduras da horta estão morrendo. Não sei o que está acontecendo que não chove.  Temos pouca água e não posso gastá-la para regar você e as verduras. Sabe de uma coisa? Você precisa ser forte e aguentar firme porque a chuva vai chegar!

Nesse exato momento chegaram Neide, a mãe e a Edileine, irmã de Francisca, trazendo uma cachorrinha no colo.

Dona Neide perguntou: - Oi filha, está falando sozinha?

Edilene, sempre arengando rebateu: - E essa aí, além de chata está ficando boba.

Francisca sorriu: - Oi, mamãe. Oi, Edileine.  Que bom que vocês vieram me visitar. Vocês trouxeram a Pink! Eu estava com tantas saudades... Depois fez afagos, dando carinho para a cachorra.

- Acho que ela também estava com saudades. Sabe que ela deu de correr atrás do Zézo. Antes eles eram tão amigos... Contou Edileine.

A mãe disse o motivo da visita: - Olha filha, eu trouxe um bolo para você e para seu marido.

Depois Neide olhou bem, examinando Francisca e disse: - Você está diferente hoje. 

Edileine deu uma volta ao redor de Francisca: - Você está vendo coisa, mãe, ela está do jeito que sempre foi.

Mas a mãe discordou: - Não, seu rosto está mais feliz!  Pelo jeito você tem alguma notícia boa para me dar.

A filha sorriu incrédula: - E que notícia, mamãe. Você me conhece mesmo: estou esperando um filho!

- Que maravilha! Você vai ser mãe. Parabéns! Cumprimentou a mãe radiante.

Edileine não acreditou: - Você está grávida?  Ué, mas cadê a barrigona? 

Francisca explicou: - Calma Edileine, o médico do posto me disse que eu estou com dois meses de gravidez.

Dona Neide explicou: - É, e a barriga não começou a crescer porque o nenê ainda está começando a se formar.

Edileine não se conteve: - Poxa, eu vou ser tia! Depois ergueu a Pink e ficou girando o corpo.

Depois perguntou, enquanto fingia que a cachorra era um bebê: - Você vai me deixar carregá-lo? 

Sua mãe lembrou: - Calma Edileine, ainda falta muito tempo. 

Mas Edileine queria saber de tudo: - E o Paulo ficou contente?

- Ele ainda não sabe. Irei contar quando ele chegar do trabalho. Explicou a irmã.

Dona Neide pontuou: - Um filho é uma benção de Deus. Ele ficará muito feliz.

Francisca respondeu: - Eu sei, mas ele anda tão cansado e aborrecido com tanto serviço. A senhora acredita que agora, além de trabalhar durante o dia, às vezes ele tem que trabalhar à noite também?

- Mas isso é um abuso do patrão. Por que ele não reclama? Questionou Edileine revoltada.

Com muita tristeza Francisca informou: - Reclamar, como? Quem se queixa é mandado embora e nós temos tantas despesas: aluguel, água, luz, comida. 

A mãe lembrou da sua própria vida: - É filha, eu sei como é isso. Seu pai morreu tentando conseguir uma vida melhor e a cada dia que passa a pensão que recebo vai ficando cada vez menor. Ah! Se não fosse as roupas que eu lavo para as madames, não sei como iria pagar as despesas.

Edileine contou a novidade: - Sabia Francisca, que eu tô trabalhando de babá para a dona Estela, aquela que deu a Pink para nós.

Neide completou: - A Edileine ficou sem vaga na escola do nosso bairro, e tem que andar muito até o outro bairro para ir à escola, por isso ela está trabalhando para pagar o passe escolar.

Após ouvir atentamente, Francisca constatou: - Que fase difícil.  Mas quem sabe essa criança está chegando para o início de uma vida nova?

Orgulhosa a mãe confirmou: - É assim que se fala. Uma criança é sempre sinal de dias melhores. Eu e seu pai éramos muito pobres, mas criamos você e os seus cinco irmãos com muito amor e carinho.

Francisca abraçou a mãe: - É mamãe, você e papai são pais maravilhosos. 

Com muita fé a mãe revelou: - É que Deus sempre fez parte da nossa vida. Ele esteve sempre juntinho de nós. Nos bons e maus momentos. Sempre nos deu força, saúde, união. Somos uma família muito feliz.

- Sim mamãe, uma família muito unida e feliz. Francisca afirmou com toda convicção.

Mas Edileine mostrou que nem tudo era paz: - Às vezes sai umas brigas quando pegam as minhas coisas, né? Mas com o seu bebê eu não vou brigar, não tá, prometo! 

Depois ela passou a mão na barriga da irmã: - E pensar que aqui dentro há um ser se formando. 

Comovida a dona Neide lembrou: - Veja Edileine como Deus fez a natureza perfeita. Uma grande modificação está acontecendo no corpo de Francisca, assim como na sua vida e na de Paulo.

Edileine não quis ficar pra trás: - Na minha também, porque eu vou me preparar para receber esse sobrinho que vem aí.

Dando risadas Francisca lembrou: - É, você vai ficar para titia, heim!

Dona Neide avisou que precisava partir: - Bem, está na hora de ir embora porque tenho muita roupa para lavar.

- E eu tenho que ir para a escola. Avisou Edileine e ambas deram tchau e partiram.

Após algumas horas ouve-se a voz de Paulo: - Chica, Chica, cheguei!

E assim termina nosso 1º Capítulo. Como Paulo, marido de Francisca receberá a notícia?

O que Edileine fará para esperar o sobrinho?  Não percam o próximo capítulo da novela: Uma criança entre nós.

II CAPÍTULO – UMA ROSA ENTRE OS ESPINHOS

Iniciamos mais um capítulo da novela: Uma criança entre nós. No 1º capítulo vocês conheceram Francisca, sua mãe Neide, sua irmã Edileine e a cachorrinha Pink. Francisca contou a elas que estava grávida e elas ficaram muito felizes.  A cena parou com a chegada do marido de Francisca. Vamos ver qual será a reação de Paulo? Com vocês... o 2º capítulo chamado: Uma rosa entre os espinhos.

Paulo entrou em casa chamando pela esposa: - Chica, Chica, cheguei!

Francisca estava toda cheirosa: - Oi, meu amor. Tenho uma novidade muito boa para lhe dar.

- Ganhamos na loteria? Perguntou.

A esposa ficou triste por perceber o tipo de alegria que o marido queria: - Não, não ganhamos na loteria.

- Que pena! Externalizou ele.

Mas ela continuou: - Para mim é melhor que ganhar na loteria.

- Então diga logo. Pediu Paulo ansioso.

Eis a revelação:- Eu estou esperando um filhinho. 

Ele ficou surpreso: - Um, um filho?

Ela então perguntou: - Mas, você não está feliz?

Paulo respondeu, abraçando e beijando a esposa: - Sim, estou, mas nessa pobreza em que vivemos não temos nada para oferecer ao nosso filho.

- Como não temos nada, temos um ao outro! Afirmou ela convicta.

Mas ele questionou: - Sim, mas que futuro poderemos dar a essa criança?

Com muita determinação ela falou: - Um futuro digno. Humilde, mas digno. 

A reação dele foi um tanto brava: - Um futuro digno? Como, se já faz uma semana que estamos comendo só arroz e feijão.

A discussão do casal foi interrompida com a voz da vizinha chamando: - Chica, ô Chica. 

Paulo reclamou: - Essa vizinha...Parece que basta a gente começar a conversar que logo chega ela. E quase sempre vem pedir alguma coisa.

Sonia entrou de avental e com a mão dada com uma criança, que trazia uma xícara vazia:- Você tem uma xícara de açúcar pra me emprestar?

O marido de Chica balbuciou: - Mas eu não disse? Acertei na mosca.

- Falou comigo, seu Paulo? 

Paulo fez gestos negativos e Sonia continuou: - Nossa, seu Paulo, o que foi que aconteceu, que você ta branco desse jeito? Alguém morreu? 

Chica enquanto pegava o açúcar revelou: - Pelo contrário Sonia, acabei de dar uma notícia de vida. Ele está assim porque acabou de saber que vai ser pai.

A vizinha ficou muito feliz: - Mas que notícia mais arretada, sô! Já tava demorando muito pra vim cria “dóceis” .

Depois, com toda simplicidade Sonia abraçou a futura mamãe e continuou: - Não liga não Francisca, o Wardema, meu marido,  quando ficou sabendo que eu tava grávida dessa lindeza  da nossa “fia tamém” ficou branco que nem cera, mas  pai coruja como ele não tem outro “iguar”. É, seu Paulo ta cum medo de não dá conta né?   

Paulo foi bravo em direção a vizinha: - Ô dona Sonia, a senhora não tem que fazer os seus doces lá na sua casa, não?

E sem perceber Sonia concordou: - Ichi se tenho, seu Paulo, vou ter que fazer mais doce pra vender na cantina da escola, porque o 13° do Wardema não vai sair tão já. Eu soube que o seu 13º “tumbem num” saiu, né? 

E pegando na mão da sua filhinha se despediu: - Vamos lá né fia. Brigada Chica do açúcar. Tchau futuros papais.

Depois que saíram Paulo resmungou: - Você ouviu isso Chica, até a fofoqueira da Sonia já sabe que o meu 13° vai demorar pra sair. Como vamos comprar as coisas pro nenê?

- É preciso ter fé, meu amor. Você não quer esse filho? Francisca perguntou.

O marido respondeu enquanto abraçava a esposa: - Lógico que eu quero, eu sempre quis ter um filho, mas a cidade está tão violenta, está difícil para dar estudo, ter plano de saúde...

Francisca pegou a flor de dentro do vaso que estava sobre a mesa e mostrou ao marido: - Não desanime. Veja só esta linda rosa Paulo... 

- O que tem ela? Questionou.

Ela explicou: - Vejo o nosso bebê como esta rosa que é tão linda, mas está no meio desses espinhos todos.

Então ele tentou mostrar sua forma de ver a vida: - Está vendo só como você entende o que estou falando? Esta rosa não estaria melhor sem este monte de espinhos à sua volta?

Com muito carinho ela continuou: - Mas mesmo cercada por espinhos ela é linda e perfumada. Nós vamos estar bem, Paulo. Tenha esperança, Confie na vida e em Deus. 

Paulo ficou um pouco pensativo e caminhou em direção de Francisca que estava de costas para ele, meio triste. Paulo tocou em seus ombros, virando-a para ele e falou com muita calma e emoção: - É Chica, você tem razão. Essa vida dura me deixou muito pessimista...

Depois animou-se e falou com toda certeza no coração - Eu vou ser pai e estou muito feliz.  Que tal irmos contar para os meus pais?

Ela sorriu e comentou: - Sua mãe vai adorar ser vovó. 

Os dois saíram abraçados para irem contar a novidade para toda família.

Os dias foram passando e a barriga de Francisca crescia e engordava, porque lá dentro seu bebê se sentia protegido.

Mas em compensação aqui fora, as coisas não iam bem não. A firma onde Paulo trabalhava estava quase falindo. Francisca começou a ajudar a vizinha, dona Sonia, com os doces na cantina da escola. Mas ganhava pouco e ainda não tinha o suficiente para comprar nada para o bebê. Foi quando Edileine, a irmã de Francisca, teve uma ideia.

Edileine perguntou: - Mãe, será que a Chica vai aceitar? 

A mãe respondeu: - Essa sua ideia de dar o seu salário de babá para ela comprar o berço é muito bonita, mas como você fará para ir escola? Esse dinheiro já é quase todo usado para a compra dos passes.

Foi quando ouviu-se uma resposta emocionante: - Ô mãe, você não vive dizendo que a gente tem que ajudar a quem precisa? Então eu vou fazer a minha parte, mesmo que eu tenha que ir a pé para a escola. 

Após ter abraçado a filha, dona Sonia disse: - Estou muito orgulhosa de você.

E assim terminou mais um capítulo.

Será que Francisca aceitará a ajuda de Edileine? O que acontecerá com Paulo? Como eles farão para comprar o enxoval do bebê? Será que perderão a esperança de dias melhores? Não percam o 3º capítulo da novela: Uma criança entre nós. 

III CAPÍTULO – SOLIDARIEDADE, SINAL DE ALEGRIA!

Contarei mais um capítulo da novela: Uma criança entre nós. No 2º capítulo Paulo recebeu a notícia de que Francisca estava grávida. No início ficou preocupado por não terem condições financeiras para receberem este filho, mas percebeu que um tinha ao outro e que o amor ajudaria a superar os problemas.  A cena parou quando Edileine chegou com sua mãe para dizer que já sabia como ter dinheiro para a compra do berço do bebê.  Com vocês ... o 3º capítulo chamado: Solidariedade, sinal de alegria!

Edileine chega na casa da Chica e chamou:  - Chica, Chica.

Francisca apareceu na sala cabisbaixa, já com 6 meses de gestação e cumprimentou: - Oi.

Dona Sonia falou animada: - Ânimo filha, a Edileine está aqui doidinha pra te dizer uma coisa.

A irmã falou entusiasma: - Tcham, tcham, tcham, tcham... Eu já sei como vamos comprar o berço do bebê.

- Como? Perguntou Chica.

- Com o meu salário de babá. Respondeu a irmã.

Comovida Chica abraçou a sua irmã: - Obrigada irmãzinha.

Depois começou a chorar o que causou muita preocupação.

Dona Sonia perguntou: - Minha filha, o que foi que aconteceu? Alguma coisa com o bebê?

Eis que vem o relato: - Não mãe, o bebê está ótimo. Mexe toda hora. Acho que é a maneira que Deus encontrou para dizer que nos ama, pois quando o Paulo sente o bebê mexer é o único momento que ele sorri.

- Então, diga logo o que aconteceu, que eu já estou nervosa. Pediu Edileine insistindo.

E Chica conta o problema: - O Paulo perdeu o emprego.

- Minha Nossa Senhora! Sonia e Edileine se expressaram juntas.

E Francisca continuou: - Agora, ele sai todo dia à procura de emprego. Mas está tão difícil porque ele não tem o segundo grau completo.

- Eu não disse que ele devia fazer o supletivo? Falou Edileine.

A mãe a repreendeu: - Edileine, agora não adianta ficar falando. Que tal irmos falar com a sua madrinha? O marido dela é chefe naquela metalúrgica. Quem sabe lá esteja precisando de alguém. Vamos?

Chica põe a mão na barriga: - Olha, parece que o nenê entendeu. Vejam como ele está se mexendo.

A tia, orgulhosa revela: - Esse meu sobrinho é parecido com a tia aqui! Já está todo animadinho. É isso aí fofinho, seu pai vai arrumar emprego logo, logo.

Dona Sonia disse: - Mas a Edileine pôs na cabeça que vai ser menino. Eu já disse que pode ser menina também. Vamos Francisca?

- Vamos sim, mãe.

Edileine também tinha que partir: - Eu já vou indo para o trabalho porque não gosto de chegar atrasada na casa da dona Estela.

E assim, as três saíram apressadamente. Francisca e sua mãe não tiveram sorte conversando com sua madrinha, pois a metalúrgica está mal financeiramente e também estão demitindo funcionários, mas em compensação, Edileine parece que atraiu só coisas boas.

Ela chegou para trabalhar quando se deparou com a patroa, dona Estela sentada na sala, mexendo no celular e pediu: - Com licença dona Estela.

- Oi Edileine. Olha, a minha filha começou a fazer ballet e agora você terá que trabalhar menos.

Espantada e nervosa Edileine perguntou: - O quê? A senhora não precisa mais dos meus serviços? 

Dona Estela levantou-se e foi até a funcionária: - Calma, por que o nervoso? Achei que você iria ficar feliz, afinal de contas você sabe o quanto a Priscilinha queria aprender a dançar.

Edileine desabafou: - É que, agora mais do que nunca, eu preciso muito do dinheiro que eu ganho como babá.

A patroa tranquilizou-a: - Mas em momento nenhum eu disse que iria dispensá-la. Nós gostamos muito de você.

Muito feliz Edileine disse: - Ufa! ainda bem. 

Preocupada Estela a interrogou: - Mas, o que você anda fazendo com o seu salário? Sua mãe sabe dos seus gastos, né Edileine?

- Lógico, dona Estela. É que o marido da Francisca, minha irmã, aquela que está grávida, foi mandado embora. A situação está muito difícil e a senhora acredita que ela está de 6 meses e ainda não tem nenhuma peça de enxoval? Eu vou comprar o berço com o dinheiro que eu ganho aqui.

- Mas e os passes para a escola? E a conta de água e luz que você pagava pra sua mãe? A patroa perguntou.

Edileine então contou o plano de vida: - A gente já conversou lá em casa: todo mundo vai economizar mais ainda e eu vou a pé pra escola.

Dona Estela não concordou: - Ah! Nada disso Edileine, esta cidade está muito perigosa e você me disse que são 22 quarteirões da sua casa até a escola. Eu vou pensar numa solução.

Vendo o tanto que a patroa ficou pensativa, a funcionária quis amenizar: - Não precisa se preocupar, dona Estela, a gente dá um jeito.

De repente dona Estela teve uma ideia: - Já sei, como não pensei nisso antes? Vou ligar para as minhas amigas e vou organizar um chá de bebê para a sua irmã. Você, vá até a cozinha comer e eu vou organizar a lista dos presentinhos. 

Edileine ficou radiante: - Minha irmã vai ficar muito feliz. Não vejo a hora de contar a novidade! Obrigada, dona Estela, a senhora é uma pessoa muito boa.

A patroa respondeu: - Obrigada, digo eu. O meu círculo de amigas anda muito parado, meio desunido, cada um na sua, sem motivação. Essa criança vai ser o elo de todas nós. E digo mais, vou propor a elas que depois de Francisca, continuemos a ajudar outras moças grávidas. Esse Natal vai ser especial. Ajudar esse bebezinho será como reparar o erro da humanidade em não ter ajudado o menino Jesus, quando ele veio até nós. Sua irmã terá tudo o que precisa, não se preocupe. Agora eu vou providenciar tudo.

E Estela foi rapidamente concretizar todo o seu plano humanitário.

Parece que quando o bebê se mexeu na barriga de Francisca é porque ele já sabia que coisas boas iriam acontecer. No próximo capítulo veremos a reação de Francisca e Paulo e a continuação da novela: Uma criança entre nós. 

IV CAPÍTULO – NATAL DA PARTILHA

Chegamos ao quarto e último capítulo da nossa novela: Uma criança entre nós.  No terceiro capítulo vimos que Paulo estava desnorteado porque havia perdido o emprego, e que Dona Estela não deixou Edileine usar o seu salário para comprar o bercinho do nenê. A cena parou com dona Estela indo se reunir com suas amigas do condomínio onde morava para achar um jeito de ajudar Francisca e seu bebê.

Na casa do pobre casal, Paulo chegou deprimido, com uma ferramenta de jardinagem na mão. Ele colocou-a no chão perto da mesa, sentou-se, colocou um pouco de café na caneca. Depois tomou um gole e pensou: - Ainda bem que a Chica não chegou ainda, porque não vou ter jeito de olhar para ela e dizer que hoje eu não consegui ganhar nada.

Depois colocou a caneca em cima da mesa, levantou-se, abriu os braços e com voz exaltada desabafou: - Meu Deus, por que será que estou sofrendo tanto? Será que você se esqueceu de nós? Ou... será que você não existe!

Em seguida sentou-se na mesa com a cabeça baixa e sussurrou: - Isso mesmo, acho que Deus não existe mesmo.

E ali Paulo ficou. Vejam só pessoal, a que ponto o desespero leva o ser humano. Até a duvidar da existência de Deus, e foi isso que aconteceu com Paulo, afinal de contas a vida que já era difícil, piorou. Ele não se conformava com o sofrimento que eles estavam passando, ainda mais agora com um filho a caminho. 

Mas chegou Edileine, muito feliz: - Paulo, cadê a Francisca, eu tenho uma notícia boa para dar a ela.

Ele levantou-se e disse meio bravo: - Notícia boa... Notícia boa seria um emprego para mim.

Ela o animou: - Não desanime, você vai conseguir, mas cadê a Francisca?

- Ela foi ao posto de saúde fazer o pré-natal, hoje é a consulta de oito meses e não voltou ainda.

Edileine perguntou nervosa: - Nossa Paulo, será que aconteceu alguma coisa com ela e com o bebê?

- Não seja boba Edileine, é que hoje é véspera de Natal e você sabe né, como o posto de saúde funciona em véspera de feriado.

A cunhada resolveu ir embora: - Então quando ela chegar eu volto.

Edileine saiu e Paulo ficou cabisbaixo sentado, só com pensamentos negativos na mente: -  Esta noite será noite de Natal... Não deveria existir Natal.

Paulo estava muito triste e revoltado. Ele achava que o Natal era para os que tem grana, que as pessoas pobres não tinham direito a essa comemoração. 

A Francisca pensava em fazer uma comidinha gostosa para a ceia e Paulo sabia que sem dinheiro isto seria impossível. Mas, de repente ele tirou seu relógio do pulso e teve uma ideia: - Ah! Já sei... Vou agora mesmo vender esse relógio que ganhei do meu pai, assim poderei comprar alguma coisa.

E saiu apressadamente para conseguir trazer comida.

Chica já aos oito para nove meses chega acompanhada da mãe.

- Então Francisca, diga logo, o médico disse se é menino ou menina?

Francisca responde: - Nossa mãe, que curiosidade é essa, não é você que vivia dizendo que não importa o sexo, que vindo com saúde é o que basta?

Dona Neide se justificou: - Isso é verdade, mas que eu estou curiosa, isto também é verdade.

A filha, com muita alegria revelou: - Tá bom, eu vou contar... É menino.

As duas se abraçaram numa alegria sem tamanho. 

Neide comentou: - Nossa o Paulo vai ficar super orgulhoso.

- E por falar em Paulo, estou muito preocupada com ele, imagine que agora deu de sair de manhã e voltar só à noite. Chica confidenciou.

Nesse momento Estela e a amiga Débora batem palma no portão da casa de Francisca. As duas estavam com várias sacolas nas mãos: - Ó de casa, ó de casa, chamavam.

Dona Neide foi abrir a porta: - Dona Estela a senhora por aqui na véspera de Natal?

Estela explicou: - Eu e minha amiga Débora viemos trazer alguns presentinhos para a Francisca.

Muito comovida Francisca se pronunciou: - Como vai dona Estela, que surpresa!

A dona Estela começou a falar: - A Débora e eu viemos aqui em nome do nosso grupo lá do condomínio para...

Quando Edileine interrompeu a fala, porque entrou correndo e falando bem entusiasmada: - Francisca, tem uma caminhonete descarregan... oi, dona Estela, oi, dona Débora.... 

Ao perceber a presença das duas ricaças ela ficou sem graça e parou de falar.

Mas Débora insistiu: - Termine sua fala Edileine.

A jovem voltou a falar rapidamente e muito feliz: - É que tem um homem com uma caminhonete aí na frente descarregando um berço enorme, um carrinho de nenê, banheira, cômoda, abajur e uma caixa bem grande cheia de roupas.

Rindo muito do jeitinho animado, Débora explicou: - É o meu marido, Edileine! Ele veio nos ajudar.

Chica estava em choque: - Mas ajudar no que, eu não estou entendendo.

Estela explicou: - Era isso o eu estava dizendo antes da Edileine entrar. Nosso grupo se reuniu e cada um deu um pouco e assim pudemos comprar tudo o que seu bebê vai necessitar.

- Mas até o seu marido, dona Débora, aquele homem tão importante, está aqui na minha porta? Chica falou com toda humildade, mas um tanto envergonhada.

Nisso Rodrigo, o marido da Débora, entrou empurrando um carrinho de bebê: - Com licença, onde eu deixo isso?

Francisca mal conseguia falar: - Mas que belezura de carrinho. Eu não sei nem o que dizer. 

Ela passou a mão na barriga e falou: - Olha só fio, o que esse pessoal trouxe pra você. Veja quanta coisa meu amor!

Rodrigo continuou: - E o berço está lá fora. Basta você dizer onde coloco que já trago para dentro. 

Francisca ficou olhando os presentes como se não acreditasse no que via e ouvia.

Dona Neide, vendo que a filha estava paralisada perguntou: - Francisca, você não vai dizer nada não?  

Muito, mas muito emocionada Chica agradeceu: - Meu filho está pulando tanto como se quisesse dizer muito obrigado a vocês. Muito, mas muito obrigada. 

Paulo entrou com um pão embrulhado na mão olhando surpreso para toda aquela gente, perguntou: - Aconteceu alguma coisa?

Radiante Francisca foi recebe-lo: - Sim Paulo, aconteceu! Nós ganhamos todo o enxoval para o nosso filho. Vai ser um menino, Paulo.

Uma lágrima começou a sair quando ele falou: - O quê? É um menino, que alegria! 

- Eu não disse que era menino? Gritou Edileine.

O sr. Rodrigo se aproximou de Paulo: - Paulo, eu estou ampliando a minha rede de lojas pelo interior e estou precisando de um marceneiro.

- Essa é minha profissão.

Rodrigo continuou: - Eu sei e tenho boas referências de você, passe lá no escritório depois do Natal que a vaga é sua.

Paulo pôs a mão nos olhos e abaixou a cabeça.

Edileine perguntou: - Paulo o que é que está acontecendo, afinal com você?

Paulo estava emocionado demais. Emocionado e arrependido. Ele se deu conta de que era véspera do Natal. O Menino Jesus nascerá e o filho dele também nascerá. É como se dentro dele nascesse uma criança também, em forma de alegria, de esperança e de gratidão. 

Dona Sonia disse: -  Deus existe! 

Paulo concordou: - Sim, Deus existe! Como pude duvidar disso? 

Chica falou: - É Paulo, Deus existe no coração de todos: de homens e mulheres, de jovens e idosos, de adultos e crianças, de pobres e ricos.

O sr. Rodrigo continuou: - Existe no coração de todos aqueles que sabem partilhar e dar um pouco do que possuem para os mais necessitados.

Paulo se dirigindo aos visitantes: - Meus amigos, posso chamá-los assim, não é? Obrigado por terem olhado para a nossa dificuldade e terem nos ajudado.

A Débora respondeu: - Nós é que agradecemos. É como se estivéssemos fazendo para o menino Jesus, assim seu bebê não terá que dormir numa manjedoura.

Com muita humildade Paulo fez uma oferta: -Também quero partilhar com vocês o que eu consegui para esse Natal: Este pão! Quero que cada um coma um pedaço, porque ele é um sinal de união e de partilha e de confiança em Deus que nunca abandona os seus filhos... 

Paulo abraçou Francisca e Edileine apontando para a barriga da irmã falou: - Bem agora é só aguardar para o meu sobrinho aqui querer sair do quentinho. 

Neide lembrou: - Calma Edileine, logo, logo chegará a hora dele nascer.

E assim termina mais um capítulo da novela...Uma criança entre nós!

Só que esta história não termina aqui, ela se repete a cada dia, com nossas palavras e ações de alegria, esperança e gratidão. Então... Abra a porta do seu coração... e deixe Jesus entrar!

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