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Última chance

Lc 13,1-9

Autora: Cecília Pellegrini


Era uma vez um lindo pomar. A Macieira acordou alegre e cumprimentou sua vizinha: - Bom dia figueira!

A figueira respondeu emburrada: - Um mau dia pra você também.

A macieira pontuou: - Ei, ei, quanta frieza. Estamos no tempo de refletir e se arrepender.

Mas a figueira desdenhou: - Pois sim se arrepender... Arrepender do que? Tá louca sua macieira fofoqueira. Escuta, vem vindo alguém e é uma criança. É agora mesmo que irei aprontar.

Uma menininha entrou no pomar: - Uau, uma macieira carregadinha!

Ela foi caminhando em direção da macieira quando a figueira colocou sua raiz na frente e a menina caiu.

Chorando a menina gritou: - Ai que dor, acho que torci meu pé. Também pudera nem vi essa raiz enorme! Vou voltar pra casa. Ai que dor, ai que dor! E a pobre criança foi embora mancando.

A figueira riu muito: - Bem feito! Bem feito! Eu adoro aprontar com as crianças! 

A macieira alertou: - Coitadinha da menina. Ela só queria pegar umas maçãs. Você não deveria fazer tantas maldades.

Mas a figueira não deu ouvidos: - Fica na tua. Eu cuido da minha vida.

A amiga macieira não desistiu de ensinar: - A mãe Natureza deve estar muito triste com você. Ela nos dá a vida e quer que cuidemos bem de tudo e de todos.

A figueira muito brava gritou: - Pare de falar e me deixe em paz. Essa sua conversa chata atraiu o dono do pomar. Já posso sentir o cheiro daquele homem daqui.

O patrão chegou e falou: - Vejam só que macieira carregadinha! Bela e boa árvore, sua produção me renderá um excelente dinheiro.

Depois analisou as outras árvores cheias de frutos: - Vocês também quantas frutas deliciosas e lucrativas. Ficarei rico com essa colheita.

Logo em seguida se deparou com a figueira: - O que? Nenhum figo? Você, figueira, ao contrário das outras fruteiras, só me dá prejuízo, há três anos não dá um figo se quer. Sua preguiçosa. Ah, mas vou resolver isso agora mesmo. E foi embora bravo, pisando duro.

Assim que o homem saiu a figueira falou: - Não dou figo mesmo. O figo é meu e não dou pra ninguém.

A Macieira tentou ajudar: - Amiga Figueira, mas o que é isso? Pense bem...

Muito embravecida a Figueira reclamou: - Se eu fosse um lenhador fazia picadinho de você. Fecha essa matraca.

Nesse exato momento uma fadinha chegou e a macieira falou: - Fadinha! A Mãe Natureza só te manda quando é coisa séria. Aconteceu alguma coisa?

A figueira foi logo avisando: - Se não aconteceu pode se mandar porque estou sentindo cheiro de chuva e suas asas vão molhar e você não vai poder voar.

Calmamente a fadinha explicou: - Eu trouxe esse recado pra você. 

E entregou um bilhete em formato de folha de árvore para a figueira.

A alegre macieira exclamou: - Amiga Figueira, uau... Você recebendo um recado direto da nossa mãe Natureza!

A figueira convencida falou: - Sou a filha preferida da mãe natureza. Morra de inveja, sua macieira invejosa...

Em seguida pegou a folha e começou a ler o bilhete: - Querida filha Figueira, eu estou sempre ao lado dos meus filhos e confio em cada um deles. Sei que farão apenas o bem e ajudarão a todos. Eu confio em você, minha filha.

- Que lindo, nossa mãe nos ama tanto! Exclamou a amiga macieira.

Mas a figueira avisou: - Ei, ei sua intrometida. O bilhete foi pra mim. Fica na tua...

Depois ela inspirou fazendo um som forte com o nariz: - Sinto cheiro de gente!

A macieira pediu: - Se esconda fadinha.

A fadinha se escondeu atrás de um arbusto e só ficou observando.

O patrão entrou com um de seus funcionários, que trazia um enorme machado na mão: - Venha Fernando, venha ver que decepção para a natureza, uma figueira seca, sem frutos.

O funcionário Fernando concordou: - Sim, sim patrão, estou vendo.

O dono do pomar explicou: - Há três anos venho procurando figos e não encontro corte essa árvore! Ela só está inutilizando a terra. Vamos plantar uma fruteira que mereça as coisas boas que a mãe natureza dá.

O funcionário então pediu: - Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto.

O patrão pensou bastante e depois disse: - Mas veja bem, se depois de todo esse cuidado mesmo assim ela não der frutos você a cortará.

Fernando concordou: - Claro, claro, se mesmo assim ela não der figos, Ai então eu cortarei.

- Vou confiar e esperar mais um ano. Disse o patrão e depois foi embora.

Fernando falou para a figueira: - Vou fazer tudo o que eu puder para salva-la, mas faça a sua parte também. Vou buscar o adubo e a pá.

E lá se foi o funcionário buscar as coisas necessárias.

Vendo que ele já tinha ido embora, a fadinha saiu do esconderijo.

Muito nervosa e chorando a figueira falou: - Vocês viram, escapei por pouco! Que machadão, que machadão!

- Calma! É preciso ter paciência. Falou a macieira tentando acalmar a amiga.

Ainda chorando muito, a figueira perguntou: - O que eu faço?

A amiga ensinou: - Basta você mudar, passar a cumprir sua missão, que é dar frutos.

Bem reflexiva a figueira afirmou: - Sim, sim, está na hora de mudar, agora entendo o que você sempre me falou.

A fadinha comunicou: - Preciso ir.

Então a fadinha lhe fez um pedido: - Fadinha, leve a resposta para a minha mãe.

E conforme a figueira foi ditando a fadinha foi escrevendo na folha - Querida mãezinha, só fiz coisas erradas até agora, mas daqui pra frente irei agir com responsabilidade. Eu prometo. Beijos, sua filha Figueira.

Ao terminar a fadinha se despediu e foi embora: - Nós confiamos em você. Tchau.

A macieira disse feliz: - Parabéns Figueira, você realmente se converteu de malvadinha para boazinha.

A Figueira revelou: - E sabe que já me sinto melhor!

A Macieira pediu: - Aproveite essa chance que o dono do pomar está lhe dando.

Com muita convicção a figueira falou: - Uma última chance me deram

Vou melhorar e frutificar

Os figos irão aparecer

E uma longa vida vou ter

E teve mesmo. Por dezenas de anos a figueira frutificou e todos ficaram muito felizes.

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