Vida nova para Giraldo
- pelegrincecilia
- 8 de fev. de 2022
- 4 min de leitura
Jo 11,1-45
Autoras: Cecília Pellegrini e Vera Pastrello
Cenário: Lagoa: um pano azul no chão e uma pedra na beira da lagoa.
Figurantes: Relógio, sapo Giraldo, carneiro, borboleta e duas sapinhas (figurantes).
RELÓGIO [entra em cena girando]: - Tic Tac, Tic Tac, Tic Tac. Dia e noite, Tic Tac, Tic Tac Noite e Dia.
RELÓGIO: - Bom dia amiguinhos. A historinha de hoje é sobre o Girallllldo. Vocês conhecem o Girallllllldo? Não? Pois hoje, nesta lagoa, a qualquer hora, a qualquer minuto, a qualquer segundo o Girallllldo aparecerá. Psssssiiiuuuuu! Fiquemos aqui, na beira da lagoa, esperando o Girallllldo aparecer.
[Som engraçado – Giraldo sai detrás da pedra, primeiro só a cabeça, depois uma parte do corpo. De repente entram duas sapinhas pulando [2 crianças fantasiadas]. Giraldo volta correndo atrás da pedra. As duas sapinhas ficam conversando mais para o lado e Giraldo fica observando.]
GIRALDO: - Ai, ai, como eu também gostaria de estar na beira da lagoa, brincando e pulando como aquelas sapinhas ali. Elas sim que são felizes, tem uma cor tão esverdeada, uns olhos tão lindos... e umas pernas tão fortes... E eu? Ah, como sou infeliz com esse corpo tão desmilinguido, tão deformado, esse corpo todo molenga. Nem posso sair da água.
RELÓGIO: - Tic Tac, Tic tac.
GIRALDO: - Quem está aí?
RELÓGIO: - Sou eu, o tempo. Muito prazer.
GIRALDO: - O tempo?
RELÓGIO: - Sim, eu conto os dias, as horas, os minutos, os segundos..., mas deixe pra lá. Não aguento mais ver você, dia após dia, reclamar, reclamar, reclamar...
GIRALDO: - Mas, veja o meu estado. Vivo só dentro dessa lagoa enquanto tantos outros animais passam por aqui, alegres, saltitantes e correm para longe. Eu queria tanto ser diferente.
RELÓGIO: - Calma, meu amigo tenha esperança, isso é uma questão de tempo.
GIRALDO: - Tempo, tempo, você não sabe falar em outra coisa, não é?
RELÓGIO: - Sei sim, sei falar de fé na vida que se transforma.
GIRALDO: - Gente [olhando para plateia], esse daí de tanto contar os dias e as noites está meio lelé da cuca. Quanta complicação!
RELÓGIO: - Giraldo eu só estou querendo dizer que você é um girino.
GIRALDO: - Por isso meu nome é Giraldo. Giraldo - girino. Faz sentido.
RELÓGIO: - Sim e é a sua primeira fase na sua vida que está em constante transformação. Agora você vive na água, mas daqui há um tempo... tcham tcham tcham...
[Entra em cena um carneiro berrando. O relógio fica estátua.]
CARNEIRO: - Ora, ora, ora, veja só quem está aí! Vou beber minha água rapidinho senão pode até me dar indigestão ficar olhando para esse ser tão feioso [bebe e sai de cena.]
GIRALDO: - Eu não disse que sou uma aberração da natureza?
RELÓGIO: - Que aberração, que nada. O desenvolvimento dos anfíbios se dá através da metamorfose.
GIRALDO: - Mas você gosta de falar difícil, né. Não entendi nada.
RELÓGIO: - Metamorfose é um processo de mudanças pelo qual você passa desde o nascimento até chegar ao estágio adulto.
GIRALDO: - Mas eu quero sair da água [chorando escandalosamente], eu quero, eu quero. Esse dia não chega nunca.
RELÓGIO: - Tenha fé e acredite Giraldo, esse dia logo chegará.
GIRALDO: - Acredite, acredite. E se não acontecer? E se meu destino for ficar enterrado aqui dentro dessa água e ainda por cima ser tão feioso assim para o resto dos meus dias? como vou coaxar na beira da lagoa para arrumar uma namorada? Ninguém me ama, ninguém me quer...
RELÓGIO: - Calma, meu amigo, calma.
GIRALDO: - Calma, calma. Cansei desse blá, blá, blá todo.
BORBOLETA [entra em cena]: - Oi Sr. Tempo, que bom encontrá-lo.
RELÓGIO: - Nossa, como você está crescida. Que linda!
BORBOLETA: - Obrigada por ter me ajudado no verão passado. O sr. tinha razão, é preciso acreditar em vida nova. Oi, Giraldo, tudo bem?
GIRALDO: - Oi. Você me conhece?
BORBOLETA: - Lógico que conheço. O Sr. Tempo falou muito de você para mim.
GIRALDO: - Falou é? Falou o quê? Coisa boa ou ruim?
BORBOLETA: - Quando eu estava dentro do casulo, eu reclamava o dia todo e aí ele disse: - Você parece o Giraldo, o girino que mora lá na lagoa. Ele também reclama o tempo todo.
GIRALDO: - Você estava dentro de um casulo?
BORBOLETA: - Sim, eu era uma lagarta feiosa, gosmenta...
GIRALDO: - Feiosa? Mas você é linda!
BORBOLETA: - Agora, meu caro, agora. Antes, você nem imagina que coisa horrorosa. Mas vou andando porque tenho muitos campos floridos para visitar. Tchau, Giraldo, Tchau, Sr. Tempo.
GIRALDO e RELÓGIO: - Tchau!
RELÓGIO: - Viu só?
GIRALDO: - Então é possível mesmo. Eu vou me transformar, vou me transformar. Vou dormir rapidinho para o tempo passar logo e esse dia glorioso chegar [boceja.] Boa noite, amiguinhos!
RELÓGIO [sai de cena girando]: - Tic tac, tic tac. Passa o tempo. Dia e noite. Noite e Dia. Tic Tac.
[Música – Giraldo sai da pedra. olha para o seu corpo e vê sua imagem na água.]
GIRALDO [alegre]: - Uau, veja Sr. Tempo. Eu agora sou um sapo. Vou poder sair por aí pulando e coaxando... Sr. Tempo. Poxa vida onde será que ele se meteu?
RELÓGIO [entra em cena]: - Tic, tac, calma Giraldo. Opa aconteceu a sua transformação. Você viu só? Foi preciso morrer como girino para ressurgir como sapo. De agora em diante você se chamará: Sapolino.
SAPINHA 1: - Sapolino, que nome bonito!
SAPINHA 2: - Você não quer brincar conosco?
GIRALDO: - É pra já, vamos nessa! [os três sapos saem de cena saltitando.]
RELÓGIO: - Ei, não me deixem aqui passando o tempo sozinho!
Esperem por mim...
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