Última chance
- pelegrincecilia
- 14 de out. de 2020
- 4 min de leitura
Lc 13,1-9
Autora: Cecília Pellegrini
Cenário: Um painel no centro do palco, com figuras de árvores frutíferas, desenhos e duas árvores representadas por atores: 1 macieira repleta de maçãs e 1 figueira sem figos.
Personagens: Macieira, Figueira, 1 Menina, Patrão, Funcionário Fernando e 1 Fadinha (uma criança).
MACIEIRA [alegre]: - Bom dia, Figueira!
FIGUEIRA [emburrada]: - Um mau dia pra você também.
MACIEIRA: - Ei, ei, quanta frieza. Estamos no tempo de refletir e se arrepender.
FIGUEIRA: - Pois sim, se arrepender... Arrepender do que? Tá louca sua Macieira fofoqueira. Escuta, vem vindo alguém e é uma criança. É agora mesmo que irei aprontar.
MENINA [entra em cena]: - Uau, uma macieira carregadinha! [a menina vai caminhando e a figueira coloca o pé (raiz) na frente e a menina cai].
MENINA [chorando]: - Ai que dor, acho que torci meu pé. Também pudera, nem vi essa raiz enorme! Vou voltar pra casa. Ai que dor [sai de cena mancando].
FIGUEIRA [rindo]: - Bem feito! Bem feito! Eu adoro aprontar com as crianças!
MACIEIRA: - Coitadinha da Menina. Ela só queria pegar umas maçãs. Você não deveria fazer tantas maldades.
FIGUEIRA: - Fica na tua. Eu cuido da minha vida.
MACIEIRA: - A Mãe Natureza deve estar muito triste com você. Ela nos dá a vida e quer que cuidemos bem de tudo e de todos.
FIGUEIRA [brava]: - Pare de falar e me deixe em paz. Essa sua conversa chata atraiu o Dono do pomar. Já posso sentir o cheiro daquele homem daqui.
PATRÃO [entra em cena]: - Vejam só que Macieira carregadinha! Bela e boa árvore, sua produção me renderá um excelente dinheiro. [olha para o painel que estará no centro do cenário]: - Vocês também quantas frutas deliciosas e lucrativas. Ficarei rico com essa colheita. [vê a Figueira]: - O quê? Nenhum figo? Você, Figueira ao contrário das outras fruteiras só me dá prejuízo, há três anos não dá um figo sequer. Sua preguiçosa. Ah, mas vou resolver isso agora mesmo [sai de cena bravo, pisando duro.]
FIGUEIRA [fala após o PATRÃO sair de cena]: - Não dou figo mesmo. O figo é meu e não dou pra ninguém.
MACIEIRA: - Amiga Figueira, mas o que é isso? Pense bem...
FIGUEIRA [brava]: - Se eu fosse um lenhador fazia picadinho de você. Fecha essa matraca.
FADINHA [entra em cena].
MACIEIRA: - Fadinha! A Mãe Natureza só te manda quando é coisa séria. Aconteceu alguma coisa?
FIGUEIRA: - Se não aconteceu, pode se mandar porque estou sentindo cheiro de chuva e suas asas vão molhar e você não vai poder voar.
FADINHA: - Eu trouxe esse recado pra você [entrega um bilhete em formato de folha de árvore.]
MACIEIRA: - Amiga Figueira, uau... Você recebendo um recado direto da nossa Mãe Natureza!
FIGUEIRA: - Sou a filha preferida da Mãe Natureza. Morra de inveja, sua Macieira invejosa... [Começa a ler]: - Querida filha Figueira, eu estou sempre ao lado dos meus filhos e confio em cada um deles. Sei que farão apenas o bem e ajudarão a todos. Eu confio em você, minha filha.
MACIEIRA: - Que lindo, nossa Mãe nos ama tanto!
FIGUEIRA: - Ei, ei sua intrometida. O bilhete foi pra mim. Fica na tua... [Faz som com o nariz ]: - Sinto cheiro de gente.
MACIEIRA: - Se esconda Fadinha. [ A Fadinha se esconde atrás do painel do cenário].
[O Patrão entra com seu Funcionário. Eles trazem um machado]: - Venha Fernando, venha ver que decepção para a natureza, uma Figueira seca, sem frutos.
FUNCIONÁRIO: - Sim, sim estou vendo.
PATRÃO: - Há 3 anos venho procurando figos e não encontro, corte essa árvore! [faz gesto de corte, com o machado]. Ela só está inutilizando a terra. Vamos plantar uma fruteira que mereça as coisas boas que a Mãe Natureza dá.
FUNCIONÁRIO: - Senhor, deixa a Figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto.
PATRÃO: - Mas veja bem, se depois de todo esse cuidado, mesmo assim ela não der frutos você a cortará.
FUNCIONÁRIO: - Claro, claro, se mesmo assim ela não der figos, Aí então eu cortarei.
PATRÃO: - Vou confiar e esperar mais 1 ano [o patrão sai de cena.]
FUNCIONÁRIO [falando com a Figueira]: - Vou fazer tudo o que eu puder para salvá-la, mas faça a sua parte também. Vou buscar o adubo e a pá [sai de cena e a Fadinha sai do esconderijo.]
FIGUEIRA [nervosa e chorando]: - Vocês viram, escapei por pouco! Que machadão, que machadão !
MACIEIRA: - Calma! É preciso ter paciência.
FIGUEIRA [chorando]: - O que eu faço?
MACIEIRA: - Basta você mudar, passar a cumprir sua missão, que é dar frutos.
FIGUEIRA: - Sim, sim, está na hora de mudar, agora entendo o que você sempre me falou.
FADINHA: - Preciso ir.
FIGUEIRA: - Fadinha, leve a resposta para a minha Mãe. [Conforme a figueira fala a Fadinha finge escrever na folha] - Querida Mãezinha, só fiz coisas erradas até agora, mas daqui pra frente irei agir com responsabilidade. Eu prometo. Beijos, sua filha Figueira.
FADINHA: - Nós confiamos em você.Tchau [sai de cena.]
MACIEIRA: - Parabéns Figueira, você realmente se converteu de malvadinha para boazinha.
FIGUEIRA: - E sabe que já me sinto melhor!
MACIEIRA: - Aproveite essa chance que o dono do pomar está lhe dando.
FIGUEIRA: - Uma última chance me deram
Vou melhorar e frutificar
Os figos irão aparecer
E uma longa vida vou ter
MACIEIRA e FIGUEIRA: - Tchau pessoal!
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