Viva!A cigarra escolheu a vida!
- pelegrincecilia
- 14 de jul. de 2020
- 7 min de leitura
Atualizado: 14 de out. de 2020
Campanha da Fraternidade de 2008 – Fraternidade e defesa da vida.
Autora: Cecília e Rafaella Pellegrini,
inspiradas no conto popular da Cigarra e a Formiga.
Formiguelina, uma linda formiguinha, e sua mãe Formiguilda saíram do formigueiro para mais um longo dia de trabalho, em busca de alimento.
Ao contrário, bem perto do formigueiro, vivia a dona Cigarra Rita, que passava o tempo todo tocando o seu violão, cantando, fumando e consumindo bebida alcoólica.
Ao final do dia, mãe e filha retornam carregando pesadas folhas nas costas. A Cigarra observa as duas, cai na gargalhada e continua em suas ações de prazer.
A filha pergunta: - Mamãe, a dona cigarra não precisa trabalhar como nós?
A mãe responde: - Lógico que precisa filhinha, o inverno já está chegando e ela também precisará de alimentos para enfrentar as baixas temperaturas.
A Cigarra fala brava: - Vocês estão falando de mim, é?
Muito simpática a mãe explica: - Oi dona cigarra, a Formiguelina está curiosa por vê-la há tantos dias assim...
Irritadíssima, a Cigarra esbraveja: - Assim, assim, como?
Meio sem jeito a formiga mãe fala: - Assim, tão... tão... tranquila.
Mas a formiga filha corrige: - Tranquila não, mamãe, eu acho a dona Cigarra preguiçosa mesmo.
Aos berros, a dona Cigarra diz: - Formiguelina, quero dizer, Pirralhelina, porque você é uma pirralha muito intrometida. Fique sabendo que eu adoro cantar. Nesse exato momento a Gigarra Rita começou a cantar desafinado e, gesticulando, foi pra cima da formiguinha: Atirei o pau na formiga, e a formiga já morreu. Dona lagartixa admirou-se do berro que a formiga deu!
A Formiguelina começou a chorar e correu para os braços de sua mãe: - Mãeeeeeeeeeeee.
A cigarra riu muito e falou: - Viu o que dá mexer comigo?
A mãe nem bem iniciou sua fala e foi interrompida: - Mas, dona Cigarra Rita.
- Chame-me de Cigarrita que é o meu apelido. Ordenou a Cigarra.
E a mãe continuou: - Cigarrita, cantando assim, nem parece que você valoriza e respeita a vida que recebemos da Mãe Natureza. A vida é o bem mais precioso que temos.
Mostrando uma garrafa de bebida alcóolica a Cigarra completou: - Depois do cigarro e do álcool queridinha.
As duas formigas falaram indignadas: - O quê?
Fazendo-se de desentendida, a Cigarra respondeu: - O quê, o quê? Vai dizer que vocês não acham mais gostoso fumar e beber do que trabalhar?
- Lógico que não! Mãe e filha responderam com convicção.
A mãe completou: - Esses prazeres momentâneos só estragam o nosso corpo e causam dependência.
Desdenhando, a Cigarra respondeu: - Nossa, como você é careta, antiquada. Estamos no século XXI, fofinha.
Carregando uma folha, chega a Formiqueti, cunhada da Formiguilda. Ao vê-la conversando com a Cigarra pediu: - Formiguilda, venha cá. Você está conversando com essa Cigarra? Você soube o que ela fez?
A cunhada respondeu: - Formiqueti, eu sei o que ela não faz, que é trabalhar.
Formiqueti explicou: - Pois fique sabendo que ela aconselhou a leoa Leonilda a tirar o filhotinho que ela está esperando.
Admirada a formiga mãe exclama: - Não diga!
A Cigarrita retruca: - Mas vocês nem sabem falar dos outros, em tom de voz baixo, não é? Eu ouvi tudo!
Formiqueti confirma: - O que eu contei foi a pura verdade.
A Formiguilda quer saber: - É verdade Cigarrita que você aconselhou a Leoa Leonilda a tirar o filhote que ela está esperando?
Sem entender Formiguelina pergunta: - Como assim mamãe, tirar?
A tia explica: - É abortar o filhotinho, o mesmo que matar.
Ao imaginar a cena de um bebê sendo morto, a filha dá um grito de desespero: - Coitadinho do filhotinho!
Mesmo vendo o sofrimento que aquelas revelações causaram na formiguinha, a Cigarra continua: - Tá esperando o filhote e não o quer, tem mais é que abortar mesmo.
As formigas exclamam com horror: - Oh!
Formiqueti tenta conscientizar: - Mas nós não temos o direito de tirar a vida dada pela nossa Mãe Natureza. Sabe de uma coisa, vou continuar o meu trabalho porque essa daí não tem jeito. Ela está longe de entender o que é preservar a vida.
Cigarrita retruca: - Vai, vai trabalhar sua mexeriqueira. Ninguém te chamou na conversa mesmo, intrometida de uma figa.
A sobrinha informa: - Titia Formiqueti, eu vou com você porque eu estou com medo.
A tia responde: - Vamos, meu amorzinho, não dê ouvidos a essa Cigarrita.
As duas formigas entraram no formigueiro.
Formiguilda tenta conscientizar a Rita: - Está vendo só Cigarra, o que acontece com quem escolhe os caminhos que conduzem à morte?
Mas ela desdenha o tempo todo: - Nossa, Formiguilda! Como você é trágica! Precisa falar assim: caminho da morte? Só porque eu sei resolver as coisas facilmente? Veja só como a vida é fácil: tá precisando de alguma coisa? Pra quê trabalhar? Basta roubar. O seu pai, sua sogra, sua mãe, estão velhos ou doentes? É só dar matox. Eles estrebucham rapidinho.
A formiga mãe fica estarrecida e a cigarra continua: - Tá de mau humor, desolado, basta beber, fumar um baseado até esquecer. Tudo assim, fácil, rápido...
- Mas isso tudo é a cultura da morte! Formiguilda concluiu!
Mas a Rita não deu bola: - Lá vem você com essa história de cultura da morte.
Formiguilda não desistiu de ensiná-la: - É isso mesmo, é a cultura sem a Mãe Natureza. Sem o bem, a paz, a união e a partilha que Ela nos ensinou.
De repente, começou uma forte rajada de vento. As duas começaram a sentir muito frio.
A formiga se despediu e depois entrou em seu formigueiro: - Nossa, que frio! Até mais Cigarrita, preciso ir porque o inverno será rigoroso.
A cigarra tentou se proteger do frio. Percebeu que não tinha nada para comer, ao procurar comida na sua sacola e só encontrou cigarros e coisas fúteis, como espelho, pente, bebida alcoólica, etc.
A formiga filhinha saiu do formigueiro, com uma roupa de inverno bem quentinha e, ao ver a paisagem diferente declamou: - O inverno chegou e tudo mudou. A comida é escassa e o frio uma ameaça. A natureza se revoltou e o mundo se transformou. Enchentes, nevascas, uma série de desgraças.
A cigarra começou a bater os dentes, exageradamente, de tanto frio.
A Formiguelina, ao vê-la exclamou: - Nossa, dona Cigarrita! O que a senhora está fazendo aqui fora nesse frio? Assim ficará congelada!
Rita explicou: - Eu não tenho para onde ir, passei o ano todo cantando e agora não tenho alimentos, nem abrigo.
- Aguente firme dona Cigarrita, vou chamar a minha mãe e vamos ajudá-la.
E assim a formiguinha entrou correndo no formigueiro.
A Cigarra ficou comovida com as palavras que ouviu: - Nossa, depois de tudo o que eu falei para aquela formiguinha e ela ainda vai me ajudar...
Ao entrar no formigueiro, Formiguelina encontrou a sua mãe tomando chá com a sua tia.
Ela correu para os braços da mãe gritando: - Mamãe, mamãeeeeeee...
- O que foi filhinha? Você está gelada, você foi lá fora, né? Não lhe expliquei que lá fora está muito frio e que você pode até morrer congelada?
A filha explica: - Falou mamãe, só que estava tão branquinho, que tive que anunciar a chegada do inverno para todos os bichinhos...
A tia diz: - Essas crianças... Sempre inventando moda...
E a filha continua: - Mamãe, a senhora tem de vir depressa comigo, temos que ajudar a dona Cigarrita, ela está com muito frio e fome, e não tem onde ficar. Ela vai acabar morrendo mamãe!
Formiqueti intervém: - Pois é beeeem feito, ninguém mandou ela ficar cantando o ano todo em vez de juntar comida e procurar abrigo. Ela até que merece morrer de frio e fome.
Formiguilda retruca: - O que é isso, querida cunhada? Como pode falar assim? Temos que ir lá fora ajudá-la.
Mas a tia falou decidida: - Pois eu não irei. Eu avisei para aquela cigarra que ela devia trabalhar, ela está tendo o que merece! Eu não quero repartir nada com ela.
Mãe e filha afirmam: - Você está sendo egoísta!
Formiguilda explica: - O egoísmo desfigura a obra da Mãe Natureza causando morte e destruição.
Nesse momento a sobrinha relembrou alguns fatos: - Ai titia, a senhora se esqueceu daquela vez em que você e o titio foram passear de férias e deixaram o Formiguito para a mamãe cuidar? Minha mãe desmarcou todos os planos só para lhe fazer esse favor, sabia? Teve também aquela outra vez que acabou a comida na sua casa e nós repartimos toda a nossa comida.
A tia caiu em si e disse: - É... lembro... Vocês sempre me ajudaram quando eu precisei...
A mãe continuou: - Pois é, Formiqueti. Chegou a hora de você ajudar também aqueles que precisam, sem condená-los, mas mostrando-lhes o caminho do bem, para que eles possam se arrepender do mal que já fizeram.
- Pois então vamos logo salvar a dona Cigarrita! Gritou a cunhada, muito animada!
As três formigas foram até a Cigarrita levando ajuda.
A formiguinha foi a primeira a falar: - Dona Cigarrita, dona Cigarrita... Viemos lhe ajudar!
As formigas cobriram a cigarra com um cobertor e lhe deram comida.
Rita agradeceu: - Muito obrigada, formigas. Estou tão envergonhada de todo o mal que fiz aos outros e a mim mesma. Queria tanto poder voltar atrás e consertar tudo isso!
A mãe explicou: - Voltar no tempo não é possível, mas o primeiro passo para consertar o mal já feito é refletir e se arrepender.
E a tia continuou: - E permanecer no caminho do bem, valorizando tudo o que a Mãe Natureza nos deu!
Muito decidida, a Rita falou: - Pois é isso que vou fazer de agora em diante! Vocês me ensinaram que o amor é mais forte que a morte.
A Formiqueti foi até as suas parentes formigas e falou: - Minhas queridas, hoje vocês também me ensinaram a olhar para o outro, a cultivar o afeto e a solidariedade.
Muito comovida, a Cigarra concluiu: - Entendi a lição: é preciso sempre escolher os caminhos que conduzem à vida. “É o amor que dá a vida” (Bento XVI)
As três formigas ficaram radiantes e exclamaram: - Viva! A Cigarra escolheu a vida!
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